segunda-feira, 22 de abril de 2013

BRASIL OU PORTO RICO?



BRASIL OU PORTO RICO?
A grande mídia brasileira bem melhor se sentiria,  se, obtendo os lucros que aqui tão vastamente aufere, estivesse sediada em Porto Rico.  Na ilha que as canhoneiras da nascente poderosa marinha Yankee  anexou ,  dando-lhe, o status de  ¨Estado Associado ¨ boa parte dos jornalistas das poderosas redes   não teriam limites para a idolatria em relação aos Estados Unidos.  A cabeça deles não está   no Brasil, muito menos na América Latina, da qual guardam uma indisfarçável ojeriza. Seria bom se a  cabeça de jornalistas não se prendessem exclusivamente aos países onde vivem,  ultrapassassem fronteiras e  abarcassem o mundo. Assim, teriam uma visão mais detalhada e abrangente do particular e do geral, estariam  preparados para a interpretação da realidade dos seus países em indispensável interconexão com a realidade  do mundo.      Hoje, a influente mídia  faz  marcha batida rumo ao tempo em que  Assis Chateaubriand, à frente da onda entreguista que caracterizava a imprensa brasileira, dizia que era preciso  doar o petróleo e todas as riquezas do Brasil ao capital estrangeiro, porque  ¨ o brasileiro era tão incapaz e preguiçoso, que não dava descarga depois de usar a latrina.¨
 Em Boston,  dois estudantes contaminados pela violência, que faz parte  da cultura americana, fabricaram explosivos,   panelas de pressão, recheadas com pedaços de metal para potencializar os efeitos letais.    As organizações da direita americana vivem a defender o uso indiscriminado de armas,  e  ensinam na Internet como se fazem explosivos caseiros. Na semana em que aconteceu o atentado, um canal de TV americana exibia  as proezas de um maluco apresentado como  gênio,  fabricando em casa armas  de grosso calibre.   O maluco, chama a  vovozinha,  senhora de uns 90 anos, e a ela entrega a arma,      dizendo ser a melhor do mundo; uma semiautomática ,  espingarda e fuzil, com dois canos lisos calibre 12 e um  outro justaposto,  raiado, o fuzil. A velhinha disparou os tiros da espingarda e do fuzil em um alvo com formato humano. Depois, exultando como uma idiota senil, urrava : ¨ Estourei os miolos dele.¨
 A mídia brasileira transformou em manchetes sucessivas e assunto quase exclusivo, uma bomba  caseira.  Quando Obama estava em Boston participando de um ato ecumênico pelas  três vitimas, a Globo News interrompeu a programação e entrou em cadeia com a CNN. Um apresentador que traduzia o discurso de Obama,  tinha a voz embargada, quase chorava, coisa que em nenhum momento  faz,  quando diariamente noticia as mortes, as chacinas nas favelas brasileiras. As vitimas  americanas são mais importantes do que as nossas, simples habitantes do Terceiro Mundo. Logo, a Band News também  entrou em cadeia com a CNN. Assim  ficaram durante quase uma hora. Enquanto isso, pelo mundo, a mídia dava ao atentado em Boston o espaço exato que ele mereceria.  A  TV-Espanha, fazia um noticiário  dando destaque a um episodio local, e indagando: ¨Quien se ocupa de las grietas de Bigue ? ¨.  A pergunta era dirigida ao poder público, que não tomara providencias para descobrir as causas de fendas  que se abriram em centenas de casas na pequena cidade de Bigue. Depois, o noticiário tratava do caso  ocorrido na China,  uma ¨Niña atrapada¨, ou seja,  uma criança que ficou presa num buraco. A  francesa TVS Monde, exibia   documentário intitulado Artisans du Changement.  Eexperiências inovadoras de sustentabilidade. A RAI Italiana exibia o programa La Vitta in Diretta,  episódios do cotidiano das pessoas, e a Deutsche – Welle,  alemã,  mostrava modernos modelos de automóveis.
Para a nossa colonizada grande mídia, importante mesmo é o que acontece na Metrópole. Ainda que seja uma bombinha merreca, numa panela de pressão.

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