quarta-feira, 26 de junho de 2013

¨MEU PARTIDO É O BRASIL¨



 ¨MEU PARTIDO É O BRASIL¨
Quando alguém no meio da multidão gritava: ¨ Meu partido é o Brasil¨, as pessoas em volta deliravam.  No contexto de uma passeata de protesto contra quase tudo, a frase seria interpretada como  um compromisso livre, de alguém que se colocaria acima das divergências e das divisões políticas para se identificar, irrestritamente, com a pátria, a nação. Paradoxalmente, no momento em que uma pessoa proclama em público que o seu partido é o Brasil,  automaticamente se torna  partidária, assume uma posição que não será seguida por todos, porque será preciso esclarecer de que forma  deseja o Brasil. Outros, terão  ideias diferentes, propostas antagônicas. Dai, surge a inevitável necessidade dos partidos, ou seja,  da constituição de grupos que têm interesse divergentes, visões diversas, objetivos diferentes. Essa, é  a beleza da democracia, e essa beleza que também poderá ser chamada de liberdade, não existirá, se não existirem os partidos, a politica, as discordancias.  O que se precisa não é acabar com os partidos, mas fazê-los intérpretes legítimos de ideias e de aspirações das parcelas da sociedade, por isso, exatamente,  eles se chamam ¨partidos¨. Numa democracia que permite a alguém como é o caso de Edivan Amorim, proclamar que é o ¨líder de 11 partidos ¨ é evidente, que a imagem   da política  fica deploravelmente comprometida.  Uma sucessão de fatos, o ¨mensalão¨, a presença  do sinistro e fanático  Feliciano,  a presidir a Comissão dos Direitos Humanos; o transito livre e desimpedido de tantos picaretas pela política e pelo poder, geram o descrédito, até  revolta contra a política, os políticos  e os partidos.  Nas ruas a juventude grita que quer mudar, mas a mudança terá de ser feita através de partidos, e através do exercício da política. Nas ruas do Brasil surge agora a novidade, o auspicioso fato novo, mas as ruas não têm o privilégio da verdade absoluta. O que se quer, o que se pede, o que se exige,  terá sim, de fazer parte de agora em diante, de uma pauta de ações políticas responsáveis, atualizadas, modernas, atentas. Os rumos da política necessariamente, para que a democracia e a liberdade sejam preservadas, seguem um  outro figurino, onde vozes em certo instante uníssonas,  devem dar lugar ao diálogo, ao entendimento, e à contemporização, quando isso se fizer necessário em  face das circunstancias que ditarão o ritmo das indispensáveis mudanças. O grito desperta, a palavra sensata constrói.

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