UMA SINFONICA PARA DJENAL
Cumprindo a cuidadosa agenda que
contempla, todos os meses, homenagens aos ex-governadores que aniversariariam,
ou, se vivos apagam velinhas, o Palácio Museu na quinta-feira, dia 31, fez lembrar o ex-governador Djenal Tavares
de Queiroz. Uma surpresa agradável anunciada pela eficiente coordenadora Eliane Borges foi a participação, no evento,
da Orquestra Sinfônica de Moita Bonita, um pequeno município com irrisória
arrecadação, mas que dá um exemplo de
como é possível não sucumbir inteiramente ao axé.
Djenal, como disse o palestrante, foi uma mistura bem
elaborada de militar e político. O general rígido na ordem unida, era também o
parlamentar afeito ao diálogo, firme nas suas posições conservadoras, mas
sempre disposto a conviver em harmonia com todos os que dele eram antípodas em
termos de ideologias. Por isso se fez respeitado e, mais ainda, quando no
desmoronar da democracia, com os militares no poder, Djenal em Sergipe se
transformou, enquanto pôde, num fator de equilíbrio, contendo, com a autoridade
que conservava mesmo estando na reserva,
os ímpetos dos quarteis, nisso, distanciando-se moralmente daqueles que se
aproveitaram da ocasião para bajular fardados, e, quando não repelidos por nojo, cumpriam a aviltante tarefa de
perseguir e denunciar. O general
Djenal atravessou aquele período sem se
deixar contaminar pelos malefícios que acompanham todas as ditaduras. Djenal foi governador de Sergipe durante nove
meses substituindo Augusto Franco,
que se desincompatibilizou para
concorrer à Câmara Federal e permitir que seus filhos Albano e
Walter Franco fossem candidatos ao
Senado e à Assembleia Legislativa. Cumpriu rigorosamente os compromissos
assumidos com Augusto, depois de ter atuado, decisivamente, para viabilizar a candidatura de João Alves com o
apoio dos Franco, o que parecia
impossível, mas, a habilidade de Djenal removeu os obstáculos, para satisfação
de Albano, que queria ser Senador numa chapa majoritária absolutamente sem
riscos de não ser bem sucedida. Na
ocasião, ex-prefeito de Aracaju, João
Alves era muito bem avaliado na capital,
mas um desconhecido no interior,
onde a força do poderoso esquema logo o fez preferido dos principais
chefes políticos da época. Albano,
frequentador assíduo de todas as homenagens a ex-governadores que
acontecem no Olímpio Campos, acompanhava a palestra sobre o amigo Djenal e, em alguns momentos, fazia acréscimos
oportunos às palavras do jornalista palestrante.
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