sábado, 21 de setembro de 2013

O BANESE E A ¨ SEGIPANIDADE FERIDA¨



O  BANESE E A ¨ SEGIPANIDADE FERIDA¨

Como se poderia prever em relação ao desencontro entre o prefeito João Alves e o BANESE, pesaram os  argumentos do sindicato,  principalmente, invocando o sentimento de ¨sergipanidade , ¨ou seja, alguma espécie de orgulho pela existência de um banco sergipano, um,  dos três estatais que restaram, depois da varredura efetuada  no governo de FHC,  levando de roldão para a lata de lixo das coisas descartáveis e inservíveis  uma chusma de bancos estaduais falidos em consequência das desastradas ações de  sucessivos favorecimentos movidas pelo conjugado interesse patrimonial e político.
O BANESE não estava entre os piores, mas  andava mal das pernas.  Mesmo sendo  ¨tucano¨ e alinhado   às teses neoliberais  de redução do tamanho do Estado  através da desestatização ampla, geral e irrestrita,  ( tese que, estendida até à liberação completa do mercado ou cassino financeiro,  levou-nos às crises que  se sucedem )  Albano, então no governo, decidiu manter o BANESE, apesar de ter  ouvido do ministro da fazenda Pedro Malan que o governo federal se recusaria a injetar recursos para dar sobrevida a bancos estaduais.
Mas o BANESE sobreviveu,  e  a cada ano exibe a festejada conquista de lucros crescentes. Bancos exibindo portentosos lucros, é  sempre uma afronta à sociedade, ao empresário sufocado  pela agiotagem oficial que  vai além  do mercado financeiro e invade todo o aparelho burocrático, sem nenhum acanhamento.  
O Estado quase sempre caloteiro se torna implacável cobrador.
Nos juros sempre maiores que o BANESE cobra, no martírio a que submete servidores aguardando, nos dias de pagamento,  que os poucos caixas existentes consigam  dar cabo da  estafante tarefa; na ausência de iniciativas voltadas para a oxigenação da nossa economia, nisso tudo, no descaso, na lentidão, no marasmo burocrático,  se vai perdendo a invocada  ¨sergipanidade ¨ que o banco exibiria como apreciado diferencial.
Os sindicalistas,  tão interessados na manutenção do   BANESE , e esse interesse é legítimo , poderiam ir bem além do argumento da ¨sergipanidade ¨  incluindo no debate a situação do banco, a necessidade de uma identificação maior com  as raízes da alegada  sergipanidade,  o que poderia ser demonstrado, principalmente, com o fortalecimento do seu papel de banco de desenvolvimento, livrando-se do balcão do varejo, ou até tentando fortalecê-lo, para conseguir maiores lucros  e investi-los   estrategicamente nos setores da economia com maior amplitude social.
O governador Marcelo Déda que pensa com lucidez e a tudo acompanha, apesar dos tormentos de um alongado tratamento, postou no twiter que, sobre ele desabaria o mundo, se, quando prefeito de Aracaju, houvesse tido a mesma ideia de João Alves, anunciando que as contas da Prefeitura seriam retiradas do BANESE.  
Tem razão o governador Marcelo Déda. Sem duvidas, quando ele era Prefeito de Aracaju, se houvesse  feito em relação ao BANESE o que  agora o atual prefeito anuncia, João Alves, que naquela ocasião era  governador, o teria criticado duramente.
O Governador interino Jackson Barreto seguindo a linha que Déda deixou clara na sua pontual tuitada, irá   conversou tentando  demover o prefeito de Aracaju da intenção de  retirar as contas do BANESE.
Mas o ¨banco dos sergipanos¨  precisa,  em primeiro lugar, fazer-se efetivamente merecedor do nome, para isso, aprendendo a tratar melhor os clientes, entre eles os prefeitos, ultimamente tão desprezados,  e promovendo uma  mudança  ampla que o liberte do marasmo burocrático, da ausência de criatividade onde se isola.
Ninguém se sente obrigado ,  por maior que seja o seu sentimento de sergipanidade , a manter contas num banco que a todos trata com uma arrogante ou desinteligente indiferença.

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