O MINISTÉRIO PÚBLICO E O
NARIZ SENSÍVEL DO BURGUÊS
Seu Antônio é um lutador pela
sobrevivência. Vendia queijo pela cidade. Conseguiu comprar uma camionete,
continuou vendendo seus queijos, e nas sextas,das 5 da tarde às 10 da noite
instalava-se ao lado da praça Luciano Barreto Junior e vendia churrasquinhos.
Colocava cadeiras e mesas em volta, um procedimento adotado em todas as cidades
civilizadas do mundo, desde Nova Iorquepassando por Paris, Barcelona, Praga,
até Cabul no incivilizado Afeganistão. O local começou a ser frequentado pelas
pessoas da área, uma das classificadas como mais nobres da cidade, onde vivem
pessoas da alta classe média ou ricas. As famílias, mães e pais com seus filhos,foram
se tornando fregueses do churrasquinho do seu Antônio. No local não se vendia
bebida alcoolica. Às 22 horas seu Antônio arrumava tudo, limpava, deixava o seu
local na praça cuidadosamente asseado. Do outro lado da rua ha um burguês,
certamente intolerante e incivilizado, entendendo, egoisticamente, queespaços
públicos devem servir a interesses individuais. Considerou-se afetado pela
fumaça do churrasquinho, com as suas narinas sensíveis se irritando com o
cheiro da carne assada. Coisa improvável,o prédio onde vive o burguês egoísta
fica do outro lado da rua, e o vento sopra levando a fumaça e o cheiro alegados, na
direção oposta. O burguês exclusivista tentou fazer um abaixo –assinado com os
condôminos do prédio onde mora. Não conseguindoteria procurado o Ministério
Público, e um Promotor determinara que a
Prefeitura encerrasse as atividades do
microempresário.
Como resultado dessa forma
elitista, insensível, arrogante, antidemocrática de se tratar o povo, o povo
trabalhador,proliferam os traficantes, os bandidos, e as ruas estão se tornando
campos de batalha. Antes de cometer essa ignominia, se é que realmente a
cometeu, o representante do Ministério Público deveria ter avaliado que é
também com os impostosdas pessoas como
Seu Antônio, que o seu salário é pago, exatamente para que ele seja servidor público,
servidor do povo, e não seu algoz.
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