DO PRESIDENTE SAMBISTA
AO JUIZ FORROZEIRO
Devia ser lá pela década dos
sessenta. O jornalista e advogado Hugo Costa ( nome sempre lembrado quando se
fala em quem sabia escrever) era editor chefe do Diário de Aracaju , e também
juiz substituto da Justiça do Trabalho. Ele gostava muito de música, era
compositor, e com alguma destreza dedilhava o violão. Hugo era amigo de Carlos
Coqueijo Costa então presidente do Tribunal Regional do
Trabalho na Bahia, com quem fizera parceria numas noitadas boêmias. Escreveu
então um artigo no Diário de Aracaju
intitulado O Presidente Sambista.
Era uma homenagem à autoridade, que, sem a circunspeção meramente para efeito
externo de quem ocupa altos cargos,
especialmente na área judicial, participava de rodas de samba, e compunha
alguns com esmero. O jornalista e intelectual Odorico Tavares que dirigia os Diários Associados na Bahia e
Sergipe, resolveu replicar o artigo de Hugo no Diário de Noticias de Salvador.
Gostou muito do que lera e quis prestar uma homenagem a Carlos Coqueijo de quem
era também amigo. Naqueles tempos de ditadura, nos quarteis, militares policiavam o pensamento, e, vez por
outra, faziam incursões absurdas pelo campo da moral e dos bons costumes,
intrometendo-se na vida privada das pessoas. Parece que um estrelado na
Sexta Região Militar, sediada em
Salvador, considerou comprometedor para
Coqueijo Costa o artigo que Hugo fizera como homenagem. O Juiz presidente
sofreu alguns constrangimentos, e com isso ficou estremecida a relação de
amizade entre ele e Hugo , que, pouco depois, se afastaria da Justiça do
Trabalho.
O tempo é o melhor coveiro da
hipocrisia, embora ainda existam, rondando a modernidade, alguns abantesmas do
que pior existia no passado. É o caso, por exemplo, desse deputado Feliciano, o
energúmeno.
O juiz Sérgio Lucas onde jurisdiciona, deixa marcas da boa
autoridade, aquela, distante da arrogância, e isso o coloca a compor a fornada de jovens
que vão mantendo e atualizando as melhores tradições da magistratura sergipana.
Ele tem um talento inato para a música, e não o despreza. Já tivemos no
Tribunal de Justiça um grande instrumentista, principalmente sanfoneiro, que
foi o sempre lembrado desembargador Fernando Franco. Ele sabia como ninguém animar uma festa, um forró.
Sérgio Lucas, que pilota motos,
pratica esportes, e em Canindé organizou
e treinou equipes de voley, popularizando o jogo, destaca-se também no tênis.
Agora, vai surgir como
forrozeiro. Em maio lança seu primeiro CD intitulado Buraqueiro- Forró
Pós-Universitário. O buraqueiro é alusão à sua terra, Porto da Folha, espremida entre serranias.
No momento em que a música popular
afunda na mediocridade, deixando a impressão de que música e inteligência se
tornaram incompatíveis, Sérgio Lucas reconstrói a ligação que, na seara forrozeira, construíram nomes como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Zé Ketti e
outros de aproximado quilate.
Sérgio Lucas compõe, também canta,
e fez parcerias com gente do bom naipe
sergipano da musicalidade, como Sergival,
Rogério, Pedro Kelman, este, um
seteinstrumentista, e Rubens Lisboa.
Entre as 13 faixas, todas com
nítida diferença da mixórdia que nos assola, destaque para Mocambo dos Pretos. É junção primorosa de forró e folclore, com
participação do aboio de Zé Carlos da Linda França e do Samba de Côco da
Comunidade Quilombola do Mocambo.
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