FOGUETES SOBRE A CIDADE SAGRADA
A mídia, habitualmente
tendenciosa e pró-Israel, noticia, sem
esconder a indignação, que foguetes disparados por ¨extremistas ¨ou
¨terroristas ¨palestinos, caíram sobre a cidade sagrada de Jerusalem. Como
invariavelmente acontece nesses massacres, uns poucos judeus morrem, e centenas
de palestinos perdem a vida. Mais uma vez na Faixa de Gaza teria começado a ¨provocação ¨respondida por Israel, que
assim exerceria seu legítimo direito de defesa. Sempre alguns pacíficos
cidadãos judeus são atingidos nas casas onde vivem com suas famílias, e assim o
Estado judeu se vê forçado a adotar medidas drásticas de proteção ao seu
território e, em seguida , orientadas
pela mais sofisticada tecnologia, chovem
as bombas sobre o despropósito urbano
onde vive miseravelmente uma parte da
população palestina oprimida e humilhada na sua própria terra. Nunca se diz que Jerusalem, a cidade sagrada é um troféu de guerra
conquistado por Israel, e que ali se encontram três religiões, todas tendo seus
monumentos, seus locais, que veneram e fazem parte dos seus ritos. O islamismo e o cristianismo
seguidos por centenas de milhões de fieis, e o judaísmo, restrito a uma limitada
proporção de praticantes. Dispersos pelo
mundo após a expulsão da terra mãe, o
povo judeu se manteve unido na diáspora através da prática da sua religião e da
obediência aos seus costumes. Comunidades judaicas na Polônia, nos Estados
Unidos, no Brasil, onde estivessem, frequentavam suas sinagogas, celebravam as
suas datas, cumpriam os seus rituais, alimen tavam-se com a mesma comida, e
assim , se identificavam como um povo, embora em terras estrangeiras.
Industriosos , inteligentes, determinados, os judeus, sobreviveram às
perseguições, fortalecendo a sua cultura, e estiveram na origem do capitalismo
como financiadores das grandes aventuras que abriram as fronteiras do mundo,
aproximaram mercados e geraram o grande fluxo de mercadorias e de capitais. Se
anteciparam assim à globalização, exercendo forte influencia
sobre as finanças internacionais. Não há um grande banco onde não exista um
poderoso financista judeu. Depois da
selvageria hitlerista, no episódio de fúria genocida que ficou conhecido como o
holocausto, o mundo devia aos judeus a concessão do direito de retorno à terra de
onde haviam sido expulsos . Pelos séculos a fora os judeus cumprimentavam-se
dizendo: ¨Ano que vem, em Jerusalem¨. Finda
a Segunda Grande Guerra, levas de judeus sobreviventes, saídos principalmente
dos escombros de uma Europa arrasada, começaram a retornar à Palestina de onde um pequeno grupo deles nunca havia
arredado pé. Organizaram-se em grupos guerrilheiros, e, paradoxalmente, tendo árabes como aliados, começaram a combater os ingleses
colonizadores. Naquele tempo, entre 45 e 48, os ingleses classificavam os
combatentes judeus como terroristas, e eles, de fato, cometeram atentados, nos mesmos moldes como age atualmente a Al
Quaeda de Osama bin Laden. Criada a O NU,
os países que a constituíam resolveram ,
por assim dizer, fundar o Estado de Israel. Deram aos judeus a
terra, a pátria onde viveriam, e
deixaram implícita a decisão de que também seria criado um Estado palestino
para que os dois povos convivessem como pacíficos vizinhos. Isso nunca
aconteceu ,e os judeus, impondo-se pelas
armas, fortalecidos pelos recursos que vinham de todas as partes do mundo,
subjugaram os palestinos, os confinaram em duas áreas separadas, a Faixa de Gaza
e a Cisjordania, ampliaram o território do
exíguo País em sucessivas guerras, montaram a mais perfeita máquina de guerra que
o mundo conhece, e criaram também um poderoso arsenal atômico.
Não há o que disfarçar. Israel é
a potencia opressora, os palestinos são
o povo oprimido. Enquanto persistir essa
situação de injustiça, se alongará o confronto, e sempre haverá palestinos dispostos à
resistência, ¨terroristas ¨, disparando seus foguetes, que algumas vezes podem
atingir a ¨cidade sagrada de Jerusalem ¨
onde estão, lado a lado, embora tão distantes, templos cristãos, mesquitas e
sinagogas.
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