sábado, 22 de março de 2014

ARACAJU, O NORDESTE ONDE A ÁGUA ESTÁ GARANTIDA



ARACAJU, O NORDESTE ONDE
A  ÁGUA  ESTÁ    GARANTIDA
Não há uma só capital nordestina onde não estejam ocorrendo problemas no abastecimento de água. A seca, que já atravessa  4 anos,  reduziu os mananciais,   e algumas cidades estão submetidas a  rigoroso racionamento. O problema não é só nordestino, alcança também o sudeste rico, e São Paulo, maior cidade do país, corre  risco de enfrentar  pesado racionamento caso não venham as chuvas cada vez mais improváveis agora, quando o verão, tempo em que por lá chove,  já se foi, e estamos num imperceptível outono.  Quase em desespero o governador paulista Geraldo Alckmin vai a presidente Dilma para solicitar a liberação do uso das águas do rio Paraíba do Sul . Quer levá-las ao sistema Cantareira, um dos que abastecem a Grande São Paulo. O  Paraíba do Sul é rio federal,  porque atravessa mais de um estado, e aí surgem  complicações, pois o governo do Rio  entende que se mais água  for captada a montante,  a cidade do  Rio de Janeiro terá o fornecimento de água afetado. Há  interpretações divergentes e o abacaxi vai cair na mesa da presidente Dilma , que tratará de descascá-lo da melhor forma possível. Mesmo com a  autorização , as águas do Paraíba somente chegarão aos reservatórios da Cantareira dentro de no mínimo 8  meses, tempo necessário para a execução das obras  de emergência, que abrangerão a construção de túneis e canais. Sabendo-se como entre nós essa coisa de obras costuma desafiar  o tempo, fica-se  a imaginar quando haverá mesmo água suficiente nas torneiras paulistas,   se houver um acordo entre os governos dos dois estados ,  improvável em ano de eleição. O caso paulista que abrange  a capital , e  também  cidades do interior é emblemático,  revela a ausência de planejamento, de ações que deveriam ter sido oportunamente adotadas enquanto a  população crescia, as cidades aumentavam , e a demanda por água não parava de pressionar a oferta disponível. Quando o clima   mostrou-se  tão extremamente adverso, o sistema ineficaz logo entrou em colapso. Em Guarulhos o racionamento chega aos 80%.
No final da  dos anos 20, quando os brasileiros arranhavam o litoral e o interior era um deserto, o presidente Washington Luiz disse a frase que  ficou célebre  porque na época guardava alguma lógica: ¨Governar é abrir estradas¨. Washington Luiz quase não abriu estradas, nem terminou o mandato, deposto pela revolução de 1930.
Diante de tantos problemas acumulados que hoje enfrentamos, transporte coletivo desastroso, saúde e educação capengando, água que falta, telefone que não funciona, e por aí vai, alguém poderia  lembrar  de uma   outra  frase bem oportuna: ¨Governar é preparar o futuro ¨.
Quem pensa com visão de futuro age de forma previdente,  e assim evita que os problemas se acumulem. Foi exatamente o que fez o governador Augusto Franco, quando conseguiu junto com a Petrobrás trazer água do São Francisco para Aracaju através de uma adutora com  100 quilômetros de extensão.   Lourival Baptista no final dos anos 60 foi  pioneiro ao construir, contrariando a opinião da SUDENE,  a primeira adutora  do São Francisco para municípios próximos ao rio.  As ações somadas de todos os outros governadores permitiram que Sergipe tivesse hoje a melhor rede de abastecimento de água do nordeste, aproveitando  adequadamente a vantagem de ter  mais de 200 quilômetros do São Francisco a lhe servir de divisa com Alagoas, que está longe de fazer o que aqui fizemos.  Se Aracaju houvesse ficado a depender somente do sistema  Poxim,    teria se tornado uma cidade inviável. O  sistema Poxim foi aproveitado até a sua capacidade  máxima, com a construção  por Déda e Jackson da imensa barragem em São Cristovão, já pronta   para entrar em funcionamento.  Ao longo de três governos, de  João Alves, Albano e Déda, a adutora do São Francisco foi duplicada. Assim, bem diferente do que acontece em outras capitais,  Aracaju tem o crescimento populacional garantido pela segurança no fornecimento de água,  e,  justamente atraídas por essa vantagem locacional que outras cidades começam a não poder mais ofertar, indústrias chegam a Aracaju , a Socorro, e a tantas outras cidades sergipanas, sem o temor de que as torneiras sequem.
Mas,  em cidades do alto sertão onde também chegaram adutoras,  como é o caso de Poço Redondo e Canindé há  uma crise parcial no abastecimento que a  DESO não tem conseguido resolver, e pior do que isso, até hoje não explicou porque não resolve, enquanto milhares   de  pessoas morando em casas onde há tanto tempo as torneiras nem pingam, estão a dever contas acumuladas da água que não chega. O problema é que, na DESO, a excessiva burocratização criou uma estrutura administrativa que tem a agilidade de um paquiderme  usando muletas. E por mais competentes que sejam os seus gestores, torna-se complicado movimentar uma máquina que virou carroça.

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