UM QUADRO QUASE DEFINIDO
Estão praticamente alinhados os contendores
para a batalha de outubro em Aracaju. Depois de idas e vindas, de indefinições,
avanços e recuos, conversas encaminhadas e também desfeitas, tratativas
conclusas e inconclusas, acertos e desacertos, depois de cumpridos todas essas
etapas do indispensável ritual da política, aparecem agora bem delineados, ou
quase, diríamos, pintados vivamente, os nomes daqueles que se enfrentarão nas urnas disputando a sucessão de Edvaldo Nogueira.
João Alves, o ex-governador, será
mesmo o candidato do DEM. Ele começou a ser cogitado para essa próxima disputa
tão logo saiu derrotado do segundo confronto com Marcelo Déda. Mas, ao
contrário da primeira vez, João safou-se
da refrega amargando outro revés, mas, com o trunfo valioso de ter
vencido em Aracaju, onde o
conservadorismo do DEM, herdeiro do
embolorado Pêfêlê, perdera sintonia com o eleitorado. João, sempre se definindo como homem capaz de
acompanhar o seu tempo, soube fazer uma oposição competente, teve ao seu lado um aguerrido e pequeno
grupo, basicamente formado pelos deputados Venancio Fonseca, Augusto Bezerra e,
em temas específicos, Jose Carlos
Machado,
completando
a tarefa quase sempre em Brasilia,
o deputado federal Mendonça Prado, também frequentador assíduo dos
movimentados horários radiofônicos. Somando-se a isso tudo a tendência sempre
oposicionista dos aracajuanos, as fortes dissenções dentro da base do governo, a perda pelo PT governo, da sua
antiga base sindical, particularmente a
liderada pela deputado Ana Lúcia, com olhos postos na sua própria reeleição, e
uma visão da esquerda que não conseguiu ouvir o fragor do Muro de Berlim desmoronando, então, essa
soma de fatores adversos, e mais ainda a mídia que deixou de ser domesticada
com verbas oficiais, foi gerado o desgaste, o espaço de insatisfação registrado
mais intensa e também paradoxalmente, na classe média, agora, via Lula e Dilma
ampliada com os que ocuparam amplos espaços nas faixas C e D. Assim, o nome de João reviveu, embora sem ultrapassar ainda o nível de
trinta e seis por cento da preferência popular registrado, com pequenas
variações, em todas as pesquisas. E ele, resolvendo saltar possíveis obstáculos que eventualmente poderão surgir na área judicial, assume a candidatura que sempre quis, mas
andou um tanto abalado por hesitações, e até o pouco entusiasmo da mulher , a
senadora Maria do Carmo, não muito
disposta a enfrentar as asperezas de uma campanha política.
Na área situacionista, apesar da
disposição e do entusiasmo do deputado federal Rogério Carvalho, a necessidade
de um consenso fará ungir o nome do deputado federal Valadares Filho, que conta
com a simpatia do prefeito Edvaldo Nogueira, e a certeza de ser acolhido sem
restrições pelo governador Marcelo Déda. Não será uma empreitada fácil para o
jovem político o embate com João Alves , mas, ele espera ver convergir em sua
direção a preferência dos jovens. Um dos
seus assessores assegura que Valadares
Filho terá um discurso focalizado
principalmente no contexto da população
formada por um grupo etário que nasceu nos anos noventa, a maioria
votando pela primeira vez, e que não
revela preferencia, ou sequer simpatia,
pelo atual modelo da política sergipana. Valadares Filho tratará João
com o máximo respeito, reconhecendo sua contribuição para o desenvolvimento de
Sergipe, de Aracaju especificamente, mas, insistindo na necessidade de uma
troca de comando para os mais jovens, entendendo que gerações mais antigas já
cumpriram o seu papel e estaria chegada a hora para que dignamente sejam aposentadas.
Almeida Lima depois de bater
insistentemente à porta dos irmãos Amorim, sentiu que a rejeição a ele não está
apenas naqueles contra os quais pesadamente disparou, mas, os efeitos do seu
gênio ególatra e imprevisível criaram uma barreira insuperável entre ele e
todos os grupos políticos sergipanos. Uns não o querem ,por nutrirem
um sentimento que desliza da
ojeriza ao ódio, outros, o vêm com profunda desconfiança, mesmo quando ele
aparece trajando as vestes de um suplicante querubim. Mas
Almeida será candidato, simplesmente porque o seu novo partido, o PPS, não
descobriu ainda como mandá-lo catar
coquinhos bem longe, para, livre do
entulho, depois correr indo em
direção a João Alves. Essa pelo menos seria a declarada preferência de Nílson Lima,
um dos que não suportam mais conviver com a pavoneante empáfia.
Henry Clay,advogado jovem, cuja
experiência política restringe-se aos acirrados pleitos dos quais participou
com êxito no âmbito da OAB, da qual foi
presidente eleito e reeleito, acredita, porém, que sua militância,
sempre em sintonia com a luta pelos direitos humanos, o fará um nome a ser bem
avaliado pelo eleitorado de Aracaju. Henry Clay, sendo mesmo candidato, se colocará
numa posição de equidistancia em relação aos tradicionais grupos
políticos sergipanos, e se apresentará como uma opção nova, num desafio frontal ao atual modelo de situação e oposição,
esperando, com isso, conquistar um espaço novo. A depender da qualidade do discurso e da convicção e confiabilidade
com que tentará fazê-lo atraente, poderá até imaginar-se repetindo o sucesso
televisivo alcançado na década dos oitenta pelo jovem político estreante
Marcelo Déda.
Os irmãos Amorim, Edivan e o senador Eduardo, acenaram muito a
João Alves esperando figurar na chapa do DEM, a ela acoplando o nome de um
vice. Por mais esforços que fizessem através dos deputados André Moura,
Venancio Fonseca, Augusto Bezerra, do ex-deputado Jose Carlos Machado e tantos
outros amigos comuns, viram baldados os seus esforços depois que o deputado
federal Mendonça Prado, com a força
maior de quem fala sendo genro de João e
Maria, não poupou o tom
áspero contra Edivan Amorim, considerando que seria, nas suas próprias
palavras , repugnante, qualquer acordo de João com o grupo que o seu ex-genro
lidera. Restou então aos irmãos, a
perspectiva não muito promissora do lançamento de um candidato próprio. Assim,
o que parece mais disposto a figurar na liça é o jovem deputado Zeca Silva. Ele
é articulado, tem bom respaldo na área empresarial, transita com certa desenvoltura em alguns bairros da
cidade, até porque já foi vereador, e contará com uma afinada bateria de mais
de duzentos candidatos à Câmara Municipal, todos pertencentes ao leque de onze
partidos comandados por Edivan Amorim.
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