sábado, 5 de abril de 2014

A HISTORIA QUE LOURIVAL GUARDOU E ATÉ ESQUECEU



A HISTORIA  QUE LOURIVAL
GUARDOU E ATÉ ESQUECEU
Lourival Baptista foi um político extremamente loquaz. Tinha prazer imenso em conversar,  sabia  prender a atenção dos interlocutores narrando episódios  sempre  pitorescos da vida pública, dos quais ele fora participante, mas,  apesar do gosto pela palavra,  sabia como ninguém manter-se calado e introspectivo nos momentos em que falar poderia ser desnecessário ou inconveniente. Tinha também a rara qualidade de guardar segredos. Recebeu, no tumultuado episódio da sucessão do general-presidente Castelo Branco, a incumbência de ir a Paris convencer o  amigo Bilac Pinto, então embaixador na França, a tornar-se candidato civil à presidência, uma ilusão de  Castelo num processo que já  lhe fugira das mãos, e era decidido  nos quarteis.  Ninguém soube da viagem a não ser 3 meses  depois quando  o general Costa e Silva já estava escolhido, e com raiva de Lourival.
 Baptista era muito amigo de Lourival Fontes, sergipano  que foi poderosíssimo durante a ditadura do Estado Novo, depois , Chefe da Casa Civil no governo constitucional de Getúlio, (1952-1954) e foi também senador por Sergipe. Já perto da morte,  Fontes entregou a Lourival uma grande caixa de papelão lacrada, disse-lhe que ali estavam importantes documentos da República,  pediu-lhe que os guardasse, para abri-los somente quando transcorridos  50 anos.  Baptista guardou zelosamente a caixa de segredos  de Estado, nunca revelou a posse a ninguém. Passaram os 5O anos,  Lourival, doente, talvez se tenha esquecido da preciosidade que lhe fora confiada. Depois da sua morte, seus filhos, procurando organizar a enorme papelada, encontraram a caixa e tiveram a surpresa, manuseando mais de 700 bilhetes trocados entre o presidente Getulio Vargas e o seu Chefe da Casa Civil .  O médico Francisco Baptista,  filho mais velho de Lourival, levou os documentos à neta de Getulio,  a pesquisadora Celina Vargas do Amaral Peixoto. Os bilhetes foram por ela considerados documentos extremamente valiosos. Classificados, contextualizados,  agora devem se publicados em livro. A iniciativa será do Conselheiro Carlos Pinna,  presidente do Tribunal de Contas, que, com a edição, quer também abrir as comemorações pelo centenário de Lourival Baptista, no próximo ano, patrocinadas pelo Tribunal de Contas, criado por ele  quando governador. Carlos Pinna, enxergando o valor histórico dos documentos, foi expor o projeto ao governador Jackson Barreto. Jackson imediatamente apoiou a iniciativa, e garantiu a participação do estado. O professor Jorge Carvalho, presidente da SEGRASE e da editora do Diário Oficial,  teve uma primeira reunião com Carlos Pinna  para tratar do assunto. No final deste mês ou começo de maio , Celina, a neta de Getulio,   virá a Aracaju, e  com os filhos de Lourival  farão a entrega dos  documentos ao governador Jackson Barreto e ao Conselheiro Carlos Pinna.

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