QUEM CEGOU MILTON COELHO?
A sociedade precisa saber, a História precisa registrar com a precisão exata que os fatos exigem, quem, por exemplo, tanto torturou em Sergipe o trabalhador da PETROBRAS Milton Coelho, a ponto de deixá-lo para sempre cego? Quem andou pelo Brasil afora a martirizar o militante Wellington Mangueira e sua esposa Laura? Quem deixou Marcélio Bonfim, e como ele tantos outros, com as marcas permanentes, sofridas, das agressões, dos chutes, dos ponta-pés, dos choques elétricos, dos afogamentos, dos paus- de- arara? Por que eles foram sequestrados, metidos em aviões militares, ameaçados de serem jogados ao mar? Quais foram os autores dessas abjetas torturas, quais foram os seus mandantes? As vítimas, na maioria das vezes, nem haviam pegado em armas, o argumento que para alguns parece absurdamente suficiente para justificar a barbárie. É preciso saber exatamente porque aconteceu aqui em Sergipe, naquele fevereiro de 76, em pleno carnaval, a ocupação do quartel do 28 BC por uma tropa chegada da Bahia sob o comando de um coronel chamado Oscar Silva, e começaram os sequestros, as prisões, as iniquidades. A História, que não existe apenas para registrar os fastos gloriosos, deve abrir lugar para a inscrição em fogo de indignação, também, dos episódios mais lúgubres vividos pelo país. A História do Brasil está incompleta enquanto não for desvendado o período cinza da Ditadura Militar. Tentando minimizar o que ocorreu, os saudosos do desgraçado regime, proclamam: ¨Aqui, em comparação com a Argentina, o Chile, mesmo o Uruguay, as mortes nem foram tantas, os torturados não chegaram às dezenas de milhares.¨ Não se mede a ignominia pela sua repetição, ela simplesmente existe. Se morreram trezentos, quinhentos, se foram torturados mil, três mil, dez mil, nada disso reduz ou aumenta a hediondez do desrespeito à vida, a ominosa crueldade dos que prendem e torturam indefesos.
Não se quer revanchismo, muito menos vingança, apenas se procura restabelecer a verdade, e é preciso que os militares de agora, não comprometidos com os absurdos do passado, sintam-se também sintonizados com a sociedade brasileira, imbuídos do dever de fechar com a verdade as páginas incompletas daquele período da nossa História. Há mortos desaparecidos, as famílias tentam saber, até hoje, como eles foram eliminados, onde estão os seus corpos, até mesmo para lhes dar uma sepultura, religiosamente cristã, islâmica , judaica, budista, ou seja qual for a fé processada, restituir-lhes a dignidade devida aos despojos.
Há uma anistia que se proclamou ampla e irrestrita, e, evidentemente, o pacto que no seu tempo a sociedade aceitou plenamente deve sempre ser respeitado. Deixem então que o major Curió, por exemplo, se lhe roer o remorso, possa expiar em liberdade o seu sofrimento, se não, que continue, até orgulhoso das covardes violências que cometeu, curtindo sem pesares o seu ócio, com a vida mansa assegurada por tanto ouro que roubou nos afloramentos da Serra Pelada, com o aval que a ditadura lhe concedeu para tornar-se o feitor incontestado das selvas paraenses.
Em Sergipe já funciona o Comitê Estadual de Acompanhamento das Atividades da Comissão Nacional da Verdade. A instalação aconteceu na noite da quinta-feira, dia 15, na Escola do Legislativo, antiga Assembleia, em ato convocado pelo Secretário dos Direitos Humanos, Luiz Eduardo Alves de Oliva.
A sociedade precisa saber, a História precisa registrar com a precisão exata que os fatos exigem, quem, por exemplo, tanto torturou em Sergipe o trabalhador da PETROBRAS Milton Coelho, a ponto de deixá-lo para sempre cego? Quem andou pelo Brasil afora a martirizar o militante Wellington Mangueira e sua esposa Laura? Quem deixou Marcélio Bonfim, e como ele tantos outros, com as marcas permanentes, sofridas, das agressões, dos chutes, dos ponta-pés, dos choques elétricos, dos afogamentos, dos paus- de- arara? Por que eles foram sequestrados, metidos em aviões militares, ameaçados de serem jogados ao mar? Quais foram os autores dessas abjetas torturas, quais foram os seus mandantes? As vítimas, na maioria das vezes, nem haviam pegado em armas, o argumento que para alguns parece absurdamente suficiente para justificar a barbárie. É preciso saber exatamente porque aconteceu aqui em Sergipe, naquele fevereiro de 76, em pleno carnaval, a ocupação do quartel do 28 BC por uma tropa chegada da Bahia sob o comando de um coronel chamado Oscar Silva, e começaram os sequestros, as prisões, as iniquidades. A História, que não existe apenas para registrar os fastos gloriosos, deve abrir lugar para a inscrição em fogo de indignação, também, dos episódios mais lúgubres vividos pelo país. A História do Brasil está incompleta enquanto não for desvendado o período cinza da Ditadura Militar. Tentando minimizar o que ocorreu, os saudosos do desgraçado regime, proclamam: ¨Aqui, em comparação com a Argentina, o Chile, mesmo o Uruguay, as mortes nem foram tantas, os torturados não chegaram às dezenas de milhares.¨ Não se mede a ignominia pela sua repetição, ela simplesmente existe. Se morreram trezentos, quinhentos, se foram torturados mil, três mil, dez mil, nada disso reduz ou aumenta a hediondez do desrespeito à vida, a ominosa crueldade dos que prendem e torturam indefesos.
Não se quer revanchismo, muito menos vingança, apenas se procura restabelecer a verdade, e é preciso que os militares de agora, não comprometidos com os absurdos do passado, sintam-se também sintonizados com a sociedade brasileira, imbuídos do dever de fechar com a verdade as páginas incompletas daquele período da nossa História. Há mortos desaparecidos, as famílias tentam saber, até hoje, como eles foram eliminados, onde estão os seus corpos, até mesmo para lhes dar uma sepultura, religiosamente cristã, islâmica , judaica, budista, ou seja qual for a fé processada, restituir-lhes a dignidade devida aos despojos.
Há uma anistia que se proclamou ampla e irrestrita, e, evidentemente, o pacto que no seu tempo a sociedade aceitou plenamente deve sempre ser respeitado. Deixem então que o major Curió, por exemplo, se lhe roer o remorso, possa expiar em liberdade o seu sofrimento, se não, que continue, até orgulhoso das covardes violências que cometeu, curtindo sem pesares o seu ócio, com a vida mansa assegurada por tanto ouro que roubou nos afloramentos da Serra Pelada, com o aval que a ditadura lhe concedeu para tornar-se o feitor incontestado das selvas paraenses.
Em Sergipe já funciona o Comitê Estadual de Acompanhamento das Atividades da Comissão Nacional da Verdade. A instalação aconteceu na noite da quinta-feira, dia 15, na Escola do Legislativo, antiga Assembleia, em ato convocado pelo Secretário dos Direitos Humanos, Luiz Eduardo Alves de Oliva.
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