LEMBRANDO
DAS LICÕES
DO ¨VELHO GUERREIRO ¨
Abelardo Barbosa, o Chacrinha, do
desprezo que lhe devotava a intelectualidade,
torcendo o nariz para o
popularesco escrachado dos seus programas, saltou para os meios acadêmicos como
objeto de estudo, um case de sucesso
na arte de comunicar-se com as massas. Chacrinha jogava bacalhau para a
plateia, e exibia as formas esculturais, na época um tanto rechonchudas, das suas ¨chacretes ¨, por ele levadas ao estrelato como símbolos
sexuais. A Discoteca do Chacrinha, depois Cassino do
Chacrinha, transportou-se da decadente
Tupi para a Rede Globo, em ascensão, e
foi um
programa de grande sucesso que dominou anos seguidos a audiência nas
tardes dos sábados.
Chacrinha, que chamava a si mesmo de Velho Palhaço, soprando a sua buzina e sempre inovando as
extravagantes fantasias, tornou-se um símbolo cult da Tropicália, movimento de artistas
subjugados e inconformados com a ditadura,
buscando formas de expressão não convencionais, e que
lograssem escapar da vigilância tão ativa quanto desinteligente dos censores .
Chacrinha tornou modismo o seu
bordão: ¨ Quem não se comunica se trumbica.¨ Teóricos da comunicação, até os marqueteiros da ditadura, entenderam ao pé da letra a mensagem do Velho
Guerreiro, e nela se inspiraram. O coronel Octávio Costa, soube de forma
competente dourar a pílula amarga do regime autoritário. Fazendo discursos
edulcorados expressando sentimentos
humanistas e liberais, ele ao mesmo tempo retirou os óculos escuros do
carrancudo presidente Garrastazu Médici,
e com a tarefa facilitada pela mudez
compulsória da mídia, sufocou os gritos dos torturados, e levou o
Maracanã repleto, a aplaudir o
férreo general que aliviava a pesada consciência assistindo partidas de futebol.
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