Como se poderia prever em relação
ao desencontro entre o prefeito João Alves e o BANESE, pesaram os argumentos do sindicato, principalmente, invocando o sentimento de ¨sergipanidade
, ¨ou seja, alguma espécie de orgulho pela existência de um banco sergipano, um, dos três estatais que restaram, depois da
varredura efetuada no governo de
FHC, levando de roldão para a lata de
lixo das coisas descartáveis e inservíveis uma chusma de bancos estaduais falidos em consequência
das desastradas ações de sucessivos
favorecimentos movidas pelo conjugado interesse patrimonial e político.
O BANESE não estava entre os
piores, mas andava mal das pernas. Mesmo sendo ¨tucano¨ e alinhado às teses neoliberais de redução do tamanho do Estado através da desestatização ampla, geral e
irrestrita, ( tese que, estendida até à
liberação completa do mercado ou cassino financeiro, levou-nos às crises que se sucedem )
Albano, então no governo, decidiu manter o BANESE, apesar de ter ouvido do ministro da fazenda Pedro Malan que
o governo federal se recusaria a injetar recursos para dar sobrevida a bancos
estaduais.
Mas o BANESE sobreviveu, e a
cada ano exibe a festejada conquista de lucros crescentes. Bancos exibindo
portentosos lucros, é sempre uma afronta
à sociedade, ao empresário sufocado pela
agiotagem oficial que vai além do mercado financeiro e invade todo o
aparelho burocrático, sem nenhum acanhamento.
O Estado quase sempre caloteiro
se torna implacável cobrador.
Nos juros sempre maiores que o
BANESE cobra, no martírio a que submete servidores aguardando, nos dias de
pagamento, que os poucos caixas
existentes consigam dar cabo da estafante tarefa; na ausência de iniciativas
voltadas para a oxigenação da nossa economia, nisso tudo, no descaso, na
lentidão, no marasmo burocrático, se vai
perdendo a invocada ¨sergipanidade ¨ que
o banco exibiria como apreciado diferencial.
Os sindicalistas, tão interessados na manutenção do BANESE , e esse interesse é legítimo ,
poderiam ir bem além do argumento da ¨sergipanidade ¨ incluindo no debate a situação do banco, a
necessidade de uma identificação maior com
as raízes da alegada sergipanidade,
o que poderia ser demonstrado,
principalmente, com o fortalecimento do seu papel de banco de desenvolvimento,
livrando-se do balcão do varejo, ou até tentando fortalecê-lo, para conseguir
maiores lucros e investi-los estrategicamente nos setores da economia com
maior amplitude social.
O governador Marcelo Déda que
pensa com lucidez e a tudo acompanha, apesar dos tormentos de um alongado
tratamento, postou no twiter que, sobre ele desabaria o mundo, se, quando
prefeito de Aracaju, houvesse tido a mesma ideia de João Alves, anunciando que
as contas da Prefeitura seriam retiradas do BANESE.
Tem razão o governador Marcelo
Déda. Sem duvidas, quando ele era Prefeito de Aracaju, se houvesse feito em relação ao BANESE o que agora o atual prefeito anuncia, João Alves,
que naquela ocasião era governador, o
teria criticado duramente.
O Governador interino Jackson
Barreto seguindo a linha que Déda deixou clara na sua pontual tuitada, irá conversou tentando demover o prefeito de Aracaju da intenção
de retirar as contas do BANESE.
Mas o ¨banco dos sergipanos¨ precisa,
em primeiro lugar, fazer-se efetivamente merecedor do nome, para isso,
aprendendo a tratar melhor os clientes, entre eles os prefeitos, ultimamente
tão desprezados, e promovendo uma mudança
ampla que o liberte do marasmo burocrático, da ausência de criatividade
onde se isola.
Ninguém se sente obrigado , por maior que seja o seu sentimento de
sergipanidade , a manter contas num banco que a todos trata com uma arrogante
ou desinteligente indiferença.
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