sábado, 22 de fevereiro de 2014

CAPELA DE DUDU CAMPOS E DE CARLOS OLIVEIRA



CAPELA DE DUDU CAMPOS
E   DE   CARLOS   OLIVEIRA
 Capela sempre foi uma cidade com ares de terra civilizada. Havia o Colégio das Freiras onde moças de boas famílias estudavam, aprendiam o catecismo, o francês, e a tocar piano.  Era o máximo que se permitia às moças cuidadosamente preparadas para ¨as prendas do lar¨. Capela, a cidadezinha, sempre foi cercada pelos  canaviais. E a cuidar dos seus tratos de terra hereditários havia os senhores de engenho, alguns, com a arraigada mentalidade escravocrata, outros, abertos às ideias novas. Houve até, um deles, que fez história, fundou o Partido Socialista, e virou jornalista de primeira linha. Era Orlando Dantas. No partido, filiou-se um plantador de cana, Jose Figueiredo, que foi prefeito modernizador, resistiu à ditadura e acabou  castigado. Capela está a dever-lhe o reconhecimento. Não só a ele, mas, a tantos capelenses  de fibra, assim, do naipe de um Carlos Oliveira. Quem foi ele?   A maior parte dos capelenses nem sabe. Filho de um barbeiro muito pobre, Carlos Oliveira, ¨o professor cara de pomba ¨ ,  formou-se em engenharia,  ensinou física e matemática no Atheneu Sergipense. Escrevia muito bem, e nos  artigos  publicados na Gazeta de Sergipe, de Orlando Dantas, e no Sergipe- Jornal de Paulo Costa,   defendia teses seguindo  os ventos do  desenvolvimentismo e do nacionalismo dominantes nos anos 50. Tornou-se amigo de Seixas Dória, e, mesmo tendo discordado da opção dele  por Jânio Quadros na eleição de 1960, terminou fazendo parte da comitiva que o recém-eleito presidente   organizou para visitar Cuba, a novidade revolucionária que surgia no Caribe. Carlos,   que era   funcionário do Instituto do Açúcar e do Alcool,  deixou Jânio  impressionado com os conhecimentos  que tinha sobre a agroindústria canavieira.  O presidente quis  nomeá-lo  para a presidência do IAA, mas surgiu um problema político, pois Leandro Maciel, líder dos udenistas sergipanos, e que fora candidato a vice de Jânio, até desistir e ser trocado por outro candidato, o mineiro Milton Campos,  precisava ser contemplado, e iria, por sugestão de Seixas Dória, presidir o IAA,  enquanto Carlos Oliveira seria indicado para dirigir os  escritórios da Petrobras em Paris e Londres, recém instalados. Demitido em 64, Carlos Oliveira foi viver em Genebra,  onde tornou-se   alto funcionário da UNESCO, e lá morreu de decepção, ao saber  que  o patrimônio que adquirira no Brasil, onde  voltaria a viver depois de aposentado,  fora inteiramente dilapidado, a palavra exata seria roubado, pelo seu procurador e amigo, o deputado  cassado Cleto Maia, que era também advogado. O episódio causou imenso desgosto no  irmão de Cleto, o honrado e leal Geraldo Maia, que fora Prefeito de Propriá e também cassado. Cleto, alguns anos depois, morreu assassinado no Paraná.  Na história de  Capela os seus filhos poderão encontrar belas motivações para que se libertem do ranço  da politicalha mesquinha, miúda e antipopular, e possam enxergar melhor a realidade e o futuro. Se vivessem hoje, capelenses notáveis como o exímio cronista do cotidiano, o erudito e zangado, Zózimo Lima, e o maior rábula que frequentou os  nossos tribunais,  Adroaldo  Campos, o Dudu da Capela,  estariam  a  vergastar  o comportamento dos que, sob  pretexto de defenderem Capela,   fizeram mesmo, foi  ameaçar o futuro de todos os sergipanos.
Capela, ao lado da potiguar Mossoró, foram as duas únicas cidades que conseguiram repelir um ataque do bando de Lampião. A resistência   foi organizada por Dudu da Capela que armou alguns homens, os colocou em locais estratégicos, e ele,  apesar de usar muletas, foi postar-se no alto da  torre da igreja matriz. La de cima  com um rifle Winchester-44, o  popular ¨papo amarelo ¨,  disparava contra os cangaceiros. Sofrendo baixas,  Lampião bateu em  retirada,   ouvindo os gritos de Dudu que o humilhava :  ¨Tá fugindo seu corno covarde ¨.
 O cangaceiro respondia  :     ¨Eu volto pra cortar sua cabeça aleijado filho da puta. ¨
          Lampião nunca voltou,  mas hoje  o  povo  capelense precisa  organizar outras resistências, dessa vez, cívicas.

Um comentário:

  1. Olá sr. Luiz Eduardo. Gostaríamos de obter mais informações a respeito do Instituto Vida Ativa e do viveiro de mudas. Por favor entre em contato conosco. Ministério do Meio Ambiente - (61)2028-2568 (thaiane.santos.estagiaria@mma.gov.br)

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