sábado, 15 de março de 2014

DO FORNO DA INVERNADA AO ESTADO CAFETÃO



DO FORNO DA INVERNADA
AO ESTADO CAFETÃO
O Secretário da Segurança Pública,  delegado João Eloy, estava numa escola do bairro Santa Maria, onde,  lembrando a data em que Marcelo Déda faria 54 anos, surgia a Orquestra Jovem de Sergipe, que tem o apoio da Alma – Viva,  Energisa,  Sergás e Instituto Banese. Um Quinteto de Cordas integrado por músicos da Orquestra Sinfônica de Sergipe  abria a rápida apresentação com a suave Eine Kleine  Nacht  Musik,  de Mozart , quase uma doce melodia  de ninar, ou um hino de introdução ao paraiso,  seguido por Eleonor Rugby,  dos Beatles,  que trata de solidão, consequentemente da melancolia.  O Santa Maria, como se sabe, é a antiga turbulenta Terra Dura.  Ali,  prosperaram boas inciativas conjuntas, do governo do estado , da prefeitura de Aracaju e do  Ministério Público, entre elas a própria escola,  a escola de esportes, e foram instalados postos de saúde, delegacia , e muitos outros melhoramentos, e também surgiram industrias,  um forte comércio, gerando muitas oportunidades de emprego. A violência diminuiu sensivelmente naquele bairro, mas as cifras em todo o estado embora não estejam entre as mais elevadas do país, preocupam muito.  Sergipe, proporcionalmente, é o estado que mais tem investido em segurança. A polícia militar tornou-se uma tropa eficiente e bem equipada,  e o seu desempenho tem evoluído muito, desde que o coronel Iunes assumiu o comando da corporação. A polícia civil passa por um processo de modernização.   Os salários dos policiais melhoraram consideravelmente, mas, manter a segurança pública torna-se a cada dia uma tarefa  mais complexa, e se faz indispensável um plano nacional  que integre ações das policias, e também das forças armadas, principalmente no que se refere aos serviços de inteligência, além do diálogo sintonizado com o Ministério Público e o Poder Judiciário. O delegado João Eloi lembrava que desde que assumiu a SSP, mais de 22 mil pessoas foram presas, e  inquéritos remetidos à Justiça. Uma grande parte desses detidos foi liberada pela Justiça. O  Secretário João Eloi  ressaltava que, se todos fossem condenados e enviados aos presídios o sistema penitenciário estadual entraria em colapso. Só essa observação, serve para retratar a enormidade do problema que é a segurança pública. Uma pessoa que participava da conversa,  recordou que, há 50 anos ,  Aracaju tinha menos de 100 mil habitantes, e que, mesmo proporcionalmente, a violência era incomparavelmente menor do que hoje, e atribuía esse fato  a três coisas cuja existência, agora, seria absurdamente impensável: A Invernada, a Marambaia e o Esquadrão de Cavalaria.
A Invernada era um campo de concentração nos arredores de Aracaju.  Área cercada por arame farpado, onde existia um galpão.  Ali, eram colocados os ladrões e malandros reincidentes. Na chegada o prisioneiro era despido, tinha os cabelos raspados, e na cabeça passavam piche, depois, recebia um calção, a única vestimenta, comia duas vezes ao dia e  dormia em  esteiras no galpão coletivo.  Trabalhava de sol a sol  nas roças, onde eram cultivados milho, macaxeira e verduras.  Havia uma Casa de Farinha, e na chapa do forno quente os presos desobedientes eram colocados a saltar durante um tempo proporcional à gravidade da infração cometida.  
Já a Marambaia era uma escola de marinheiros linha duríssima, situada no Rio de Janeiro, para aonde eram mandados menores infratores com mais de 14 anos, que de lá saiam aos 18 anos ou mais,  habilitados para o trabalho marítimo, embarcados.
O Esquadrão de Cavalaria era uma tropa montada que saia toda noite patrulhando a cidade a partir das 23 horas. Quem fosse encontrado nas ruas sem ter carteira de trabalho, se estivesse praticando desordens, bêbado,  ou, simplesmente sendo suspeito, recebia um primeiro tratamento:   as vergastadas a fio de espada, em seguida, amarrados aos cavalos era conduzido, meio atropeladamente, à delegacia mais próxima. Estava em vigor a lei da vadiagem. Não comprovando  que era trabalhador,  quem estivesse à noite vagando  pelas ruas, corria o risco de encontrar-se com o esquadrão e ir direto para a cadeia.
Claro que todas essas ações são de um tempo em que não se ouvia falar sobre direitos humanos, em que só pobre  ou negro eram considerados  criminosos, e  quando   exclusivamente para os chamados ladrões de galinhas, a ralé dos pés-de – chinelo meliantes,  convergiam as ações repressivas do rudimentar aparato policial. Ninguém pensa em ressuscitar tais práticas, mas, quando a policia começa a ser enxotada das ruas, levando pancada e tiros de traficantes, ladrões e desordeiros em geral, parece ter chegado a hora para uma reflexão sobre a condescendência das nossas leis, que dão, até ao bandido mais perigoso, o privilégio das visitas íntimas, ou seja, o bandido quer derramar o esperma e,  para ele,  inventamos o Estado cafetão.

Um comentário:

  1. Empresários Sergipanos, cuidado com este "Empresário" Barão da saúde em SP Silvio Manoel Lapa Miglio de Sp que já está na Usina Campo lindo e pretende se infiltrar em SE. Mais informações no Blog e seus tópicos que segue o link a seguir.

    http://hsmarina.blogspot.it/

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