segunda-feira, 3 de outubro de 2011

OS BAGULHOS QUE A CHINA NOS MANDA

A  China tem criatividade, tem ousadia, tem garra para invadir e ocupar mercados, oferecendo preços sem concorrência. Sem duvidas o gigante asiático tem tudo isso e muito mais. Tem a vantagem de uma economia capitalista amparada com toda a força do Estado, tem a vantagem que é também uma vergonha, de usar mão de obra semi-escrava, tem outras vantagens que resultam da transgressão completa de normas que regem o comércio internacional.  Mas o Brasil manda minério bruto para a China e o recebe depois manufaturado sob a forma de trilhos, chapas, automóveis, condicionadores de ar, toda sorte também de quinquilharias a preço de bagulho, e na verdade são mesmo bagulhos, bem disfarçados sob um design atraente , e, mais ainda, sempre ligados a uma utilidade  permanente ou sazonal. O Brasil manda soja para a China e importa alimentos industrializados.  Precisamos reduzir cada vez mais a nossa pauta de exportação de  produtos primários e tratar aqui de industrializá-los. Enquanto isso de pouco adianta taxar automóveis chineses. É  uma medida pontual, que não conseguirá deter a invasão de quinquilharias baratíssimas. Antes de tudo é preciso que imitemos a criatividade chinesa no que ela tem de mais eficiente.
Uma turista brasileira que andou recentemente pela Europa, foi a uma cidade quase desconhecida de um país igualmente fora do contexto. A cidade, Tallin, capital da Estônia, um dos três chamados países bálticos, que  faziam parte da antiga União Soviética. Em Tallin  existe um grande mercado livre, uma espécie de Paraguai europeu, onde tudo se compra mais barato. Os finlandeses,  nos fins de semana, costumam atravessar em navios repletos de gente o mar que os separa da Estônia, e vão a Tallin para comprar bebidas. Voltam com carrinhos cheios  de pacotes de vodcka, uísque, gin, cerveja, tudo aquilo que eles consomem com uma avidez de pinguços. A turista  enxergou uma pulseira, parecendo artesanato, mas,  na verdade, produto industrial, feito em série. Era formada por pequenos quadrados de uma madeira negra, e nela havia incrustadas  imagens de santos adornados como ícones da Igreja Ortodoxa. A turista comprou algumas daquelas pulseiras para presentear amigas na volta. Dois ou três meses depois, numa feira miúda do pequeno povoado Curituba,  no sertão de Canindé do São Francisco, encontrou sobre um pequeno tabuleiro dezenas daquelas mesmas pulseiras de Tallin oferecidas por um vendedor que por elas pedia cinco reais. Pegou uma das pulseiras,  viu que os santos incrustados eram diferentes. Tinham todos, aquela concepção artística adotada pela Igreja Católica. As pulseiras tanto a de Tallin, na Estônia, como a de Curituba no sertão nordestino, eram todas Made in China.
Há quem jure ter encontrado em Juazeiro do Norte estátuas do Padre Cícero fabricadas  pelos chineses.

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