sábado, 9 de agosto de 2014

A FOICE O MARTELO E A CRUZ



A FOICE O MARTELO E A CRUZ
Talvez a tragédia de 64 tenha sido mesmo uma desgraça histórica da qual não poderíamos  ter escapado.  Desde os anos 40 até o  começo dos 60,  formou-se no Brasil uma direita  cuja característica maior era a ojeriza a tudo o que significasse mudança.  A Igreja excomungava os divorcistas, os empresários não se conformavam com a legislação social e o salário mínimo, os latifundiários enxergavam-se como senhores feudais não conformados ainda com o fim da escravatura. Em tudo via-se  o dedo solerte da infiltração comunista. E quem falasse em  algo parecido com justiça social era logo  visto como agente de Moscou.
Do outro lado, a esquerda, fortemente influenciada pelo  marxismo, acreditava-se com o privilégio de possuir a correta visão da evolução histórica, que marchava inexoravelmente para a superação do capitalismo e o triunfo do socialismo e seu estágio mais avançado que seria o comunismo. Chegou-se a idolatrar Stalin  o  ¨Guia genial dos povos ¨. Depois, descobriu-se que Stalin e Hitler tinham a mesma feição totalitária. A  desestalinização fez surgir uma esquerda que rejeitava a tese da ditadura do proletariado ou a classificação das religiões como o ópio do povo, e começaram a surgir os  companheiros de viagem, que seriam  principalmente os católicos com tendências reformistas. Mas era uma aliança frágil,  porque  de lado a lado sobravam discrepâncias e  escasseavam identidades.
O debate ideológico tornava-se cada vez mais intenso, acirrado, e  a radicalização  chegou ao  desaguadouro  inevitável  da ruptura das instituições.
Por aquele tempo, em Sergipe, um jovem  padre era visto nas ruas pedalando uma bicicleta, ia para a igreja, a faculdade, era um dínamo de criatividade, trabalho e amplitude cultural. Ele resolveu formar um grupo de jovens, universitários, religiosos todos,  movidos por um sentimento que lhes inspirava o Cristo quando disse em tempos de ¨Olho por olho dente por dente ¨ a frase que atravessou milênios: ¨Amai ao próximo como a ti mesmo¨.  Assim, todos acreditavam que era possível mudar o mundo sem o estampido dos fuzis,  muito mais pelo exemplo, o diálogo, no caso deles também pela  evangelização.
Surgia a Juventude Universitária  Católica, a JUC.
A generosa idéia socialista, que deve ser inseparável do conceito amplo de liberdade, não  foi sepultada  com o desmoronar do Muro de Berlim. Até porque socialismo não constrói muros para dividir pessoas. A idéia persiste na tentativa de criar um mundo que não este,  auto-destruidor. Os que fizeram a JUC, distantes das radicalizações, uma espécie de contraponto à insensatez da trilha rumo à  violência, todos eles, contribuíram para uma sociedade mais fraterna, menos injusta.  Sobre  a trajetória da JUC em Sergipe, sobre a obra  do seu idealizador, o Padre Luciano,  juntaram-se  jucistas, Carmen Machado Costa, Clara Leite de Rezende, Geraldo de Oliveira,  Jose Alexandre Felizola Diniz, Jose Carlos de Oliveira, Salvador   de  Oliveira Ávila e Welington  Santana. Juntaram-se , e fizeram uma história bonita, exemplar, que intitularam: Memórias de uma Fraternidade Cristã – A JUC e o Padre Luciano Duarte, livro que a Editora de Sergipe acaba de publicar e foi lançado no último dia 7. Livro que nos próximos domingos iremos comentar.

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