sábado, 31 de março de 2012

RELEMBRANDO LEITE NETO


Francisco Leite Neto, foi um político daqueles tempos em que, acima das conveniências e do interesse pessoal,  se colocava um  outro sentimento, bem mais forte, o sentimento de honra.
Discreto, fechado, quase um enclausurado tímido, Leite Neto foi o líder forte do PSD durante muitos anos, confrontando uma   outra liderança bem mais carismática do que a dele, a do engenheiro Leandro  Maciel. Também originário da aristocracia canavieira Leandro se tornara o símbolo da  oposição à chamada oligarquia. Como presidente da poderosa Comissão de Orçamento, o deputado Leite Neto distribuía fartamente verbas, mas, fato raro, talvez inédito, nunca pediu a um só dos prefeitos que recebiam o dinheiro que ele liberava, para que o depositasse num pequeno banco do qual era sócio, o   Rezende  Leite.  Aliás,  o banco fechou exatamente quando ele  presidia a endinheirada Comissão. Leite Neto viveu e morreu deixando   o mesmo patrimônio, e foi, também durante mais de seis anos  o Secretário Geral de Governo,  na Interventoria  de um outro homem, ao contrário dele impulsivo,  as vezes temerário, o interventor coronel Augusto Maynard Gomes.  Leite Neto era o segundo homem mais poderoso de Sergipe. Tempos duros de ditadura, erros certamente cometidos em consequência do autoritarismo dominante, mas, sempre mantendo-se  a convicção ética de que dinheiro público não pode ser roubado. Entre os deslizes autoritários, a prisão arbitrária do jornalista e promotor Paulo Costa, em agosto de 45,  jogado na penitenciária, depois, no Quartel dos Bombeiros até a libertação final pelo Supremo, que atendeu habeas corpus assinado pelo próprio preso, e pelos colegas advogados Luiz Garcia e Mário Cabral. Leite Neto morreu aos 54 anos como senador da república, em 1964. De Leite  Neto, Jackson Barreto que menino era seu admirador, diz que surpreendeu-se ao  rever no Senado projetos  que ele apresentou na linha  de ideias sociais avançadas. Leite Neto ocupou o governo de Sergipe por algum tempo na ausência do interventor  Maynard Gomes. O Palácio Museu  o homenageou  em março  quando faria aniversário. Sobre ele falou o historiador Luiz Antonio Barreto. Entre os presentes ao auditório que se tornou ponto de referencia da memoria  republicana de Sergipe , muitos amigos, familiares, netos, filhos , sobrinhos, e a irmã, a desembargadora aposentada Clara  Leite  Rezende, uma forçada ausência da qual a Justiça sergipana se ressente.

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