segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O FUTURO ESTAVA DEBAIXO DO CHÃO



 O FUTURO ESTAVA DEBAIXO DO CHÃO
Walter de Assis Ferreira Batista foi um geólogo  autodidata, fundador do Aeroclube de Sergipe, piloto experiente, que avançou sobre o oceano em um frágil teco-teco e localizou os restos dos navios torpedeados em agosto de 42,  levando os  primeiros socorros aos náufragos; foi também político, e de oposição, no tempo da ditadura. Sempre candidato a deputado federal  e ficando como suplente, exerceu uma parte do mandato quando dois titulares se afastaram. Revelou-se  excelente parlamentar. Quando o chão sergipano era ainda uma incógnita resultante da quase ausência de pesquisas, Walter Batista anunciava as portentosas riquezas escondidas, e proclamava: ¨O futuro de Sergipe está debaixo do chão. ¨ Para os que não o conheciam,   ele era visto como um excêntrico que colecionava pedras e cavava a terra, alguém assim com um ¨parafuso frouxo¨ .  
 Aqueles porém,  que acompanhavam o persistente trabalho de Walter sobre a geologia de Sergipe, até admitiam que ele poderia, por excesso de otimismo cometer algum exagero, mas, a riqueza do subsolo sergipano não era devaneio nem mistificação. Um empresário alagoano, igualmente visionário, criou uma incipiente mineradora e andou a perfurar poços em Sergipe. Um deles é aquele hoje denominado ¨banho doce ¨ na praia de Aruana.   Com os furos realizados  em 1947, comprovou-se a existência de uma variedade de sais minerais, e sobre  o aproveitamento econômico  deles, conhecidos  especificamente como silvinita,  taquidrida,  carnalita, magnésio, etc..... Walter passou a escrever artigos, a fazer palestras, e indo mais longe, antes de 1963, quando a PETROBRAS fez jorrar petróleo no poço pioneiro de Carmópolis, já associava esses sais minerais com petróleo e o gás, que ele garantia existirem no nosso subsolo, e  fazia a avaliação correta do processo de aproveitamento daquela riqueza, projetando  um futuro polo mineral químico e petroquímico, que  transformaria o latifúndio de capim,  que era Sergipe, num estado industrializado.
Walter estava certo, o futuro de Sergipe passava pela exploração das jazidas no seu subsolo. No caso do petróleo, a PETROBRÁS assim que começou a extraí-lo da terra logo providenciou o transporte do óleo por via férrea para a refinaria de Mataripe, na   Bahia, há pouco tempo inaugurada.  Com relação aos  outros minérios, o problema se afigurava bem mais complexo. Existiam barreiras técnicas,  algumas intrincadas, que envolviam  fortes interesses empresarias contrários, por exemplo,  à produção do potássio em Sergipe, onde estava a única jazida conhecida no hemisfério sul, e isso contrariava os detentores aqui ,do monopólio da importação, e no exterior, o oligopólio multinacional que supria o mundo com a maior parte do produto cada  vez mais consumido pela agricultura. Foi preciso traçar uma estratégia que exigiu, em primeiro lugar, um projeto técnico bem estruturado, ações paralelas nas áreas política e de comunicação. A industrialização dos minérios de Sergipe tornou-se um projeto de Estado que atravessou todos os governos que se sucederam, desde que o economista Aloísio de Campos deu-lhe a formatação embrionária no governo  Luiz Garcia, e aqui instalou-se a primeira fábrica de cimento, iniciando-se assim o aproveitamento do calcário. Veio Seixas Dória, cuja deposição resultou também das suas posições nacionalistas a respeito do petróleo.  Após o golpe militar manteve-se o projeto com Celso de Carvalho . Lourival Baptista,  conseguiu transferir a sede nordeste da Petrobras para Sergipe. Paulo Barreto, que  deu dimensão nacional à necessidade de exploração dos sais minerais sergipanos, mas sofreu o golpe desferido por interesses estrangeiros que operavam no âmago do governo federal, e Sergipe foi preterido, depois de ter sido anunciada pelo próprio ministro das Minas e Energia a instalação aqui de uma fábrica de Barrilha. Paulo foi sucedido por Jose Leite que adaptou os objetivos concentrando-se no potássio, primeira grande meta que viria a ser alcançada  no governo Augusto Franco. João Alves tratou mais intensamente  da logística,  viabilizando o porto,  , em seguida, Valadares montou um corpo técnico local de primeira linha, assessorado por uma equipe de consultores  do Rio de Janeiro, para   elaborar o projeto abrangente do Polo Mineral Quimico e Petroquimico de Sergipe. Tanto Valadares, como João Alves que o sucedeu, tiveram de enfrentar as turbulências
de um período de hiperinflação e da extinção da Petromisa pelo presidente Collor. A Albano coube a dura  tarefa do ressurgimento da estatal  do potássio antes de ser privatizada.Com Marcelo Déda, conseguiu-se a revitalização dos antigos poços petrolíferos e a definição do Projeto Carnalita, para cujo inicio, no próximo ano, Jackson Barreto , governador em exercício, agora se desdobra em  ações  nas áreas politica e empresarial.
Mais do que nunca o projeto de governo deve ser mantido, agora e nos próximos anos, para que se confirme a quase premonição de Walter Batista sobre o futuro de Sergipe debaixo do chão, no momento em que
  se confirmam as imensas jazidas em águas profundas.  Entre outras ações, a montagem de um Polo Petroquimico,   surge como fundamental, sendo o primeiro passo, a refinaria e uma nova planta de gás natural.       

Nenhum comentário:

Postar um comentário