ZE VALADARES E O MARACUJÁ PERRUCHE
Jose Valadares, três vezes prefeito de Simão
Dias, com transito fácil se quiser, para eleger-se para um quarto mandato. Foi
também duas vezes deputado estadual. Por ter uma biografia assim, ele é político
muito conhecido e popular, com a
característica peculiar de não ter aquele comportamento calculadamente maneiroso
que caracteriza quase todos os que se dedicam a fazer política. Conta-se
que certa vez, durante uma campanha eleitoral um eleitor o abordou na rua,
pegou no seu braço e disse: - Zé, eu preciso falar com você. E Valadares sem
edulcorar a voz respondeu pronto: - Você já está falando, o que quer mais ? De
outra feita, às vésperas de uma eleição, ele era prefeito e mandou, no momento
mais impróprio, vésperas de eleição, derrubar uns barracos de feira que não
tinham autorização da Prefeitura e os donos se recusavam a cumprir a ordem para
retirá-los. A televisão filmou tudo, houve protestos, mas Zé Valadares não
voltou atrás e ganhou a eleição. Poucos
o conhecem porém como um semeador.
Semeador literalmente, de árvores que ele espalha pelo seu município. Na
encosta da montanha onde reside em casa modesta, em meio a um pomar, cultiva
várias espécies de árvores. Não satisfeito, arborizou, as vezes ele mesmo
plantando, até as grimpas da serrania onde,
quando prefeito fez construir um mirante que permite privilegiada visão
de uma bela paisagem. Não se cansa de distribuir mudas que compran
quase sempre nas estufas da Colônia Treze, em Lagarto, ou as conseguindo sem
custo, mandando buscá-las no viveiro mantido pelo Instituto Vida Ativa em
Canindé do São Francisco. Reclama de quem recebe as mudas e não as planta nem delas cuida, e agora diz que é preciso
reflorestar todo o município, recuperar as imensas áreas de florestas
destruídas por uma indústria local que usa lenha nos seus fornos devastadores,
que não pouparam, sequer, centenárias jaqueiras. Agora, Zé Valadares se dedica a preservar o maracujá perruche, uma frutinha em extinção. É planta
tenra e frágil que brota como ramagem, e produz uma frutinha, como se fosse um
pequenino maracujá. Dela se faz um doce de sabor sofisticado, principalmente
quando preparado com os cuidados e a experiência de Dona Caçula, sua mãe,
também ex-prefeita de Simão Dias,
matriarca com gosto para a politica, que deu sequencia á liderança do
marido,Jose Valadares, que foi deputado, líder político em sua terra. Agora tem filho senador, um neto deputado federal, Valadares Filho, e outro neto, Pedrinho
Valadares, que já foi também representante em Brasília. Uma descendência com gosto para a política
dela herdado, e também para os sabores da sua arte culinária. O doce de maracujá
perruche, uma raridade que Dona Caçula não deixa sumir, é servido no
apartamento brasiliense do senador Valadares, também no apartamento aracajuano
do ex-governador Albano Franco, que sempre
faz questão de referir-se à procedência da iguaria, o mesmo fazendo o
governador Marcelo Déda, ao servir o doce em palácio a convidados especiais,
quase sempre ministros, embaixadores, empresários.
Faz muito tempo, o maracujá perruche era recolhido nas primeiras chuvas, nos terrenos
recobertos de matas que circundavam Aracaju.
Depois de descascado com técnica especial, usando-se cinzas, era vendido
por mulheres que carregavam sobre a cabeça grande latas de querosene cheias de
água, onde a frutinha verde era colocada para se manter fresca. Por aqui o
maracujá perruche já desapareceu. Em Simão Dias ainda é encontrado, e agora Zé
Valadares dedica-se a preservar a espécie. Tem muitas mudas na sua chácara e
recolhe sementes que distribui com quem estiver interessado em evitar o
desaparecimento da planta. O Instituto Vida Ativa, que faz parceria com Zé,
recebeu alguns milhares de sementes, e começa a semeá-las, na esperança de que a
aridez do sertão possa ser compensada com o cuidado que receberão as
plantinhas.
Que maravilha que é o doce desse maracuja, como faço pra conseguir uma muda, meu email é carvalhonadja@hotmail.com
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