A MACONDO DE GARCIA MARQUEZ
Macondo,terra natal do general
Aureliano Buendia, fictícia cidade situada em algum ponto nos confins da imensa
América Latina, certamente rodeada pelas selvas colombianas, foi criada pela
imaginação vigorosa de Gabriel Garcia Marquez para que nela desfilasse o drama
de um Continente. Chovia,torrencial e alongadamente em Macondo. Havia uma umidade pegajosa ,
raízes das árvores enormes rompiam calçadas, atravessavam paredes, e desde
tempos imemoriais aconteciam revoluções.
Os generais se sucediam, também envelheciam na solidão do esquecimento.
Cem Anos de Solidão, O Outono do Patriarca, Ninguém Escreve ao Coronel, Crônica
de Uma Morte Anunciada, O General em Seu Labirinto, nesses livros, há quase
sempre Macondo, síntese mágica, o realismo fantástico, que Gabo foi encontrar
na própria realidade de dor, alegrias, sofrimentos, resistência, sensualidade,
ousadias da latinoamérica, espremida
entre a insensibilidade das suas elites aristocraticamente indiferentes e a
presença poderosa e intrometida do colossal
¨irmão¨ do norte.
E há também o escritor a
percorreroutros labirintos que não aqueles da Macondo por onde perpassa a História, e indo também
ao psicologismo da condição humana, do velho que sente desabar o vigor e
vive a madorra dos amores que o
tempo esmaece, e surge O Amor nos Tempos do Cólera, e o derradeiro,
Memoria das Minhas Putas Tristes. Há muito mais de Gabo: suas reportagens, seus relatos, seus
despachos de correspondente estrangeiro, suas analises políticas, e a sua própria vida de militante das causas
libertárias e populares.
Como foi significativa a
literatura deGabo nos tempos em que por aqui havia a mesma sensação de umidade
untuosa daquele clima de angustia
criado por generais tão desmemoriados como
Aureliano Buendia e o seu fantasmagórico
palácio de Macondo.
Gabo ganhou oNobel de Literatura,
esse premio se tornaria mais justo se também houvesse sido concedido a
outro notável contador de estórias, o nosso Jorge Amado.
Pode ser que agora a esnobe
Academia Sueca deixe de torcer o nariz para o Brasil, onde não conseguiu
enxergar tantos que teriam merecido o Nobel da Paz, o Nobel de Literatura, o
Nobel de Física, o Nobel de Medicina. Afinal,compramos aos suecos os caças
Grippen, e os bilhões de dólares poderão estimulá-los a enxergar o Brasil.
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