quinta-feira, 4 de abril de 2013

O DESPREZADO CAMINHO DOS RIOS



O DESPREZADO CAMINHO DOS RIOS
 Aqui temos insistido: É preciso redescobrir o caminho dos rios. Aracaju, uma mesopotâmia perde a oportunidade de usar os caminhos fluviais que a natureza lhe prodigalizou. A cidade que nasceu nas praias, avançando sobre mangues e dunas margeando o rio Sergipe até encontrar-se com o oceano, permanece, agora, depois de tanto estender-se, apertada entre outros dois rios que a limitam, ao sul, o Vaza Barris, ao norte o Rio do Sal. Esses rios foram caminhos naturais que durante tanto tempo interligaram a capital com o seu entorno. Saveiros desciam e subiam o Sergipe transportando gente, coisas e bichos, enfrentavam os ventos cruzados no ¨doido¨ onde as águas se espalham no encontro com o rio do Sal de um lado, e do outro, na bifurcação do Pomonga. Assim, Aracaju ligava-se a Santo Amaro, Socorro, Laranjeiras, Maruim, até a Riachuelo. Com a Barra dos Coqueiros, do outro lado, a ligação era mais intensa, também com a Atalaia Nova, para onde não havia estradas. Os saveiros foram desaparecendo, sumiram do cais ao lado do Mercado de Aracaju que eles abasteciam. Era o tempo dos caminhões, dos ônibus. Resistentes, as canoas a motor, as tó-tó–tós, mesmo depois da ponte ainda atravessam o rio, entre Aracaju e Barra. Transportam mais de três mil pessoas diariamente, e a preços bem menores. Mas as tó-tó-tós estão abandonadas, sobrevivem de teimosas. Do lado da Barra os passageiros precisam entrar na água ou pisar na lama, dependendo da maré, do lado de Aracaju, o precário terminal está caindo aos pedaços. À noite as tó-tó-tós param, a região do terminal é insegura e a iluminação precária. São prejudicados principalmente os estudantes.
Na coluna de Jozailto Lima no Cinform o ex- secretário dos Transportes Bosco Mendonça compara Aracaju, cercada por rios não utilizados, com cidades europeias que aliviam suas ruas aproveitando canais, rios, lagos, mares; as hidrovias intensamente usadas para o transporte de passageiros e cargas. A observação feita por Bosco Mendonça surge no momento em que se agrava a crise do transporte urbano, e as ruas atulhadas da cidade mostram que, nas atuais condições, a frota de veículos já teria atingido o limite suportável.  O prefeito João Alves estaria enxergando nos nossos rios a alternativa para desentupir as ruas congestionadas. Se assim for, o primeiro passo seria melhorar as condições do transporte fluvial entre Aracaju e Barra dos Coqueiros. Depois, a criação de linhas operadas por barcas entre Aracaju, Socorro, San to Amaro, Atalaia Nova. O governador Marcelo Déda já anunciou que o antigo Terminal Hidroviário Jackson Figueiredo há tantos anos desativado, será transformado em um memorial que levaria o nome de Zé Peixe. Se ainda for viável, o local poderia servir a duas finalidades. Seria um Memorial, e voltaria, também, às suas funções originais, como base para o retorno organizado, e com algum conforto, do nosso transporte fluvial recuperado.

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