JACKSON E TRABALHO, MOTE DA CAMPANHA
Quando iniciou sua campanha
política em 1955, Juscelino Kubitscheck tinha definidas suas metas, a chave da
proposta de fazer o Brasil crescer 50 anos em 5. Em um comício numa cidadezinha
de Goiás ouviu de homem com jeito caipira, a pergunta surpreendente: ¨Dr,
Juscelino se o senhor for eleito presidente vai cumprir a Constituição
brasileira e construir , Brasília, a
nova capital ? Juscelino respondeu que sim, que iria cumprir a Constituição.
Ele nem sabia que existia essa desconhecida clausula na Carta Magna. Passou
então a analisar o assunto e decidiu transformar a construção de Brasília numa
meta, no carro chefe da campanha. A nova capital, símbolo de esperança, inicio
de um novo tempo, marco de modernização, motivo da deflagração da marcha para o
oeste, , ocupação das nossas imensas áreas despovoadas. JK era intuitivo e
avaliou bem o impacto. Vivia-se a segunda metade dos anos 50, que se tornariam
conhecidos depois como o tempo frenético de JK, os Anos Dourados. Neles nasceu
uma confiança, um entusiasmo, um sonho que veio a morrer com o golpe de 64. Temos vivido entre
euforias curtas e desesperanças alongadas. Agora, estamos diante de graves
desafios, enquanto o debate político se amesquinha, e sentimos a carência
preocupante de políticos com a inspiração de estadistas. A tarefa que se impõe
como mais urgente e indispensável será a retomada da confiança e o retorno do
otimismo. Parece impossível, mas a arte da política consiste em viabilizar o
impossível.
Jackson, que certamente será candidato a permanecer no
governo, levado a ele como foi, pela circunstancia trágica do desaparecimento
de Déda, concentrou-se na tarefa já
iniciada antes, quando apenas no
exercício do cargo, buscando assegurar a governabilidade e transmitir uma feição de eficiência e capacidade
gerencial. Conseguiu, e logo imprimiu o seu estilo, que em tempos como os que
vivemos, com insatisfações pipocando por todos os lados , se torna o mais adequado, para dar respostas
rápidas às demandas que se multiplicaram de forma tão surpreendente. Para que
isso se concretize é necessário um esforço incomum, uma maratona de duração
indefinida, que é também corrida de
obstáculos. E Jackson vem mantendo o ritmo e ultrapassado as barreiras
administrativas e políticas. Existe,
pairando tenebrosa, a nuvem cinzenta da
penúria, mas não se pode esmorecer, porque desanimo gera pessimismo, e esse
sentimento nefasto amplia a crise e causa desemprego. Por isso Jackson não para de
inaugurar obras que foram de Déda e das
quais ele participou, e inicia novas, faz projetos, pensa, sai em busca de
recursos. Semana passada Jackson estava
percorrendo a Orla do Bairro Industrial que está sendo ampliada, quando um
cidadão bem próximo falou, quase
gritando: ¨Jackson é trabalho.¨
Benedito Figueiredo, experiente, ex-deputado
federal, vice-governador duas vezes, que estava próximo, ouviu, anotou e
pensou:¨ Eis o mote da campanha.¨
O sentimento do povo aflora
assim, sempre espontâneo, seja nos anos
50, numa cidadezinha goiana, isolada do mundo, mas onde um homem simples lia a
Constituição e sonhava com o desenvolvimento, seja nesses anos primeiros de um
novo século, onde as turbulências que a História registra, surgem agora com a marca inovadora e até desconcertante da nova democracia
inaugurada pela internet, onde computador
celular e tablet, são bem mais
poderosos do que o voto na urna.
Diante disso, a rançosa política do conchavo, da chantagem,
das igrejinhas, dos interesses personalistas compartilhados , do coronelismo
que se mascara de novidade, tudo isso desaba diante da exigência de uma
novidade que não está em cabelos lustrosamente pretos, mas, no que existe
dentro da cabeça para compreender o que o povo deseja, e responder às suas
demandas com o esforço, ou mesmo a mística da devoção ao trabalho, que é
síntese da causa pública.
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