EM DEFESA DOS FLANELINHAS
Enquanto houver pessoas trabalhando, mesmo em sacrificados
postos de subemprego, haverá menos assaltantes nas ruas. Se eles perdem o
emprego a marginalidade surge quase como
única opção. Isso não quer dizer que a miséria seja a causa única da violência , até
porque nos últimos tempos, tornou-se
alarmante modismo jovens da alta classe média e até muito ricos empunhando
uma arma e organizando ousadas quadrilhas. Alias não há quadrilha mais perniciosa do que aquela formada por engravatados que
estão no poder ou gravitando em torno dele.
O velho Karl Marx sempre
atualíssimo quando se trata de
compreender o processo
econômico, mas, evidentemente defasado em relação aos fenômenos sociais da chamada modernidade, apostava na virtude de um Estado igualitário
para corrigir as sequelas da ¨natureza humana¨, expressão excluída do seu léxico de rigoroso teórico .
Mas a ¨natureza humana ¨existe, está
presente em todos os episódios do cotidiano. E ela comporta a ambição, os
desejos irrefreáveis, a tendência para o
egoísmo, o ódio, a vontade de delinquir, a adesão ao subir a qualquer preço.
Por isso, jovens ricos não saciados com
o que possuem tornam-se delinquentes, por isso, há tantos bem aquinhoados
roubando descaradamente.
O pobre , este, sempre
se conforma com menos, mas, evidentemente, quer comida sobre a mesa,
o jovem sonha com uma moto, um tênis de
marca, coisas simples que nem são supérfluas. Os flanelinhas da cidade são
pobres assim, trabalhadores que começam a trilhar os novos caminhos das classes
C e D. Muitos deles, já chegam ao
trabalho montados em motos, algumas novinhas, saídas da concessionária. Estão
ascendendo socialmente, exercendo uma atividade
que não exige qualificação
profissional. É o que podem e sabem
fazer. Se lhes for retirada a fonte
única de sustento, muitos deles não tolerarão ouvir o choro de fome dos seus
filhos, e daí para a marginalidade será um passo fácil de ser dado.
O Estado que não consegue assegurar o pleno emprego não tem
o direito de legislar negativamente
sobre o trabalho daqueles que precariamente vão conseguindo sobreviver na in formalidade.
Há excessos cometidos por alguns flanelinhas, há desrespeitos, há casos de
marginais entre eles, mas existe a Lei
Municipal , uma iniciativa do vereador Chico Buxinho, uma boa estrutura legal para regulamentar a profissão. Infelizmente a lei não é aplicada e se
multiplicam os atritos entre proprietários de veículos e flanelinhas que atuam
na ilegalidade.
O vereador Valdir
Santos tentou, com outro projeto de lei, colocar de novo em pauta a
regulamentação que não se aplica, e
criou-se uma desatinada discussão,
meramente eleitoreira, que em nada contribuiu para a solução adequada do
problema. Precavidamente, o vereador
Valdir pediu a retirada da sua propositura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário