sábado, 29 de setembro de 2012

O MODELO ¨CARROCÊNTRICO ¨ E A PROPOSTA DO VLT



O MODELO ¨CARROCÊNTRICO ¨
 E   A  PROPOSTA   DO  VLT
 Quando Juscelino Kubitscheck   naquele ano de 1957 fez o que ninguém imaginava fosse possível , e implantou a indústria automobilística no Brasil, as ferrovias iniciadas ainda no Império  precisavam ser modernizadas. Mas,  o asfaltamento e ampliação da rede viária,  a marcha para o oeste que  Brasilia desencadearia, logo tornaram  preponderante o modelo rodoviarista.  As ferrovias foram perdendo importância e a navegação de cabotagem entrou em crise. Começou a  era do Fênêmê, o caminhão enorme, fabricado no Brasil pela  estatal Fábrica Nacional de Motores.  Ronceiro, o fênêmê  exigia duas pedaladas na embreagem sincronizando-se o movimento com o acelerador para engatar a marcha, o  chamado ¨queixo – duro ¨ .  Apesar disso,  era  resistente, vencia  sobranceiro as  enormes distancias brasileiras que as rodovias começavam a interligar, e tornou-se o preferido, até que o Mercedes  o desbancou, e a fábrica, dependente de subsídios, depois  acabou fechando.  Foi o tempo da estrada Belém- Brasília, o  ¨ caminho das onças ¨,  como a denominou, desdenhoso, o ébrio e desmazelado demagogo  Jânio Quadros, que se  tornou presidente sucedendo a Juscelino, acenando  novas esperanças,  para logo desfazê-las com a renuncia, mal iniciado o mandato.   Foram chegando outras fábricas de caminhões bem mais modernos,  e em pouco tempo  o transporte rodoviário tornava-se preponderante,  superando trens e navios. Esse modal quase único de transporte, é hoje um dos fatores que mais pesam no chamado  ¨custo Brasil¨, o conjunto de fatores que encarece os nossos produtos.
O  caminhão dominou as estradas , por sua vez, as cidades se entopem irremediavelmente com  o automóvel , tornado  cada vez mais acessível pela estabilização da moeda em 1994, depois, pela   era Lula, de expansão do crédito e  melhor distribuição de renda. O caos das cidades,  se já não existe ,  pode ser diariamente prenunciado na rotina exaustiva   dos enormes engarrafamentos. O ar pestilento  deixou de ser característica das grandes metrópoles ,  e aquelas de médio porte,  como é o caso de Aracaju, também  já enfrentam   os problemas decorrentes da poluição da atmosfera.  Os  veículos usando derivados do petróleo  são agora os grandes vilões, responsáveis, em boa parte,  pelo aquecimento global, que nos leva rapidamente ao colapso da vida no planeta, embora haja muitas e bem fundamentadas  controvérsias.
Estamos,  embora tardiamente,  investindo em ferrovias, refazendo o desprezado trem,  e retornando também ao transporte marítimo e hidroviário. Um modelo bem mais eficiente, que infelizmente desprezamos.
 Nesta campanha eleitoral ,  discute-se em Aracaju qual o melhor modelo de transporte para nos livrar da completa  imobilidade urbana,  que é uma ameaça concreta e bem próxima.
Valadares Filho avançou, foi  além do chamado modelo ¨carrocêntrico , ¨ que os urbanistas atualizados  consideram o grande cancro que está a contaminar as cidades.  A ideia do jovem candidato é modelo consagrado em várias cidades de porte médio e também algumas grandes.   Estamos até chegando tarde na  adoção de uma ideia pela qual tantas cidades nordestinas já fizeram bem antes, uma bem sucedida opção. O Veículo Leve sobre Trilhos é, além de tudo,  ecologicamente adequado, não contribui para aumentar a emissão de gases, ou seja, não faz fumaça.
O superado modelo  carrocêntrico entrou em crise, vai chegando ao ponto de colapso, e há ainda quem insista em revivê-lo, acenando com mais avenidas, mais estacionamentos, quando, o essencial é retirar carros das ruas,  substituindo-o por um transporte  de massa eficiente.
 A Finlândia, país aqui  recorrentemente citado como modelo de tantas coisas exemplares, não tem indústria automobilística.  Os veículos  importados são pesadamente taxados, mas  os finlandeses não abandonaram o automóvel. Eles estão em quase todas as garagens, desde a tranquila capital Helsinki, até o  norte do país,  dentro do Círculo Polar Ártico, região de renas e florestas de taiga.  Todavia, o veículo individual é usado  racionalmente.  Nas cidades,  ninguém os utiliza para ir ao trabalho. Em Helsinki, há o metrô, ônibus elétricos, e o VLT, intensamente utilizados. Viajando em um trem urbano, o VLT, um  jornalista sergipano, conheceu  em Helsinki, um alto executivo da Nokia, que se  mostrava muito interessado em relação ao Brasil, e respondeu à curiosidade do  brasileiro surpreso  por vê-lo usando um transporte coletivo, esclarecendo que  o trenzinho urbano era  diariamente utilizado  para ir e retornar do trabalho.
O argumento contrário, é que o VLT seria dispendioso. Não há alternativa que venha a ser milagrosamente barata e eficiente.   Valadares Filho tem  , além de tudo, condições políticas que o ajudariam, decisivamente, na negociação dos recursos necessários para a implantação de um sistema de transporte moderno , atualizado, a melhor solução para o caos urbano de Aracaju.
Certamente agora,  dirão que o governo do Distrito Federal cancelou o VLT, por ser  inviável. O VLT de Brasilia  fora projetado dentro do PAC,  para ficar pronto  antes da  Copa do Mundo. Como houve problemas na licitação, acabou sendo  temporariamente cancelado, para ser refeito depois,  sem a pressa de atender ao evento desportivo.
 Brasília, uma cidade inteligente, não renunciou ao VLT.

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