A AVENIDA DO CAIPIRA DO SERTÃO
Caipira de Poço Redondo, era assim que reverentemente se referia a
Alcino Alves Costa um seu discípulo, o delegado escritor e também artista
plástico Archimedes Marques, e esse foi o título que deu ao artigo escrito para
homenagear a memória do escritor, pesquisador , poeta e compositor, que se foi quando novembro começava. Resta
agora aos sergipanos homenagearem Alcino, sobretudo, divulgarem a sua obra.
Entre o ano que findou e este que
termina, o governo do estado editou dois livros de Alcino. A publicação
resultou de uma conversa que Alcino teve com
o governador Marcelo Déda. No outro dia Déda ligou para Luiz Eduardo
Oliva, que dirigia a Segrase e acabava
de criar uma editora, e pediu que os livros de Alcino estivessem entre os
primeiros que seriam publicados. Em 2011
saiu apressadamente o primeiro. Foi uma azáfama para que o livro ficasse pronto a tempo de ser levado para um
evento em Juazeiro do Padre Cícero. O diretor-industrial jornalista Milton
Alves sabe bem quanto foi necessário
correr e improvisar.
Este ano saiu o segundo livro. Já dirigia a Segrase
o professor e escritor Jorge Carvalho.
Novamente, tudo com muita pressa. Alcino
estava doente, e o livro teria de ser
levado a outros eventos. Mais uma vez a equipe de Milton Alves mostrou-se
eficiente. Jorge Carvalho, um
intelectual que valoriza como poucos a cultura sergipana, resolveu mandar o
livro à Feira de Frankfurt, na Alemanha, também à Bienal do Livro em São Paulo.
Nas duas, a obra de Alcino ganhou destaque, e há agora editores alemães
interessados em publicar os seus livros
sobre o cangaço. Jorge Carvalho, que
doutorou-se na Alemanha, tem ligações naquele país, e isso facilita a tarefa. Assim, o maior reconhecimento ao
escritor será feito exatamente pela
valorização da sua obra, levando-a a ser publicada em outras línguas, uma ambição
pouco realizada de tantos escritores brasileiros.
Poço Redondo quer promover outras
homenagens a Alcino, que foi também, por
três vezes, prefeito daquele município. O prefeito Roberto Araujo e a Câmara de
Vereadores estão pensando na melhor forma de fazer o reconhecimento público da
obra do Caipira de Poço Redondo.
E aqui vai a nossa sugestão: Há
em Poço Redondo uma Avenida que leva um nome que não é merecedor do consenso da
sua população. Denominar logradouros públicos ligando-os às datas históricas é
uma tarefa que requer sensibilidade, isso para que a data escolhida seja sobretudo a de
um evento histórico incontroverso, sobre o qual não existam polêmicas, nem
objeções. A Avenida em questão levou o nome de 31 de Março, como se sabe, a
suposta data em que ocorreu o Golpe de
Estado de 1964, quando destruíram a Constituição e as instituições democráticas brasileiras, e
iniciou-se um tempo de arbítrio, perseguições,
violências, prisões, tortura e morte. Não deve ser, portanto, uma data a merecer o respeito de todos os
brasileiros, embora ainda exista uma pequena parcela, principalmente de velhos
militares da reserva que, bem intencionadamente, acreditam que o 31 de Março, (seria
mais exato o primeiro de abril,) teria livrado o Brasil de mergulhar nas trevas
de uma ditadura do proletariado, apoiada por Moscou e Pequim. Como a História assinala apenas o que
acontece, as hipóteses devem ser sempre
desconsideradas quando se trata de reconstruí-la. Dessa forma, Alcino Alves
Costa agora morto, poderia ser o instrumento do destino para que se resolva
definitivamente essa controvérsia que persiste em Poço Redondo a respeito do
nome de uma das suas principais artérias. Vamos então, o prefeito Roberto
Araujo, a Câmara de Vereadores, com o
apoio dos poçoredondenses, dar, àquela avenida, o nome honrado e unanimemente respeitado de
Alcino Alves Costa. Avenida Alcino Alves Costa.
Uma observação: A artéria cujo nome sugerimos mudar, chamava-se Avenida
Poço Redondo, o nome foi dado pelo então Prefeito Frei Enoque, com apoio da
Câmara. A mudança para 31 de Março ocorreu quando a médica Iziane, assumiu a
Prefeitura. Querendo fazer pirraça com
frei Enoque, ela que foi eleita por ele combinou com o vereador Aderaldo
Rodrigues Caldeira a mudança do nome
para 31 de Março, em homenagem ao golpe militar, e os vereadores, por
maioria, aprovaram. Assim não ofenderam
o Frei Enoque, mas, desrespeitaram o
povo de Poço Redondo, que tinha na Avenida uma homenagem à sua própria terra.
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