sábado, 16 de fevereiro de 2013

NOTICIAS DE UM JORNAL VELHO



 NOTICIAS DE UM JORNAL VELHO


Do Baú do Professor e radialista Vilder Santos, sai uma primeira página de um velho jornal. É o  Diário de Sergipe, de 4 de fevereiro de 1961.  A manchete:  ¨Sergipe quer eleger senador o marechal Lott. ¨

 O jornal  era do PSD, Partido Social Democrático, e passara ao controle de Jose Conrado de Araujo, então prefeito de Aracaju. Conrado, homem destemido, irmão do deputado federal Francisco de Araújo  Macedo, líder trabalhista, montou em Aracaju uma forte trincheira oposicionista, enfrentando a UDN no poder. Ele sonhava ser o candidato das oposições ao governo do estado, mas, apesar de s

  sustentáculo do anti-leandrismo, era visto com reservas  pela elite  do PSD-PR, por ser um homem de poucas letras e hábitos rudes . Conrado  ampliava a cada dia sua popularidade  nos bairros pobres de Aracaju onde o nome  ¨seu Conrado ¨era pronunciado com certa veneração.

  Em fevereiro de  1961 o desgrenhado  Homem da Vassoura, Janio Quadros,  começava o seu tumultuado  período na presidência da Republica. Lott,  ex-poderoso  Ministro da Guerra a quem Juscelino devia a permanência no mandato, sempre ameaçado pela psicose golpista de radicais  fardados e civis, estava agora usando o pijama de oficial da reserva. Conrado aproximou-se dele, levado pelo deputado federal Leite   Neto, e  conseguira do ministro um numeroso lote de fuzis,   munição, e   uma antiquada metralhadora ponto 30.

      Armou até aos dentes  os seus bombeiros imaginando possíveis confrontos com a

Polícia Militar.


Lott, que acabara de ser derrotado na tentativa de tornar-se presidente da República  não se deixou seduzir pela possibilidade de chegar ao Senado representando Sergipe. A ideia de Conrado   seria um balão de ensaio destinado a testar as reações no bloco do PSD-PR, onde ele sabia que os primos Leite Neto e Júlio Leite seriam os prováveis candidatos ao Senado. Assim aconteceu, com os dois integrando a chapa de Seixas Dória governador, de quem   Conrado  viria a ser Secretário da Fazenda, imposto por ele mesmo, e pelo deputado federal Euvaldo Diniz, que já pensava em suceder a Seixas Dória, e queria ter Conrado ao seu lado.

 Jose Conrado de Araujo, morreria meses depois, vítima de  acidente com  uma pistola Colt-45, que lhe caiu da cinta ao levantar-se de uma rede em seu sítio e disparou,   varando-lhe o peito.

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