domingo, 23 de dezembro de 2012

PROINVESTE, COM JEITO AGORA VAI



 PROINVESTE,  COM JEITO AGORA  VAI
 Houve, da parte do governo,  erros estratégicos na condução inicial do pedido de empréstimo   do Proinveste,  em seguida, na Assembleia, aconteceu a sonhada  demonstração de força que Edivan Amorim  pretendia  fazer. E  alcançou plenamente o sonho, num espasmo de poder que para ele deve ter sido até afrodisíaco. O empréstimo, como se sabe,  foi negado.  Depois de trocas recíprocas de acusações entre governo e oposição,  restou, na sociedade,  o sentimento forte  e decepcionante de que Sergipe perdeu. E não perdeu pouco. Fica também aquela frustrante sensação de ter sido desprezada uma excelente oportunidade para dinamizar agora a  economia .  Com a recusa não se atentou para  o fato de que a oportunidade perdida será mais intensamente   sentida no futuro.   Sabem os   vencedores dessa infeliz queda de braço que a comemoração hoje feita  se transformará,  amanhã,  no fardo pesado de cobranças  a exigir  explicações convincentes  quando os bons resultados do Proinveste  começarem a surgir aqui bem perto nos vizinhos Bahia e Alagoas. E então,  estaremos bem perto das eleições.
Assim, o radicalismo inicial vai cedendo lugar à reflexão,   e  surge o momento oportuno para que os dois lados se desarmem, cessem a refrega verbal e passem a  construir um espaço para o entendimento.
O governador Marcelo Déda deu o sinal indispensável,  quando se colocou à disposição do senador Eduardo Amorim para esclarecer dúvidas a respeito de números inexatos nos quais o senador  teria se baseado para  montar uma situação alarmante sobre   excesso de endividamento do estado.  Numa audiência com   a ministra Ideli Salvati em Brasília o senador foi minuciosamente informado dos cuidados que cercam o oferecimento dos recursos pelo governo federal aos estados.  Nenhum estado com suas finanças  comprometidas estaria na lista dos  considerados aptos  ao empréstimo do Proinveste.  Muito antes  de ter  o senador Amorim  levantado a suspeita de que o empréstimo poderia acarretar riscos ao pagamento dos servidores públicos, o governo federal já fizera a varredura completa de todos os dados  econômico-financeiros de Sergipe,  lastreado no acompanhamento que é constante, quase diário, sobre a realidade fiscal de cada unidade da federação.
 Não será  eleitoralmente vantajoso tornar-se  responsável pela rejeição de um empréstimo que todos os estados brasileiros contemplados pela oferta prontamente a aceitaram. Tanto o senador Amorim como os deputados que seguem o seu irmão Edivan sabem disso,  e todos avaliam as consequências.
Queriam um gesto de humildade do governador, depois de o acusarem de ter tentado aprovar um projeto de empréstimo fazendo-o descer pela goela a  dentro da oposição.
 Déda reiteradamente já fez, como queriam,  o gesto   de forma pública, em sucessivas entrevistas.
Sílvio Santos, Secretário da Casa Civil ,  recebeu  a incumbência de restabelecer o diálogo com a Assembleia,  e repercutiu positivamente o gesto da visita à presidente Angélica Guimarães, feita por orientação do governador.
O governo já  descobriu que governar em situação de minoria no parlamento, é tarefa delicada, que impõe a necessidade de  uma avaliação atenta sobre o  clima e os humores do Legislativo, sem descurar dos afagos constantes à própria bancada.
No  forte  presidencialismo brasileiro o ocupante do executivo, vez por outra, até poderia envergar o manto, ter sobre a cabeça a coroa,  e segurar o cetro símbolo do poder,  e assim ser  retratado, da mesma forma como o fizeram Pedro I,  e Pedro II.  Todo o aparente poderio do   presidencialismo se dissolve  quando se confronta com uma oposição  majoritária  no Legislativo. Collor até hoje lamenta os desencontros com o Congresso.
No nosso presidencialismo imperial  a ida de um presidente ao Congresso ou de um governador à Assembleia para prestar esclarecimentos,  é entendida como constrangimento, quase golpe.  Déda, imitando até as boas prática do parlamentarismo,  ofereceu-se para ir `a Assembleia quando os deputados acharem conveniente,   para falar sobre o Proinveste, dirimir dúvidas, mesmo com as limitações  impostas pelo tratamento quimioterápico ao qual ainda se submete.  
Pode ser que assim, com o novo formato de um Proinveste   desenhado a duas mãos,  a do executivo e a do  legislativo, finalmente o imbróglio tenha fim,  e Sergipe venha  a ser beneficamente  irrigado com esses 720 milhões. É indispensável também agora um entendimento com o prefeito João Alves   sobre projetos para Aracaju.
A convocação extraordinária da Assembleia  será feita com a plena concordância da presidente Angélica Guimarães.
Política pode  também  ser a arte do impossível.

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