sábado, 29 de março de 2014

FAZ CINQUENTA ANOS AMANHÃ OU NO DIA PRIMEIRO DE ABRIL?



FAZ CINQUENTA ANOS AMANHÃ
OU NO DIA PRIMEIRO DE ABRIL?
 Foi para uns a Revolução redentora e gloriosa de 31 de Março de 1964. Para outros, foi o golpe militar de primeiro de abril. Divergem ainda hoje, meio século depois, as versões de vencedores e derrotados. Na verdade não houve vencedores nem derrotados. Perderam todos. E seria bom que agora, passados 50 anos, os dois lados entendessem bem porque  ambos saíram perdendo.
 Mas não será possível ainda chegar a esse entendimento. Terá de ser obra para as próximas gerações, quando protagonistas de 64 não estiverem mais vivos, (já são aliás muito poucos) e seus descendentes não guardarem lembranças  dos sofrimentos dos antepassados, seja pelas marcas de perseguições  e violências, seja pelo inconformismo de não  terem sido reconhecidos como heróis e salvadores da pátria ,retirada das ¨garras do comunismo ¨.  E o comunismo nem mais existe. É peça de museu em Cuba, ou virtual enfeite para amenizar a face brutal de uma China que adotou a religião do lucro.
Perderam as ilusões  os que imaginavam poder construir um  mundo novo por meio da violência  das revoluções populares, mas isso só aconteceu depois , quando não restou pedra sobre pedra no demolido Muro de Berlim,  e Stalin deixara de ser  ¨o guia genial dos povos ¨ e  exposta a  face cruel que o assemelhava a Hitler.
Perderam a dignidade os que acharam que torturando e matando,  eliminavam os ¨traidores da pátria   agentes de um inimigo externo¨ e  levaram o aparato do  Estado para as masmorras,  misturando-o  com a escória de tipos como o delegado Sérgio Paranhos Fleury, e a essa escória tanto homenagearam, com medalhas que deveriam somente ornar o peito de heróis, como aqueles,  que foram  aos campos de batalha italianos.  Saíram supostamente vitoriosos, mas perderam, porque se desonraram, e continuam perdendo, porque publicamente não reconhecem o erro,  e teimam em não pedir desculpas à Nação.
5O anos depois ,  persistem essas questões, que somente serão definitivamente superadas,  quando de um lado for reconhecido que não existem ¨salvações¨ feitas à baioneta,  e do outro, que não ha  mundos novos e homens novos,  construídos a custa de rajadas dos fuzis Kalaschnikov.
Sem o culto firme e inarredável ao roteiro da democracia, que costuma ser tortuoso e as  vezes decepcionante, não há outros caminhos ou atalhos para que as sociedades humanas possam existir livres,  e com liberdade construírem as arquiteturas sociais que a elas melhor se adaptem.

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