CAPELA DE DUDU CAMPOS
E DE CARLOS OLIVEIRA
Capela sempre foi uma cidade com ares de terra
civilizada. Havia o Colégio das Freiras onde moças de boas famílias estudavam,
aprendiam o catecismo, o francês, e a tocar piano. Era o máximo que se permitia às moças
cuidadosamente preparadas para ¨as prendas do lar¨. Capela, a cidadezinha,
sempre foi cercada pelos canaviais. E a
cuidar dos seus tratos de terra hereditários havia os senhores de engenho,
alguns, com a arraigada mentalidade escravocrata, outros, abertos às ideias
novas. Houve até, um deles, que fez história, fundou o Partido Socialista, e
virou jornalista de primeira linha. Era Orlando Dantas. No partido, filiou-se
um plantador de cana, Jose Figueiredo, que foi prefeito modernizador, resistiu
à ditadura e acabou castigado. Capela
está a dever-lhe o reconhecimento. Não só a ele, mas, a tantos capelenses de fibra, assim, do naipe de um Carlos
Oliveira. Quem foi ele? A maior parte
dos capelenses nem sabe. Filho de um barbeiro muito pobre, Carlos Oliveira, ¨o
professor cara de pomba ¨ , formou-se em
engenharia, ensinou física e matemática
no Atheneu Sergipense. Escrevia muito bem, e nos artigos
publicados na Gazeta de Sergipe, de Orlando Dantas, e no Sergipe- Jornal
de Paulo Costa, defendia teses seguindo os ventos do
desenvolvimentismo e do nacionalismo dominantes nos anos 50. Tornou-se
amigo de Seixas Dória, e, mesmo tendo discordado da opção dele por Jânio Quadros na eleição de 1960,
terminou fazendo parte da comitiva que o recém-eleito presidente organizou para visitar Cuba, a novidade
revolucionária que surgia no Caribe. Carlos,
que era funcionário do Instituto
do Açúcar e do Alcool, deixou Jânio impressionado com os conhecimentos que tinha sobre a agroindústria
canavieira. O presidente quis nomeá-lo
para a presidência do IAA, mas surgiu um problema político, pois Leandro
Maciel, líder dos udenistas sergipanos, e que fora candidato a vice de Jânio,
até desistir e ser trocado por outro candidato, o mineiro Milton Campos, precisava ser contemplado, e iria, por
sugestão de Seixas Dória, presidir o IAA,
enquanto Carlos Oliveira seria indicado para dirigir os escritórios da Petrobras em Paris e Londres,
recém instalados. Demitido em 64, Carlos Oliveira foi viver em Genebra, onde tornou-se alto funcionário da UNESCO, e lá morreu de
decepção, ao saber que o patrimônio que adquirira no Brasil, onde voltaria a viver depois de aposentado, fora inteiramente dilapidado, a palavra exata
seria roubado, pelo seu procurador e amigo, o deputado cassado Cleto Maia, que era também advogado.
O episódio causou imenso desgosto no irmão de Cleto, o honrado e leal Geraldo Maia,
que fora Prefeito de Propriá e também cassado. Cleto, alguns anos depois,
morreu assassinado no Paraná. Na
história de Capela os seus filhos poderão
encontrar belas motivações para que se libertem do ranço da politicalha mesquinha, miúda e
antipopular, e possam enxergar melhor a realidade e o futuro. Se vivessem hoje,
capelenses notáveis como o exímio cronista do cotidiano, o erudito e zangado,
Zózimo Lima, e o maior rábula que frequentou os
nossos tribunais, Adroaldo Campos, o Dudu da Capela, estariam a
vergastar o comportamento dos
que, sob pretexto de defenderem
Capela, fizeram mesmo, foi ameaçar o futuro de todos os sergipanos.
Capela, ao lado da potiguar
Mossoró, foram as duas únicas cidades que conseguiram repelir um ataque do
bando de Lampião. A resistência foi
organizada por Dudu da Capela que armou alguns homens, os colocou em locais
estratégicos, e ele, apesar de usar
muletas, foi postar-se no alto da torre
da igreja matriz. La de cima com um
rifle Winchester-44, o popular ¨papo
amarelo ¨, disparava contra os
cangaceiros. Sofrendo baixas, Lampião
bateu em retirada, ouvindo os gritos de Dudu que o humilhava : ¨Tá fugindo seu corno covarde ¨.
O cangaceiro respondia :
¨Eu volto pra cortar sua cabeça aleijado filho da puta. ¨
Lampião nunca voltou, mas hoje
o povo capelense precisa organizar outras resistências, dessa vez,
cívicas.
Olá sr. Luiz Eduardo. Gostaríamos de obter mais informações a respeito do Instituto Vida Ativa e do viveiro de mudas. Por favor entre em contato conosco. Ministério do Meio Ambiente - (61)2028-2568 (thaiane.santos.estagiaria@mma.gov.br)
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