DE RUI FALCÃO A EDIVAN AMORIM
Rui Falcão é o atual presidente
nacional do PT. É um militante histórico, tem boa biografia política, construiu uma
liderança como militante voltado para o
crescimento do Partido dos Trabalhadores,
tendo como meta um projeto de poder que ele, agora na condição de
dirigente, mais convictamente ainda, considera identificado com os interesses do povo
brasileiro.
Falcão tem assim, um ideário político, uma formação ideológica
que o capacita como quadro político, que age movido por ideias generosas, onde
estão incluídas as transformações sociais, o
desenvolvimento econômico com redistribuição de riqueza, sonhos que ele
ainda na adolescência, imaginou, como tantos outros da sua geração, que poderiam ser alcançados por caminhos onde as armas não estariam excluídas,
inclusive porque a opressão da ditadura as legitimava. Pode ser que essa
formação o tenha levado a crer que atos ilegítimos podem se justificar, quando o fim colimado, na sua ótica pessoal de defensor de uma causa
do povo, se identificaria com os interesses nacionais. Trata-se de um erro
recorrente que deve ser corrigido.
Edivan surge aqui nessa narrativa, onde aparece também Falcão, não exatamente por ter similitudes com
o petista em termos de concepções e ideias. São desconhecidas, aliás, as concepções ou ideias de Edivan, homem
de negócios que se fez líder político, e hoje comanda uma espécie de federação partidária, somando 11
siglas colocadas ao seu dispor. Edivan está aqui ao lado de Rui Falcão, apenas, porque cometeram o mesmo erro, ou o mesmo
desatino. O dirigente petista, imaginando que o projeto que defende
justificaria uma agressão aos fundamentos do Estado Democrático de Direito,
contestou a decisão do Supremo Tribunal Federal, e convocou a militância do partido para atos
de protesto contra as penas impostas aos réus, onde estão petistas, e não petistas, que foram apontados como
responsáveis pelo episodio conhecido como Mensalão. Cometeu um erro de
avaliação política, e mais ainda fez desnecessária afronta, que, originada de um dirigente do partido no poder,
tornaria mais vasta a sua amplitude,
agravando um risco latente de rompimento da harmonia e independência
entre os poderes. A presidente Dilma sentiu a
gravidade do fato e apressou-se a declarar que acatava plenamente a decisão do
Supremo, cortando, na raiz, o que
poderia nos seus desdobramentos, vir a gerar uma crise institucional. Em
seguida, compareceu à posse do ministro Joaquim Barbosa. Naquela posse, estava
o retrato de um Brasil novo, bem além dos mensalões, dos equívocos políticos, um Brasil que venceu preconceitos, que
igualava gêneros e raças, valorizando a
honradez e a competência.
Aquele retrato da posse, poderia ser exaltado pelo dirigente petista,
até o associando à luta e aos êxitos do seu partido. Quais os componentes do retrato? Dilma, primeira mulher que se tornou
presidente, presa política, vítima de torturas; Joaquim Barbosa, primeiro negro
a presidir o Supremo, filho de uma lavadeira, ex-faxineiro, prova eloquente da ascensão social que o
conhecimento proporciona. Ali estava também o nordestino, sergipano, Carlos Ayres de Freitas Britto, ex-presidente
do Supremo, que foi brilhante, equânime,
comedido e justo. Dilma tem hoje o maior
nível de aceitação popular já alcançado por um presidente. Joaquim
Barbosa e Carlos Britto são hoje nomes reverenciados em todo o país.
A Rui Falcão bastaria lembrar que foi o
petista, ex-presidente Lula, quem,
enfrentando todo um cenário adverso, apontou e apoiou o nome de Dilma. Foi Lula também quem nomeou Joaquim Barbosa e
Carlos Britto, dois íntegros e exemplares ministros. Bastaria isso, não
precisaria dizer nada mais a favor do seu partido, muito menos, fazer
insensatos desafios.
Enfim, chegamos a Edivan .
Tendo, a Justiça, através de liminar da desembargadora Suzana Maria Carvalho de Oliveira anulado a
eleição da deputada Suzana Azevedo para
conselheira do Tribunal de Contas,
Edivan, que patrocinava a candidatura, contando para isso com os préstimos que nunca
lhe foram negados da presidente da
Assembleia e da maioria dos deputados, sentiu-se pessoalmente atingido.
A atitude mais lógica, mais
sensata de Edivan, seria ordenar à presidente Angélica, que lhe é
obediente: Vamos convocar uma nova
eleição. Desta vez , você faz tudo direitinho, de acordo com a Constituição, de
acordo com o Regimento da Assembleia.
E então, quase certamente, Suzana Azevedo
seria mais uma vez eleita, todavia, agora, legitimamente.
Mas Edivan sentiu-se ferido,
atingido em seus brios de senhor de mentes e instituições, e então, entendeu que seria
Indispensável promover a
desmoralização pública da desembargadora. Começou, via suas emissoras de rádio o achincalhe
público da magistrada. Desrespeito, vulgaridade, invencionices.
Atingiram uma filha da desembargadora,
funcionária concursada do Tribunal, uma
filha do senador Valadares, também funcionária concursada do Tribunal, fizeram
ilações absurdas e irresponsáveis. O senador Valadares respondeu de forma dura, mas sem perder a elegância. Ninguém
o contestou.
Quanto à desembargadora Suzana Carvalho, a resposta às infâmias é oferecida
dignamente pela sua própria vida, como cidadã, como magistrada, íntegra, culta,
sensata e firme. A afronta não foi dirigida apenas à desembargadora e ao Poder
Judiciário, a afronta foi feita à sociedade sergipana, que desaprova esses métodos rasteiros
de ofensas e agressões à honra, à dignidade das pessoas, utilizados como arma a serviço dos objetivos pessoais de Edivan , dono de 11 partidos, dono de emissoras de
rádio, que aspira em 2014 , através do
seu irmão e preposto, o senador Eduardo,
fazer de Sergipe a sua capitania, de
preferencia, hereditária. Seriam assim
21 mil quilômetros quadrados de terras, com seus 2 milhões e meio de habitantes, entregues, de porteiras fechadas, e acrescentados aos
milhares de alqueires mineiros que ele já possui.
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