PROINVESTE, COM JEITO AGORA VAI
Houve, da parte do governo, erros estratégicos na condução inicial do
pedido de empréstimo do Proinveste,
em seguida, na Assembleia, aconteceu a sonhada demonstração de força que Edivan Amorim pretendia
fazer. E alcançou plenamente o
sonho, num espasmo de poder que para ele deve ter sido até afrodisíaco. O
empréstimo, como se sabe, foi
negado. Depois de trocas recíprocas de
acusações entre governo e oposição,
restou, na sociedade, o
sentimento forte e decepcionante de que
Sergipe perdeu. E não perdeu pouco. Fica também aquela frustrante sensação de
ter sido desprezada uma excelente oportunidade para dinamizar agora a economia .
Com a recusa não se atentou para
o fato de que a oportunidade perdida será mais intensamente sentida no futuro. Sabem os
vencedores dessa infeliz queda de braço que a comemoração hoje feita se transformará, amanhã, no fardo pesado de cobranças a exigir explicações convincentes quando os bons resultados do Proinveste começarem a surgir aqui bem perto nos vizinhos
Bahia e Alagoas. E então, estaremos bem
perto das eleições.
Assim, o radicalismo inicial vai
cedendo lugar à reflexão, e surge o momento oportuno para que os dois
lados se desarmem, cessem a refrega verbal e passem a construir um espaço para o entendimento.
O governador Marcelo Déda deu o
sinal indispensável, quando se colocou à
disposição do senador Eduardo Amorim para esclarecer dúvidas a respeito de
números inexatos nos quais o senador teria se baseado para montar uma situação alarmante sobre excesso de endividamento do estado. Numa audiência com a
ministra Ideli Salvati em Brasília o senador foi minuciosamente informado dos
cuidados que cercam o oferecimento dos recursos pelo governo federal aos estados. Nenhum estado com suas finanças comprometidas estaria na lista dos considerados aptos ao empréstimo do Proinveste. Muito antes
de ter o senador Amorim levantado a suspeita de que o empréstimo
poderia acarretar riscos ao pagamento dos servidores públicos, o governo
federal já fizera a varredura completa de todos os dados econômico-financeiros de Sergipe, lastreado no acompanhamento que é constante,
quase diário, sobre a realidade fiscal de cada unidade da federação.
Não será
eleitoralmente vantajoso tornar-se
responsável pela rejeição de um empréstimo que todos os estados
brasileiros contemplados pela oferta prontamente a aceitaram. Tanto o senador Amorim
como os deputados que seguem o seu irmão Edivan sabem disso, e todos avaliam as consequências.
Queriam um gesto de humildade do
governador, depois de o acusarem de ter tentado aprovar um projeto de
empréstimo fazendo-o descer pela goela a
dentro da oposição.
Déda reiteradamente já fez, como queriam, o gesto de forma pública, em sucessivas entrevistas.
Sílvio Santos, Secretário da Casa
Civil , recebeu a incumbência de restabelecer o diálogo com a
Assembleia, e repercutiu positivamente o
gesto da visita à presidente Angélica Guimarães, feita por orientação do
governador.
O governo já descobriu que governar em situação de minoria
no parlamento, é tarefa delicada, que impõe a necessidade de uma avaliação atenta sobre o clima e os humores do Legislativo, sem
descurar dos afagos constantes à própria bancada.
No forte presidencialismo brasileiro o ocupante do
executivo, vez por outra, até poderia envergar o manto, ter sobre a cabeça a
coroa, e segurar o cetro símbolo do
poder, e assim ser retratado, da mesma forma como o fizeram
Pedro I, e Pedro II. Todo o aparente poderio do presidencialismo se dissolve quando se confronta com uma oposição majoritária no Legislativo. Collor até hoje lamenta os
desencontros com o Congresso.
No nosso presidencialismo
imperial a ida de um presidente ao
Congresso ou de um governador à Assembleia para prestar esclarecimentos, é entendida como constrangimento, quase
golpe. Déda, imitando até as boas
prática do parlamentarismo, ofereceu-se
para ir `a Assembleia quando os deputados acharem conveniente, para
falar sobre o Proinveste, dirimir dúvidas, mesmo com as limitações impostas pelo tratamento quimioterápico ao
qual ainda se submete.
Pode ser que assim, com o novo
formato de um Proinveste desenhado a
duas mãos, a do executivo e a do legislativo, finalmente o imbróglio tenha fim,
e Sergipe venha a ser beneficamente irrigado com esses 720 milhões. É
indispensável também agora um entendimento com o prefeito João Alves sobre projetos para Aracaju.
A convocação extraordinária da
Assembleia será feita com a plena
concordância da presidente Angélica Guimarães.
Política pode também
ser a arte do impossível.
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