terça-feira, 4 de junho de 2013

ONDE QUEM PRODUZ MERECE RESPEITO



  ONDE QUEM PRODUZ MERECE RESPEITO
Mozart Santos, que foi em Sergipe dirigente de canal de TV e Secretário do Turismo, transferiu-se para a Paraiba onde dirigiu por muitos anos um complexo de comunicação com  sede em Campina Grande. Agora aposentado e a procura de uma nova atividade, ( pensa montar em Aracaju uma empresa de consultoria) faz o que mais gosta, viaja pela Europa. Mas não é um turista errante, a andar de um lado para outro. Prefere fixar-se em um local, lá conviver com as pessoas, aprender sempre,  verificando situações e experiências, fazendo novas  amizades. Ano passado esteve numa casa de campo por quatro meses na Toscana, quase norte da Itália,  agora,  está alojado com seu amor que ele classifica como primaveril, a médica Anaceli,  num pequeno apartamento em  antigo sobrado na pequena vila Saint Laurent de Gouise,  arredores de Montpellier,  território da Camargue, sul da França.  Região agrícola por excelência,    a pecuária é forte, e criam-se até animais para touradas que, ao contrário das espanholas, não permitem o sangue na areia das praças de touros. Mas há também uma horticultura desenvolvida, extensas plantações de trigo e beterraba. Este ano o inverno rigoroso entrou pela primavera, houve até muita  neve, o que não é comum nas bordas do Mediterrâneo. E o granizo completou o estrago. Perderam-se diversas culturas, e no caso das hortaliças,  o frio extemporâneo quase pôs tudo a perder. As estufas que recobrem as plantações cederam sob o peso do gelo acumulado, e as imensas hortas se perderam. A vila onde vive Mozart,  é habitada quase unicamente por agricultores, pequenos e médios, mas entre eles, Mozart,  nas conversas diárias na padaria, logo cedo, quando vai comprar a sua baguette, notou que, além  da tristeza pela frustração da safra, não existem preocupações maiores. É que na França, como na maior parte dos países economicamente fortes da Europa, o produtor rural jamais passará pela agonia de ver à sua porta um oficial de justiça, cumprindo ordem judicial para que o banco credor se aposse da  propriedade, da casa onde vive com a família.
 Para ter uma vaca, uma ovelha, um porco, para plantar uma horta, uma extensão de beterraba ou trigo,  o produtor rural recebe subsídios do governo e, em caso de calamidade, suas dívidas são rapidamente renegociadas em condições extremamente favoráveis. Enquanto isso, aqui, no nosso devastado semiárido, onde a calamidade é  permanente, os bancos continuam a sua faina insensível e estupida das execuções, no que, aliás,  são seguidos também pela própria Receita Federal. Talvez imaginem que poderão continuar cobrando juros e impostos dos mesmos que eles impedem de produzir.

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