sábado, 16 de fevereiro de 2013

AS GALINHAS DE BRESSE AS GALINHAS DE ITABAIANA



 
AS GALINHAS DE BRESSE  AS
  GALINHAS DE ITABAIANA

 Entrar num desses modernos aviários onde se concentram espremidas e martirizadas  dezenas de milhares de  galinhas,  é  experiência, que, no mínimo, causa repugnância ou asco, e até nos leva a meditar sobre  o bom senso ou a bondade que seriam inerentes ao gênero humano.

Naqueles galpões imensos onde se aprimoraram ao máximo as tecnologias  que fazem  galináceos engordar em curto espeço de tempo, ou a  colocar para fora um ovo todos os dias, sem pausa para descanso,   se fez uma espécie de mutação genética. Nada há, naqueles galinheiros industriais,  que lembre algumas das   características das penosas  cacarejantes,   ciscando nos quintais, catando coisas para comer, enquanto   o galo, senhor do terreiro,  cumpria  sua prazerosa missão, subindo e descendo rapidamente das galinhas,  que, certamente insatisfeitas com a pressa,  galinhavam sedutoras por perto, esperando  nova e fugaz oportunidade.   E ficavam chocas, tinham  de deitar sobre os ovos,  ficar a aquecê-los durante bom tempo, até que eclodissem e deles saíssem os pintainhos.

 Agora, os pintos são produtos de laboratório,

 de matrizes resultantes da tecnologia aplicada,  guardadas como know- how intransferível por algumas empresas multinacionais. Anos atrás,  dizia-se  que se o Brasil resolvesse bater de frente com os interesses dos Estados Unidos, bastaria o governo americano determinar o embargo da venda de matrizes ,  e logo a nossa  avicultura, uma das maiores do mundo,  se extinguiria.


 É do poderoso Chanceler alemão Bismarck, a frase: ¨ As pessoas ficariam indignadas se soubessem como são  feitas as leis  e  as

salsichas ¨.   

 No caso das  galinhas que chegam à nossa mesa,  sabemos como elas são produzidas, e ninguém por isso se torna indignado, mas,  quem resolver por duas ou três horas acompanhar a rotina de um desses aviários gigantes,  não terá motivos para continuar  comendo galinha.

 Todo aviário, por mais moderno que seja,  horrorosamente fede.  Estressadas, espremidas numa gaiolinha,   as aves  não se mexem, apenas comem, descomem, e nem cacarejam, soltam sons que parecem gemidos. Aquele mau cheiro, parece ficar incrustado na carne. Tudo isso parece argumento forte para vegetarianos que  preferem  legumes e verduras, quase todos infestados  por pesticidas, e pensam que  substituíram a carne por um alimento  menos pernicioso.

Os franceses, sempre eles, conseguiram  salvar  o galináceo da degradação gastronômica causada pelos aviários,  e elegeram  a galinha de Bresse para torna-la uma espécie   quase venerada de ave portadora das qualidades para figurar, com destaque, nos mais elaborados cardápios. A galinha da região de Bresse é,  nada mais nada menos do que a nossa ,  de capoeira, que , antes da nefasta produção em escala nos chegava de Itabaiana. Ali  ao pé da serra  ela , a galinha, vivia solta e feliz, comendo de tudo, embora não recebesse como a francesa da região de Bresse  o acréscimo de tantos outros cuidados, e das ervas, transmitindo sabor especial à carne, sempre  consistente e macia.

 Os portugueses gostam de exaltar o sabor do porco preto, aquele que  aqui também era o único existente antes  de pocilgas virarem indústria. Os regretos ,  o nosso sarapatel , tornam-se  requintes  anunciados com destaque nos restaurantes populares lusitanos quando  feitos com as vísceras do porco preto   Cria-se aquele bicho comendo ervas  finas,  o que valoriza ainda mais o pernil e o presunto.

  Os grande aviários  tornaram a galinha  prato acessível, a preços bem menores do que a carne bovina ou o peixe. A galinha já foi prato especial, para raras ocasiões, e não frequentava mesas  empobrecidas. Dizia-se  que o  pobre quando comia galinha, um dos dois estaria doente.

  Não se deve perder de vista a experiência itabaianense de criar a galinha de capoeira, uma atividade que poderia ser intensamente levada aos assentamentos do MST e à agricultura familiar.

 Seria a nossa galinha de Bresse.

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