quarta-feira, 20 de abril de 2011

OS SÍMBOLOS E A POSSE DE JACKSON


Entre as variadas leituras de Déda, incluem-se alguns livros referenciais sobre semiótica, a teoria que talvez já seja ciência, sobre os signos, ou, mais amplamente, das representações diversas, que podem estar na escrita, nos sinais, nos gestos, na dança, no tuite, e também nas figuras rupestres deixadas nas cavernas. A semiótica é a essência da comunicação, e quer ir mais além ao interpretá-la, conhecer sua lógica, alcançar sua abrangência social. João Alves, ex-governador oposicionista, competente e em tempo integral, costuma acusar Déda, dizendo que ele é um excelente marqueteiro. Quando faz isso João também dá um tiro no próprio pé, pois poucos políticos sabem, como ele, valer-se tão bem do marketing, e a prova disso, é que, politicamente sobrevive, e até se mostra forte.
 Mas, voltando ao terreno da semiótica que já foi xodó de intelectuais refinados, o governador Marcelo Déda parecia  inspirado pela teoria dos signos, ao falar  no dia em que transmitiu o cargo ao vice-governador Jackson Barreto. Começou referindo-se ao simbolismo do ato, da solene transmissão onde estavam representados os poderes, o desembargador Jose Alves, presidente do  Judiciário, a deputada Angélica Guimarães, presidente do Legislativo, o procurador Jose Carlos Oliveira representando o Ministério Público, o prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira, muitos prefeitos do interior, deputados, e um grupo de antigos peemedebistas que ficou bem identificado  pelo o ex-prefeito de Aracaju, João Augusto Gama gritando da primeira fila, quando Jackson assinava o termo de posse: Até que enfim, Barreto.
Déda destacou a amplitude que quis conferir ao ato de transferência de comando, exatamente para com isso simbolizar o apreço a Jackson, a perfeita identificação com o vice, que no seu caso, existiu, tanto quando era prefeito de Aracaju,  com Edvaldo Nogueira, como no primeiro mandato, com Belivaldo Chagas. Déda proferiu uma sucinta aula sobre a importância dos signos, dos sinais e dos seus efeitos no desenrolar dos fatos políticos. Quase parodiando Jose Maria Alckmin que disse serem mais importantes as versões do que os fatos, ele lembrou que um simples piscar de olhos do governador, coisa irrelevante na essência, poderá ter repercussões ampliadas, desde que venha a ser entendido como sinalização de alguma coisa. Luiz Garcia quando governador, por conta de um piscar de olhos transformou em vítimas 4 radialistas que foram logo depois violentamente espancados pela polícia. Ele estava em palácio quando chegou um major do seu gabinete militar dizendo-se revoltado com os radialistas que faziam na Jornal o programa Risolandia. Eles estavam achincalhando, insultando, no seu entender a pessoa do governador, e por isso iria aplicar-lhes uma boa surra. Garcia o proibiu terminantemente, mas, quando o major se afastava decepcionado, vislumbrou o governador que dava uma piscada de olhos.  Logo interpretou o gesto como uma forma de desautorizar a proibição, e assim, os radialistas logo depois sentiriam o peso dos braços irados da polícia. Luiz tinha o sestro de piscar olhos, que transmitiu a seus filhos. Por isso, Gilton, quando governador do Amapá, fazia um esforço enorme para não piscar olhos na frente de auxiliares, principalmente se fossem policiais. Mas naquela tarde Déda não deu apenas uma piscadela, de fato, simbolizou fortemente sobre o que pensa e o que pretende fazer do seu mandato e da sua sucessão. E para Jackson Barreto os símbolos evidenciados foram  os mais agradáveis.

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