¨MEU PARTIDO É O BRASIL¨
Quando alguém
no meio da multidão gritava: ¨ Meu partido é o Brasil¨, as pessoas em volta
deliravam. No contexto de uma passeata
de protesto contra quase tudo, a frase seria interpretada como um compromisso livre, de alguém que se
colocaria acima das divergências e das divisões políticas para se identificar,
irrestritamente, com a pátria, a nação. Paradoxalmente, no momento em que uma
pessoa proclama em público que o seu partido é o Brasil, automaticamente se torna partidária, assume uma posição que não será
seguida por todos, porque será preciso esclarecer de que forma deseja o Brasil. Outros, terão ideias diferentes, propostas antagônicas. Dai,
surge a inevitável necessidade dos partidos, ou seja, da constituição de grupos que têm interesse
divergentes, visões diversas, objetivos diferentes. Essa, é a beleza da democracia, e essa beleza que
também poderá ser chamada de liberdade, não existirá, se não existirem os partidos,
a politica, as discordancias. O que se
precisa não é acabar com os partidos, mas fazê-los intérpretes legítimos de
ideias e de aspirações das parcelas da sociedade, por isso, exatamente, eles se chamam ¨partidos¨. Numa democracia que
permite a alguém como é o caso de Edivan Amorim, proclamar que é o ¨líder de 11
partidos ¨ é evidente, que a imagem da
política fica deploravelmente
comprometida. Uma sucessão de fatos, o
¨mensalão¨, a presença do sinistro e
fanático Feliciano, a presidir a Comissão dos Direitos Humanos; o
transito livre e desimpedido de tantos picaretas pela política e pelo poder,
geram o descrédito, até revolta contra a
política, os políticos e os partidos. Nas ruas a juventude grita que quer mudar,
mas a mudança terá de ser feita através de partidos, e através do exercício da
política. Nas ruas do Brasil surge agora a novidade, o auspicioso fato novo,
mas as ruas não têm o privilégio da verdade absoluta. O que se quer, o que se
pede, o que se exige, terá sim, de fazer
parte de agora em diante, de uma pauta de ações políticas responsáveis,
atualizadas, modernas, atentas. Os rumos da política necessariamente, para que
a democracia e a liberdade sejam preservadas, seguem um outro figurino, onde vozes em certo instante
uníssonas, devem dar lugar ao diálogo,
ao entendimento, e à contemporização, quando isso se fizer necessário em face das circunstancias que ditarão o ritmo
das indispensáveis mudanças. O grito desperta, a palavra sensata constrói.
Nenhum comentário:
Postar um comentário