sábado, 1 de fevereiro de 2014

O CASO CARNALITA E O ECTOPLASMA DO SENADOR ARGEMIRO FIGUEIREDO



O  CASO CARNALITA E O ECTOPLASMA
DO SENADOR ARGEMIRO FIGUEIREDO
 Sergipe  ainda não conseguiu vencer o ranço saudosista dos tempos do carro de boi. A nostalgia do passado que está impregnada em diversos setores da sociedade, se manifesta com mais visibilidade, e também perversos efeitos, na nossa classe política. Diz o desembargador aposentado Pascoal D´Avila Nabuco que, na sua grande maioria, os políticos sergipanos dão-se por satisfeitos quando conseguem verbas para fazer praças, reformar escolas e calçar ruas. Essa resistência conservadora, no pior sentido do termo, pois não se trata de preservar valores, tradições, mas, apenas e tão somente eternizar privilégios, vem desafiando o tempo e atravessando governos.  A partir da redemocratização com o fim do Estado Novo,  há uma visível contradição entre ações modernizadoras dos governadores e as resistências, não raro localizadas nas suas  bases políticas. O conflito se resolve na medida em que são feitas as amplas concessões para que surjam espaços possíveis para medidas progressistas, ainda que tímidas. Quando as tentativas de romper a barreira do atraso se tornam mais consistentes, com maior potencial de mudança, ai, as resistências se transformam até em sabotagem aos interesses do próprio estado, e a vítima maior é invariavelmente o povo.
O economista Dilson Barreto em primoroso livro, conta com  detalhes que mais valorizam a sofrida novela ( porque foi ele um importante protagonista do enredo) a batalha pelo desenvolvimento de Sergipe do qual o CONDESE, onde estava uma elite de pensadores, tornou-se um dos principais instrumentos. Há outros importantes trabalhos relatando a mesma luta, escritos por economistas e militantes políticos, e aqui destacamos os livros  dos professores Paulo  Barbosa de Araújo e Nilton Pedro.
Sergipe tem uma vigorosa história de resistência ao atraso, apesar dos pesares, razoavelmente bem sucedida. 
Houve, em 1961, a solerte tentativa de sufocar a SUDENE, através de um senador paraibano Argemiro de Figueiredo, porta – voz dos latifúndios dos ¨coroneis ¨  onde, nos currais, se misturavam bois e eleitores, e tudo era a mesma coisa.
 A SUDENE  planejava um novo nordeste, livre do latifúndio improdutivo, um nordeste que aposentasse de vez a economia do carro de boi.  Celso Furtado idealizou uma inteligente política de incentivos  que tornou possível a industrialização .
Mas como ?  Mexer na secular estrutura rural, dar dignidade ao trabalhador, gerar empregos com carteira assinada, acabar a prepotência dos ¨¨ coronéis,¨ dos senhores de engenho , libertar o povo da submissão e da degradação da miséria?
Isso era comunismo, coisa dos agentes vermelhos a soldo do ouro de Moscou.
 A sociedade sergipana mobilizou-se em defesa da SUDENE, houve uma  rara e expressiva unanimidade na classe política.  Naquele tempo, apesar dos radicalismos que separavam udenistas e pessedistas,  havia um compromisso maior com o interesse público.
Uma delegação de Sergipe formada por estudantes,  políticos, sindicalistas e  empresários, estava presente no enorme comício que se realizou no Recife, na Pracinha do Diário.  Saíram todos da Prefeitura, na rua da Aurora, cruzaram o Capeberibe  pela ponte Duarte Coelho, atravessaram a Avenida Guararapes,  acompanhando o prefeito Miguel Arrais.
 Subiram ao palanque onde estava o governador  Cid Sampaio cunhado e adversário de Arrais. Pouco depois, sem  que se  soubesse porquê, a cavalaria da policia investia contra o povo.  Arrais teve um entrevero público com Cid, que pedia desculpas pelo incidente.  Depois daquele comício onde em nome dos sergipanos falou o comunista Agonalto Pacheco, a reforçada unidade do nordeste  pôs fim à investida contra a SUDENE, e também sepultou, como político, o senador Argemiro Figueiredo, sempre lembrado anos a fio quando se pretendia identificar um¨ inimigo do povo.¨
Hoje ninguém ousa  assumir uma  posição clara contra o progresso, a modernização, a geração de empregos, a conscientização do eleitor, mas, nesse infeliz episódio da sabotagem a um projeto que custará 4 bilhões de reais, vai gerar 14 mil empregos e alavancar fortemente a economia sergipana,  o ectoplasma do senador Argemiro parece que anda a materializar-se no comportamento de alguns políticos,  que,  da mesma forma como fizeram para retardar o PROIVESTE,   agora descobrem,  inventam  pretextos,  para atrapalhar ou impedir   a implantação do Projeto Carnalita .   Acreditam, pessoas possuidoras de mediunidade,  cientistas que  estudam os fenômenos  metapsiquicos,  que os  fluidos imateriais, ou seja, o  ectoplasma, operado por espíritos, circula entre corpos daqueles que tenham maiores afinidades,  comportamento parecido, ideias aproximadas, ou, até exerçam atividades  similares.  Agora, Argemiro, ainda que invisível,  estaria a realizar o desejo de voltar a circular pelo Senado da República, embutido em alguém que seria uma espécie de alma gêmea.

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