sábado, 6 de outubro de 2012

LEMBRANDO DAS LICÕES DO ¨VELHO GUERREIRO ¨



 LEMBRANDO   DAS  LICÕES
DO   ¨VELHO GUERREIRO ¨
 Abelardo Barbosa, o Chacrinha,   do desprezo que lhe devotava a intelectualidade,   torcendo  o nariz para o popularesco escrachado dos seus programas, saltou para os meios acadêmicos como objeto de estudo, um case de sucesso na arte de comunicar-se com as massas. Chacrinha jogava bacalhau para a plateia, e exibia as formas esculturais, na época um tanto rechonchudas,  das suas ¨chacretes ¨,  por ele levadas ao estrelato como símbolos sexuais.  A  Discoteca do Chacrinha, depois Cassino do Chacrinha,   transportou-se da decadente Tupi  para a Rede Globo,  em ascensão, e  foi   um  programa de grande sucesso que dominou anos seguidos a audiência nas tardes dos sábados.
Chacrinha, que chamava a si mesmo   de Velho Palhaço,   soprando a sua buzina e sempre inovando as extravagantes fantasias, tornou-se um símbolo cult  da Tropicália, movimento de artistas subjugados e inconformados com a ditadura,  buscando formas de expressão não convencionais,  e  que lograssem escapar da vigilância tão ativa quanto desinteligente dos censores .
Chacrinha tornou modismo o seu bordão: ¨ Quem não se comunica se  trumbica.¨ Teóricos da comunicação,  até os marqueteiros da ditadura,  entenderam ao pé da letra a mensagem do Velho Guerreiro, e nela se inspiraram. O coronel Octávio Costa, soube de forma competente dourar a pílula amarga do regime autoritário. Fazendo discursos edulcorados  expressando sentimentos humanistas e liberais, ele ao mesmo tempo retirou os óculos escuros do carrancudo presidente   Garrastazu Médici,  e com a tarefa facilitada pela mudez compulsória da mídia, sufocou os gritos dos torturados,  e levou o  Maracanã repleto,  a aplaudir o férreo general que aliviava a pesada consciência assistindo partidas de futebol.

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