sábado, 24 de novembro de 2012

DE RUI FALCÃO A EDIVAN AMORIM



DE RUI FALCÃO A EDIVAN AMORIM
Rui Falcão é o atual presidente nacional do PT. É um militante histórico, tem  boa biografia política, construiu uma liderança como militante voltado para  o crescimento do Partido dos Trabalhadores,   tendo como meta um projeto de poder que ele, agora na condição de dirigente, mais convictamente  ainda,  considera  identificado com os interesses do povo brasileiro.
 Falcão tem assim,  um ideário político, uma formação ideológica que o capacita como   quadro político,  que age movido por ideias generosas, onde estão incluídas as transformações sociais, o  desenvolvimento econômico com redistribuição de riqueza, sonhos que ele ainda na adolescência,  imaginou,  como tantos outros da sua geração,  que poderiam ser alcançados por  caminhos  onde as armas não estariam excluídas, inclusive porque a opressão da ditadura as legitimava. Pode ser que essa formação o tenha levado a crer que atos ilegítimos podem se justificar,  quando o fim colimado,  na sua ótica pessoal de defensor de uma causa do povo, se identificaria com os interesses nacionais. Trata-se de um erro recorrente que deve ser corrigido.
Edivan  surge aqui nessa narrativa,  onde aparece também  Falcão, não exatamente por ter similitudes com o petista em termos de concepções e ideias. São desconhecidas,  aliás,  as concepções ou ideias de Edivan,    homem  de negócios que se fez líder político, e hoje comanda uma  espécie de federação partidária, somando 11 siglas colocadas ao seu dispor.  Edivan  está aqui ao lado de Rui Falcão, apenas,  porque cometeram o mesmo erro, ou o mesmo desatino. O dirigente petista, imaginando que o projeto que defende justificaria uma agressão aos fundamentos do Estado Democrático de Direito, contestou a decisão do Supremo Tribunal Federal,  e convocou a militância do partido para atos de protesto contra as penas impostas aos réus, onde estão petistas,  e não petistas, que foram apontados como responsáveis pelo episodio conhecido como Mensalão. Cometeu um erro de avaliação política, e mais ainda  fez  desnecessária afronta, que,   originada de um dirigente do  partido  no poder,  tornaria mais vasta a sua amplitude,   agravando um risco latente de rompimento da harmonia e independência entre os poderes. A presidente Dilma sentiu a  gravidade do fato e apressou-se a declarar  que acatava plenamente a decisão do Supremo,  cortando, na raiz, o que poderia  nos seus desdobramentos,  vir a gerar uma crise institucional. Em seguida, compareceu à posse do ministro Joaquim Barbosa. Naquela posse, estava o retrato de um Brasil novo, bem além dos mensalões,  dos equívocos políticos,  um Brasil que venceu preconceitos,   que igualava gêneros e raças,  valorizando a honradez e a competência.
Aquele retrato da posse,  poderia ser exaltado pelo dirigente petista, até o associando à luta e aos êxitos do seu partido.  Quais os componentes do retrato?  Dilma, primeira mulher que se tornou presidente, presa política, vítima de torturas; Joaquim Barbosa, primeiro negro a presidir o Supremo, filho de uma lavadeira, ex-faxineiro,   prova eloquente da ascensão social que o conhecimento proporciona. Ali estava também o  nordestino, sergipano,  Carlos Ayres de Freitas Britto, ex-presidente do Supremo,  que foi brilhante, equânime, comedido e justo.  Dilma tem hoje o maior nível de aceitação popular já alcançado por um presidente.  Joaquim  Barbosa e Carlos Britto são hoje nomes reverenciados em todo o país.
 A Rui Falcão bastaria lembrar que foi o petista, ex-presidente Lula, quem,  enfrentando todo um cenário adverso, apontou e apoiou o nome de Dilma.  Foi Lula também quem nomeou Joaquim Barbosa e Carlos Britto, dois íntegros e exemplares ministros. Bastaria isso, não precisaria dizer nada mais a favor do seu partido, muito menos, fazer insensatos desafios.
Enfim, chegamos a Edivan .
 Tendo, a Justiça,  através de liminar da desembargadora Suzana  Maria Carvalho de Oliveira anulado a eleição  da deputada Suzana Azevedo para conselheira do Tribunal de Contas,  Edivan, que patrocinava a candidatura,  contando para isso com os préstimos que nunca lhe foram  negados da presidente da Assembleia   e da maioria dos deputados,  sentiu-se pessoalmente atingido.  
A atitude mais lógica, mais sensata de Edivan,  seria  ordenar à presidente Angélica, que lhe é obediente:  Vamos convocar uma nova eleição. Desta  vez , você faz tudo   direitinho, de acordo com a Constituição, de acordo com o Regimento da Assembleia.
 E então, quase certamente, Suzana Azevedo seria mais uma vez eleita, todavia, agora, legitimamente.
Mas Edivan sentiu-se ferido, atingido em seus brios de senhor de mentes e instituições, e então,  entendeu que seria
Indispensável promover a desmoralização pública da desembargadora.    Começou,  via suas emissoras de rádio   o achincalhe público da magistrada.    Desrespeito, vulgaridade, invencionices. Atingiram  uma filha da desembargadora, funcionária concursada do Tribunal,  uma filha do senador Valadares, também funcionária concursada do Tribunal, fizeram ilações absurdas e irresponsáveis. O senador Valadares respondeu  de forma dura, mas sem perder a elegância. Ninguém o contestou.
 Quanto à desembargadora Suzana   Carvalho, a resposta às infâmias é oferecida dignamente pela sua própria vida, como cidadã, como magistrada, íntegra, culta, sensata e firme. A afronta não foi dirigida apenas à desembargadora e ao Poder Judiciário, a afronta foi feita à sociedade sergipana, que     desaprova esses métodos   rasteiros  de ofensas e agressões à honra, à dignidade das pessoas,  utilizados como arma a serviço  dos objetivos pessoais de Edivan ,  dono de 11 partidos, dono de emissoras de rádio, que aspira em 2014 ,  através do seu irmão e preposto,  o senador Eduardo,   fazer de Sergipe a sua capitania, de preferencia, hereditária. Seriam assim  21 mil quilômetros quadrados de terras, com seus  2 milhões e meio de habitantes,  entregues,  de porteiras fechadas, e acrescentados aos milhares de alqueires mineiros que ele já possui.

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