Francisco Leite Neto, foi um
político daqueles tempos em que, acima das conveniências e do interesse pessoal,
se colocava um outro sentimento, bem mais forte, o sentimento
de honra.
Discreto, fechado, quase um enclausurado
tímido, Leite Neto foi o líder forte do PSD durante muitos anos, confrontando
uma outra liderança bem mais
carismática do que a dele, a do engenheiro Leandro Maciel. Também originário da aristocracia
canavieira Leandro se tornara o símbolo da
oposição à chamada oligarquia. Como presidente da poderosa Comissão de
Orçamento, o deputado Leite Neto distribuía fartamente verbas, mas, fato raro,
talvez inédito, nunca pediu a um só dos prefeitos que recebiam o dinheiro que
ele liberava, para que o depositasse num pequeno banco do qual era sócio,
o Rezende Leite.
Aliás, o banco fechou exatamente
quando ele presidia a endinheirada
Comissão. Leite Neto viveu e morreu deixando
o mesmo patrimônio, e foi, também durante mais de seis anos o Secretário Geral de Governo, na Interventoria de um outro homem, ao contrário dele
impulsivo, as vezes temerário, o
interventor coronel Augusto Maynard Gomes.
Leite Neto era o segundo homem mais poderoso de Sergipe. Tempos duros de
ditadura, erros certamente cometidos em consequência do autoritarismo
dominante, mas, sempre mantendo-se a
convicção ética de que dinheiro público não pode ser roubado. Entre os deslizes
autoritários, a prisão arbitrária do jornalista e promotor Paulo Costa, em
agosto de 45, jogado na penitenciária,
depois, no Quartel dos Bombeiros até a libertação final pelo Supremo, que
atendeu habeas corpus assinado pelo próprio preso, e pelos colegas advogados
Luiz Garcia e Mário Cabral. Leite Neto morreu aos 54 anos como senador da
república, em 1964. De Leite Neto,
Jackson Barreto que menino era seu admirador, diz que surpreendeu-se ao rever no Senado projetos que ele apresentou na linha de ideias sociais avançadas. Leite Neto
ocupou o governo de Sergipe por algum tempo na ausência do interventor Maynard Gomes. O Palácio Museu o homenageou
em março quando faria
aniversário. Sobre ele falou o historiador Luiz Antonio Barreto. Entre os
presentes ao auditório que se tornou ponto de referencia da memoria republicana de Sergipe , muitos amigos,
familiares, netos, filhos , sobrinhos, e a irmã, a desembargadora aposentada
Clara Leite Rezende, uma forçada ausência da qual a
Justiça sergipana se ressente.
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