NOTICIAS DE UM JORNAL VELHO
NOTICIAS
DE UM JORNAL VELHO
Do Baú do Professor e radialista Vilder Santos,
sai uma primeira página de um velho jornal. É o
Diário de Sergipe, de 4 de fevereiro de 1961. A manchete:
¨Sergipe quer eleger senador o marechal Lott. ¨
O jornal era do PSD, Partido Social Democrático, e
passara ao controle de Jose Conrado de Araujo, então prefeito de Aracaju.
Conrado, homem destemido, irmão do deputado federal Francisco de Araújo Macedo, líder trabalhista, montou em Aracaju
uma forte trincheira oposicionista, enfrentando a UDN no poder. Ele sonhava ser
o candidato das oposições ao governo do estado, mas, apesar de s
sustentáculo do anti-leandrismo, era visto com reservas pela elite
do PSD-PR, por ser um homem de poucas letras e hábitos rudes . Conrado ampliava a cada dia sua popularidade nos bairros pobres de Aracaju onde o
nome ¨seu Conrado ¨era pronunciado com
certa veneração.
Em
fevereiro de 1961 o desgrenhado Homem da Vassoura, Janio Quadros, começava o seu tumultuado período na presidência da Republica. Lott, ex-poderoso Ministro da Guerra a quem Juscelino devia a
permanência no mandato, sempre ameaçado pela psicose golpista de radicais fardados e civis, estava agora usando o
pijama de oficial da reserva. Conrado aproximou-se dele, levado pelo deputado
federal Leite Neto, e conseguira do ministro um numeroso lote de
fuzis, munição, e
uma antiquada metralhadora ponto
30.
Armou
até aos dentes os seus bombeiros
imaginando possíveis confrontos com a
Polícia Militar.
Lott, que acabara de ser derrotado na tentativa
de tornar-se presidente da República não
se deixou seduzir pela possibilidade de chegar ao Senado representando Sergipe.
A ideia de Conrado seria um balão de
ensaio destinado a testar as reações no bloco do PSD-PR, onde ele sabia que os
primos Leite Neto e Júlio Leite seriam os prováveis candidatos ao Senado. Assim
aconteceu, com os dois integrando a chapa de Seixas Dória governador, de
quem Conrado viria a ser Secretário da Fazenda, imposto por
ele mesmo, e pelo deputado federal Euvaldo Diniz, que já pensava em suceder a
Seixas Dória, e queria ter Conrado ao seu lado.
Jose
Conrado de Araujo, morreria meses depois, vítima de acidente com uma pistola Colt-45, que lhe caiu da cinta ao
levantar-se de uma rede em seu sítio e disparou, varando-lhe o peito.
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