ONDE
QUEM PRODUZ MERECE RESPEITO
Mozart Santos, que foi em Sergipe
dirigente de canal de TV e Secretário do Turismo, transferiu-se para a Paraiba
onde dirigiu por muitos anos um complexo de comunicação com sede em Campina Grande. Agora aposentado e a
procura de uma nova atividade, ( pensa montar em Aracaju uma empresa de
consultoria) faz o que mais gosta, viaja pela Europa. Mas não é um turista
errante, a andar de um lado para outro. Prefere fixar-se em um local, lá
conviver com as pessoas, aprender sempre, verificando situações e experiências, fazendo
novas amizades. Ano passado esteve numa
casa de campo por quatro meses na Toscana, quase norte da Itália, agora, está alojado com seu amor que ele classifica
como primaveril, a médica Anaceli, num
pequeno apartamento em antigo sobrado na
pequena vila Saint Laurent de Gouise, arredores de Montpellier, território da Camargue, sul da França. Região agrícola por excelência, lá a
pecuária é forte, e criam-se até animais para touradas que, ao contrário das
espanholas, não permitem o sangue na areia das praças de touros. Mas há também
uma horticultura desenvolvida, extensas plantações de trigo e beterraba. Este
ano o inverno rigoroso entrou pela primavera, houve até muita neve, o que não é comum nas bordas do
Mediterrâneo. E o granizo completou o estrago. Perderam-se diversas culturas, e
no caso das hortaliças, o frio
extemporâneo quase pôs tudo a perder. As estufas que recobrem as plantações
cederam sob o peso do gelo acumulado, e as imensas hortas se perderam. A vila
onde vive Mozart, é habitada quase
unicamente por agricultores, pequenos e médios, mas entre eles, Mozart, nas conversas diárias na padaria, logo cedo,
quando vai comprar a sua baguette, notou que, além da tristeza pela frustração da safra, não
existem preocupações maiores. É que na França, como na maior parte dos países
economicamente fortes da Europa, o produtor rural jamais passará pela agonia de
ver à sua porta um oficial de justiça, cumprindo ordem judicial para que o
banco credor se aposse da propriedade,
da casa onde vive com a família.
Para ter uma vaca, uma ovelha, um porco, para
plantar uma horta, uma extensão de beterraba ou trigo, o produtor rural recebe subsídios do governo
e, em caso de calamidade, suas dívidas são rapidamente renegociadas em
condições extremamente favoráveis. Enquanto isso, aqui, no nosso devastado
semiárido, onde a calamidade é
permanente, os bancos continuam a sua faina insensível e estupida das
execuções, no que, aliás, são seguidos
também pela própria Receita Federal. Talvez imaginem que poderão continuar cobrando
juros e impostos dos mesmos que eles impedem de produzir.
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