sexta-feira, 11 de novembro de 2016

A FÁBULA DE ESOPO E O FANFARRÃO TRUMP

Esopo foi um escravo que conquistou a liberdade, sobretudo para pensar. Tornou-se escritor, e não se sabe exatamente como, exercendo ofício que alcançava apenas exíguo círculo de ilustrados, conseguiu transformar-se em referência histórica de literato, que persiste até hoje, decorrido algo em torno de dois mil e quinhentos anos. Esopo inaugurou um gênero literário: a fábula. 

Karl Marx,  em 'O 18 de Brumário' e 'Luiz Bonaparte',  um dos seus mais conhecidos livros, até porque, ao contrário da sua obra máxima, 'O Capital', é agradável de ler, faz referência a uma fábula de Esopo, comparando a fanfarronice do seu personagem ao comportamento demagógico e falastrão de alguns políticos que se excediam em promessas, ou em pretensões  falsas e irrealizáveis.

Contou Esopo: Na ilha de Rhodes um homem muito mentiroso e conversador, afirmava, insistentemente, que certa vez dera um enorme salto e voara sobre uma montanha, sempre  invocando a seu favor o depoimento de testemunhas que nunca apareciam. Um dia as pessoas o desafiaram: "Todos somos aqui possíveis testemunhas, então, diante de nós repita o seu grandioso salto, e estarão confirmadas as suas  afirmações". O fanfarrão emudeceu e sumiu.

Os Estados Unidos poderão se transformar na "ilha de Rhodes", quando, as fanfarronices populistas e demagógicas de Donald Trump se desfizerem, diante do testemunho de todos os eleitores que tanto lhe ouviram. Isso acontecerá à  medida em que o fanfarrão, desbastando a sua enorme ignorância, começar a defrontar-se com o tamanho dos complexos problemas da ultra-complexa sociedade americana.

Para o mundo é muito bom que isso ocorra, porque significaria um retorno do absurdo à sensatez. Se por infelicidade ele conseguir transformar as fanfarronices em ações concretas, os Estados Unidos que se cuidem, e o mundo que se prepare para a tragédia.

Um comentário:

  1. Muito muito bom
    E isso aí, e ninguém teria dito melhor

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