domingo, 10 de junho de 2012

UM QUADRO QUASE DEFINIDO


UM QUADRO QUASE DEFINIDO
 Estão praticamente alinhados os contendores para a batalha de outubro em Aracaju. Depois de idas e vindas, de indefinições, avanços e recuos, conversas encaminhadas e também desfeitas, tratativas conclusas e inconclusas, acertos e desacertos, depois de cumpridos todas essas etapas do indispensável ritual da política, aparecem agora bem delineados, ou quase, diríamos, pintados vivamente, os nomes daqueles que  se enfrentarão nas urnas disputando a  sucessão de Edvaldo Nogueira.
João Alves, o ex-governador, será mesmo o candidato do DEM. Ele começou a ser cogitado para essa próxima disputa tão logo saiu derrotado do segundo confronto com Marcelo Déda. Mas, ao contrário da primeira vez, João safou-se  da refrega amargando outro revés, mas, com o trunfo valioso de ter vencido em Aracaju, onde  o conservadorismo do DEM, herdeiro do  embolorado Pêfêlê, perdera sintonia com o eleitorado.  João, sempre se definindo como homem capaz de acompanhar o seu tempo, soube fazer uma oposição competente,  teve ao seu lado um aguerrido e pequeno grupo, basicamente formado pelos deputados Venancio Fonseca, Augusto Bezerra e, em temas específicos, Jose  Carlos Machado,
 completando  a tarefa quase sempre em Brasilia,  o deputado federal Mendonça Prado, também frequentador assíduo dos movimentados horários radiofônicos. Somando-se a isso tudo a tendência sempre oposicionista dos aracajuanos, as fortes dissenções dentro da base  do governo, a perda pelo PT governo, da sua antiga base sindical, particularmente  a liderada pela deputado Ana Lúcia, com olhos postos na sua própria reeleição, e uma visão  da esquerda  que não conseguiu  ouvir o fragor  do Muro de Berlim desmoronando, então, essa soma de fatores adversos, e mais ainda a mídia que deixou de ser domesticada com verbas oficiais, foi gerado o desgaste, o espaço de insatisfação registrado mais intensa e também paradoxalmente, na classe média, agora, via Lula e Dilma ampliada com os que ocuparam amplos espaços nas faixas C e D.  Assim, o nome de João reviveu,   embora sem ultrapassar ainda o nível de trinta e seis por cento da preferência popular registrado, com pequenas variações, em todas as pesquisas. E ele, resolvendo saltar possíveis obstáculos  que eventualmente  poderão surgir na área judicial,  assume a candidatura que sempre quis, mas andou um tanto abalado por hesitações, e até o pouco entusiasmo da mulher , a senadora Maria do Carmo,  não muito disposta a enfrentar as asperezas de uma campanha política.
Na área situacionista, apesar da disposição e do entusiasmo do deputado federal Rogério Carvalho, a necessidade de um consenso fará ungir o nome do deputado federal Valadares Filho, que conta com a simpatia do prefeito Edvaldo Nogueira, e a certeza de ser acolhido sem restrições pelo governador Marcelo Déda. Não será uma empreitada fácil para o jovem político o embate com João Alves , mas, ele espera ver convergir em sua direção a preferência  dos jovens. Um dos seus assessores assegura que  Valadares Filho  terá um discurso focalizado principalmente no contexto da população  formada por um grupo etário que nasceu nos anos noventa, a maioria votando pela primeira  vez, e que não revela preferencia, ou sequer simpatia,  pelo atual modelo da política sergipana. Valadares Filho tratará João com o máximo respeito, reconhecendo sua contribuição para o desenvolvimento de Sergipe, de Aracaju especificamente, mas, insistindo na necessidade de uma troca de comando para os mais jovens, entendendo que gerações mais antigas já cumpriram o seu papel e estaria chegada a hora para  que dignamente sejam aposentadas.
Almeida Lima depois de bater insistentemente à porta dos irmãos Amorim, sentiu que a rejeição a ele não está apenas naqueles contra os quais pesadamente disparou, mas, os efeitos do seu gênio ególatra e imprevisível criaram uma barreira insuperável entre ele e todos os grupos políticos sergipanos. Uns não o querem ,por  nutrirem  um  sentimento que desliza da ojeriza ao ódio, outros, o vêm com profunda desconfiança, mesmo quando ele aparece  trajando  as vestes de um suplicante querubim. Mas Almeida será candidato, simplesmente porque o seu novo partido, o PPS, não descobriu ainda como mandá-lo  catar coquinhos  bem longe, para, livre do entulho,  depois correr indo em direção  a João Alves. Essa pelo menos  seria a declarada preferência de Nílson Lima, um dos que não suportam mais conviver com a pavoneante empáfia.
Henry Clay,advogado jovem, cuja experiência política restringe-se aos acirrados pleitos dos quais participou com êxito  no âmbito da OAB,  da qual foi  presidente eleito e reeleito, acredita, porém, que sua militância, sempre em sintonia com a luta pelos direitos humanos, o fará um nome a ser bem avaliado pelo eleitorado  de Aracaju.  Henry Clay, sendo mesmo candidato, se colocará numa posição de  equidistancia     em relação aos tradicionais grupos políticos sergipanos, e se apresentará como uma opção nova,  num desafio frontal ao  atual modelo de situação e oposição, esperando, com isso, conquistar um espaço novo. A depender da qualidade  do discurso e da convicção e confiabilidade com que tentará fazê-lo atraente, poderá até imaginar-se repetindo o sucesso televisivo alcançado na década dos oitenta pelo jovem político estreante Marcelo Déda.
Os irmãos Amorim,  Edivan e o senador Eduardo, acenaram muito a João Alves esperando figurar na chapa do DEM, a ela acoplando o nome de um vice. Por mais esforços que fizessem através dos deputados André Moura, Venancio Fonseca, Augusto Bezerra, do ex-deputado Jose Carlos Machado e tantos outros amigos comuns, viram baldados os seus esforços depois que o deputado federal Mendonça Prado, com a força  maior de quem fala sendo genro de João e  Maria,  não poupou  o  tom áspero contra   Edivan Amorim,  considerando que seria, nas suas próprias palavras , repugnante, qualquer acordo de João com o grupo que o seu ex-genro lidera.  Restou então aos irmãos, a perspectiva não muito promissora do lançamento de um candidato próprio. Assim, o que parece mais disposto a figurar na liça é o jovem deputado Zeca Silva. Ele é articulado, tem bom respaldo na área empresarial, transita com  certa desenvoltura em alguns bairros da cidade, até porque já foi vereador, e contará com uma afinada bateria de mais de  duzentos candidatos à Câmara  Municipal, todos pertencentes ao leque de onze partidos comandados por Edivan Amorim.

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