ADIAR A
VOTAÇÃO NA CÂMARA É
AMEAÇA AO FUNDO DE PREVIDENCIA
Há muito tempo não se via uma
cena assim. João Alves, o ex-governador
com três mandatos, o ex-prefeito de
Aracaju por quatro anos, agora retornando ao ponto por onde iniciou sua
estrelada carreira política, eleito prefeito de Aracaju, desta vez com votos, e
muitos votos, unindo-se a sindicatos e batendo na mesma tecla de interesses
comuns. João quer adiar para o próximo ano a votação do projeto de lei
encaminhado pelo prefeito Edvaldo Nogueira à Câmara de Vereadores . O projeto reformula o estatuto do Servidor, tratando ainda da previdência municipal. Os sindicatos, excetuando-se o maior deles, o Sepuma de Nivaldo Fernandes, enxergaram defeitos no projeto e juntam-se a
João Alves tentando evitar a aprovação.
O novo
prefeito, como se sabe, tem predileção por construir, e prioriza
o cimento e o tijolo, até por
entender que grandes canteiros de obras geram empregos, fazem circular riqueza
e transferem mais benefícios sociais do que a simples
majoração de salários dos servidores públicos, uma categoria restrita, que João
nas outras vezes em que governou, sempre manteve sob rigorosa contenção de
expectativas. Traduzindo no popular: de cuia na mão. João
entende, e por isso ele é um destacado
integrante do DEM, partido com forte conotação de direita, que avanços sociais só
podem chegar aos trabalhadores através do crescimento econômico, algo bem parecido
com a mensagem que o republicano Mitt
Romney agora tenta passar ao povo
americano no seu embate com Barack Obama.
. Para Romney , a saúde pública, programas sociais, e até o direito à aposentadoria, não são conquistas dos trabalhadores, mas,
sintomas de fraqueza que devem ser combatidos, porque, de acordo com a visão ultraliberal, a livre iniciativa abre oportunidades para todos. Segundo a elite conservadora americana só os fracassados, incapazes e preguiçosos,
necessitariam do amparo estatal. Há esse tipo de conservadorismo que cultiva
muito mais preconceitos do que valores.
Nada mais legítimo do que a
defesa de posições ideológicas, sejam elas de direita, extrema direita, de esquerda, extrema esquerda, de centro, ou se mais classificações existirem, mas, seria
importante que no decurso da campanha, esses temas fossem tratados, e bem explicitadas as posições ideológicas de cada
candidato, o que nunca acontece, até porque
não parece esse o debate capaz de chamar a atenção do eleitorado.
João Alves que sempre se diz
pontualmente reciclado, chega agora com essa característica nova de abertura ao entendimento, e parece fazer o descarte dos
métodos de radicalização política que sempre caracterizaram os seus governos.
Para o encontro com os vereadores
eleitos, ( e foram todos convidados ) João tratou de estar sintonizado com sindicatos dos servidores municipais que fazem
restrições ao projeto de lei enviado por
Edvaldo, e que já se encontra em
tramitação, quase aprovado.
Assim , cercando-se ecumenicamente de vereadores e de
sindicalistas que encontraram defeitos
no projeto em tramitação, João Alves se
fortalece para sugerir que a votação só
venha a acontecer no próximo ano, quando
ele estiver sentado na cadeira de prefeito. O presidente da Câmara Emanoel
Nascimento discorda, esclarece que não se poderá por um freio na sequencia de
procedimentos usuais nos legislativos.
No bojo das votações em andamento,
está
a emenda à Lei Orgânica do Município. A emenda cerca de indispensáveis blindagens o Fundo Previdenciário criado
por Déda, inflado por Edvaldo, e que alcança hoje a vistosa soma de duzentos
milhões de reais. Não há razão para que
se deixe de votar , se for preciso, até em regime de urgência, esse item que
não aumenta despesas, uma das preocupações expressas pelo prefeito
eleito, mas, é a única garantia de um fim de carreira tranquilo para os
servidores , com a certeza da aposentadoria.
É bem conhecida a preferencia de
João Alves pelas construções. Se,
dominado pela ânsia de construir mais e
mais ele resolver usar uma parte dessa dinheirama do Fundo de Aposentadoria
para fazer obras? Diz a sabedoria
popular que cesteiro que faz um cesto, se
lhe derem palha e tempo ele faz um cento.
Os sindicalistas que descobriram
eventuais falhas no projeto de lei, precisam estar bem atentos no que se refere ao
pretendido adiamento da votação, e os interesses que esse adiamento poderia estar a esconder. O
conhecimento que João Alves tem hoje da situação financeira da Prefeitura é o
mesmo que ele terá depois que assumir o
cargo. Então, por que o empenho em transferir para amanhã o que poderá ser feito
hoje sem causar prejuízos ou preocupações ?
Haveria o disfarçado interesse de
usar o Fundo de Aposentadoria para outras finalidades?
Essa é uma duvida que vem causando um sentimento de insegurança
entre os servidores . Dúvida que merece ser desfeita.
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