FAZ CINQUENTA ANOS AMANHÃ
OU NO DIA PRIMEIRO DE ABRIL?
Foi para uns a Revolução redentora e gloriosa
de 31 de Março de 1964. Para outros, foi o golpe militar de primeiro de abril.
Divergem ainda hoje, meio século depois, as versões de vencedores e derrotados.
Na verdade não houve vencedores nem derrotados. Perderam todos. E seria bom que
agora, passados 50 anos, os dois lados entendessem bem porque ambos saíram perdendo.
Mas não será possível ainda chegar a esse
entendimento. Terá de ser obra para as próximas gerações, quando protagonistas
de 64 não estiverem mais vivos, (já são aliás muito poucos) e seus descendentes
não guardarem lembranças dos sofrimentos
dos antepassados, seja pelas marcas de perseguições e violências, seja pelo inconformismo de
não terem sido reconhecidos como heróis
e salvadores da pátria ,retirada das ¨garras do comunismo ¨. E o comunismo nem mais existe. É peça de
museu em Cuba, ou virtual enfeite para amenizar a face brutal de uma China que
adotou a religião do lucro.
Perderam as ilusões os que imaginavam poder construir um mundo novo por meio da violência das revoluções populares, mas isso só
aconteceu depois , quando não restou pedra sobre pedra no demolido Muro de
Berlim, e Stalin deixara de ser ¨o guia genial dos povos ¨ e exposta a face cruel que o assemelhava a Hitler.
Perderam a dignidade os que
acharam que torturando e matando,
eliminavam os ¨traidores da pátria
agentes de um inimigo externo¨ e levaram o aparato do Estado para as masmorras, misturando-o
com a escória de tipos como o delegado Sérgio Paranhos Fleury, e a essa
escória tanto homenagearam, com medalhas que deveriam somente ornar o peito de
heróis, como aqueles, que foram aos campos de batalha italianos. Saíram supostamente vitoriosos, mas perderam,
porque se desonraram, e continuam perdendo, porque publicamente não reconhecem
o erro, e teimam em não pedir desculpas
à Nação.
5O anos depois , persistem essas questões, que somente serão
definitivamente superadas, quando de um
lado for reconhecido que não existem ¨salvações¨ feitas à baioneta, e do outro, que não ha mundos novos e homens novos, construídos a custa de rajadas dos fuzis
Kalaschnikov.
Sem o culto firme e inarredável
ao roteiro da democracia, que costuma ser tortuoso e as vezes decepcionante, não há outros caminhos ou
atalhos para que as sociedades humanas possam existir livres, e com liberdade construírem as arquiteturas
sociais que a elas melhor se adaptem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário