terça-feira, 31 de maio de 2011

O Projeto das Mangabas


Foi a partir de um diagnóstico desta realidade que a Associação das Catadoras de Mangaba de Indiaroba (Ascamai) em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS,) articularam o projeto Catadoras de Mangaba gerando Renda e Tecendo Vida em Sergipe, aprovado em outubro de 2010 pelo Programa Petrobrás Desenvolvimento e Cidadania.
Ao percebermos o impacto com que a cata da mangaba articulava e unia as mulheres da restinga em torno da identidade das catadoras, demos início a um trabalho que tem como um dos objetivos o resgate cultural dos sabores pertinentes ao ecossistema onde a mangaba está inserida, explica a Profa.Dra. Sônia Meire Azevedo de Jesus, coordenadora do projeto na UFS.    
A perda de práticas tradicionais ocorre, principalmente, em detrimento do processo de modernização do campo que caracteriza-se por uma organização do trabalho em agricultura baseada na monocultura que esgotam os recursos naturais, distinto daquele praticado nos sistemas agrofamiliares. A imposição cultural de valores urbanos no meio rural também propaga um estilo de vida distante da realidade dos moradores daquela região, estimulando valores culturais que produz consequências na organização de vida dos moradores da restinga.
Uma das implicações deste modelo produtivo é a desvalorização de características locais e a desqualificação dos conhecimentos tradicionais. Prática antagônica aos sistemas agroflorestais e familiares que privilegiam a diversidade e especificidades do local onde os produtos são plantados e mantem um relacionamento sustentável com o meio onde está inserida a cata da fruta.
O trabalho com sistemas agroflorestais pode possibilitar a criação de resistências nas comunidades e, ao mesmo tempo, estimular novas práticas sustentáveis e o sentimento de pertença. Pode-se citar, além da Ascamai e o projeto Catadoras de Mangaba gerando Renda e Tecendo Vida em Sergipe, o Movimento das Mulheres Catadoras de Mangaba de Sergipe, além de outros grupos organizados que vem defendendo as próprias áreas de reserva, dentre outros, que são exemplos de organização popular e tem apresentado contra-proposta, ao modelo de produção agrícola imposto na restinga.

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