sábado, 10 de novembro de 2012

A AVENIDA DO CAIPIRA DO SERTÃO



A AVENIDA DO CAIPIRA DO SERTÃO
 Caipira de Poço Redondo,  era assim que reverentemente se referia a Alcino Alves Costa um seu discípulo, o delegado escritor e também artista plástico Archimedes Marques, e esse foi o título que deu ao artigo escrito para homenagear a memória do   escritor,  pesquisador , poeta e compositor,  que se foi quando novembro começava. Resta agora aos sergipanos homenagearem Alcino, sobretudo, divulgarem a sua obra.
Entre o ano que findou e este que termina, o governo do estado editou dois livros de Alcino. A publicação resultou de uma conversa que Alcino teve com  o governador Marcelo Déda. No outro dia Déda ligou para Luiz Eduardo Oliva, que dirigia a Segrase  e acabava de criar uma editora, e pediu que os livros de Alcino estivessem entre os primeiros que seriam publicados.  Em 2011 saiu apressadamente o primeiro. Foi uma azáfama para  que o livro  ficasse pronto a tempo de ser levado para um evento em Juazeiro do Padre Cícero. O diretor-industrial jornalista Milton Alves sabe bem  quanto foi necessário correr e improvisar.
 Este ano saiu o segundo livro. Já dirigia a Segrase o professor e escritor Jorge  Carvalho. Novamente,  tudo com muita pressa. Alcino estava doente,  e o livro teria de ser levado a outros eventos. Mais uma vez a equipe de Milton Alves mostrou-se eficiente. Jorge  Carvalho, um intelectual que valoriza como poucos a cultura sergipana, resolveu mandar o livro à Feira de Frankfurt, na Alemanha, também à Bienal do Livro em São Paulo. Nas duas, a obra de Alcino ganhou destaque, e há agora editores alemães interessados em publicar  os seus livros sobre o cangaço. Jorge  Carvalho, que doutorou-se na Alemanha, tem ligações naquele país,  e isso facilita  a tarefa. Assim, o maior reconhecimento ao escritor será feito exatamente   pela valorização da sua obra, levando-a a ser publicada em outras línguas, uma ambição pouco realizada de tantos escritores brasileiros.
 Poço Redondo quer promover outras homenagens  a Alcino, que foi também, por três vezes, prefeito daquele município. O prefeito Roberto Araujo e a Câmara de Vereadores estão pensando na melhor forma de fazer o reconhecimento público da obra do Caipira de  Poço  Redondo.
E aqui vai a nossa sugestão: Há em Poço Redondo uma Avenida que leva um nome que não é merecedor do consenso da sua população. Denominar logradouros públicos ligando-os às datas históricas é uma tarefa que requer sensibilidade, isso  para que a data escolhida seja sobretudo a de um evento histórico incontroverso, sobre o qual não existam polêmicas, nem objeções. A Avenida em questão levou o nome de 31 de Março, como se sabe, a suposta data em que ocorreu o  Golpe de Estado de 1964, quando destruíram a Constituição  e as instituições democráticas brasileiras, e iniciou-se um tempo de arbítrio, perseguições,  violências, prisões, tortura e morte. Não deve ser, portanto,  uma data a merecer o respeito de todos os brasileiros, embora ainda exista uma pequena parcela, principalmente de velhos militares da reserva que, bem intencionadamente, acreditam que o 31 de Março, (seria mais exato o primeiro de abril,) teria livrado o Brasil de mergulhar nas trevas de uma ditadura do proletariado, apoiada por Moscou e Pequim.  Como a História assinala apenas o que acontece,  as hipóteses devem ser sempre desconsideradas quando se trata de reconstruí-la. Dessa forma, Alcino Alves Costa agora morto, poderia ser o instrumento do destino para que se resolva definitivamente essa controvérsia que persiste em Poço Redondo a respeito do nome de uma das suas principais artérias. Vamos então, o prefeito Roberto Araujo, a Câmara de Vereadores,  com o apoio dos poçoredondenses,  dar,  àquela avenida,  o nome honrado e unanimemente respeitado de Alcino Alves Costa. Avenida Alcino Alves Costa.
Uma observação: A artéria  cujo nome sugerimos mudar, chamava-se Avenida Poço Redondo, o nome foi dado pelo então Prefeito Frei Enoque, com apoio da Câmara. A mudança para 31 de Março ocorreu quando a médica Iziane, assumiu a Prefeitura.   Querendo fazer pirraça com frei Enoque, ela que foi eleita por ele combinou com o vereador Aderaldo Rodrigues Caldeira  a mudança do nome para 31 de Março, em homenagem ao golpe militar, e os vereadores, por maioria,  aprovaram. Assim não ofenderam o  Frei Enoque, mas, desrespeitaram o povo de Poço Redondo, que tinha na Avenida uma homenagem à sua própria terra.

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