OS MANDATOS CASSADOS E DEVOLVIDOS
Poderia ser um gesto abrangente,
geral e irrestrito, a devolução simbólica
de todos os mandatos aos que foram cassados pela ditadura, se ainda estiverem
vivos, ou, às suas famílias, como parece ser o caso da
grande maioria dos castigados pelo arbítrio. O Senado já deu o exemplo
devolvendo o mandato ao senador Luiz Carlos Prestes e ao seu suplente Abel
Chermont. Eles foram cassados pelos
próprios colegas senadores, na vigência plena da democracia e da Constituição, naquele surto de intolerância e de negação do
pluralismo, estimulado no Brasil pela histeria
da guerra fria que se iniciara comandada pelos Estados Unidos. O
presidente Dutra, velho admirador dos fascismos espanhol e português, que
sobreviveram à Segunda Guerra, nunca perdeu o vezo autoritário, mesmo dizendo
que tinha sempre o ¨livrinho ¨ , a Constituição,
sobre sua mesa de trabalho. Tinha-o, certamente, mas nunca o folheou. O relatório produzido pelo senador Antonio
Carlos Valadares, justificando a
devolução do mandato de Prestes, poderia até servir de modelo para que todos os
poderes tratem de construir o grande e significativo gesto da reentrega dos mandatos tungados pelo governo espúrio
que se especializou em assaltar direitos dos malquistos.
Que tal começar em Sergipe pelo mandato
roubado de Seixas Dória? Depois, pelos mandatos dos deputados cassados , à frente deles, Viana de Assis, quem mais ousou desafiar os
cassadores. Há ainda os servidores
públicos truculentamente exonerados ou aposentados.
Quase todos já estão mortos, mas os seus
familiares anseiam pela reparação da injustiça cometida.
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