OS
INCÔMODOS AO
LADO
DO CANDIDATO
Já
disse alguém, e não foi nenhum desses enfatuados cientistas políticos: ¨ Candidato deve fazer
como prostituta, fingir que goza .¨
De
certa forma a política é a própria arte do fingimento, pelo menos quando ela
tanto se desvirtua, como vem a ser o nosso caso, quando política e lupanares se
assemelham.
O
deputado Valadares Filho é um jovem que
tudo aprendeu acompanhando o pai, o senador
Valadares,
que tem mais de 50 anos de vida pública, e sem
manchas graves que o desmereçam. Vem de uma família com tradição política. Seu
avô, Pedro Valadares, foi um produtor de
algodão. Pela forma como conduzia os seus negócios, pelo trato solidário que ele e sua esposa Dona
Caçula tinham com o povo pobre simãodiense ( naquele tempo pobre quase não comia
e vestia-se com trapos) abriram um
espaço no cenário político municipal e se tornaram respeitados líderes. Pedro
faleceu precocemente, Dona Caçula tornou-se a matriarca forte que manteve viva
a liderança política da família.
Valadares
Filho começou a vida publica no Partido
Socialista Brasileiro, no qual seu pai ingressara depois de afastar-se da área
conservadora , reatar os laços rompidos com Jackson Barreto e formar, com o PT, um bloco que se propunha a renovar e
revitalizar a política sergipana.
Quem
está num partido que se intitula socialista, necessariamente, terá de colocar
sobre a sua trajetória política, pelo
menos , uma réstia que seja daquilo que para a
civilização ocidental significou o iluminismo,
a clarificação das mentes, a idéia de justiça, a demolição do conceito de poder absoluto
como dádiva divina, e a arte da política começou a diferenciar-se do manejo dos
punhais e da manipulação de venenos.
Hoje,
essas questões que dizem respeito à
própria dignidade humana, e que eram fundamentais na época, adquiriram outra
roupagem e permanecem mais desafiadoras do que nunca, principalmente para nós
brasileiros.
É
preciso fazer a reforma política, renovar a política, é preciso restabelecer a credibilidade dos políticos,
limpar do palco da vida pública, pelo voto popular, as excrescências que nele ainda permanecem.
Valadarizinho,
jovem e socialista, sem manchas de
indignidades cometidas na vida pública, poderia tornar-se um porta – voz acreditado dessas idéias.
Mas,
como fará agora ouvida e insuspeita a
sua voz, tendo ao lado, como grande articulador, um aliado
repleto de vastas ambições e
destituído de idéias construtivas, ou, no mínimo, livres de suspeição ?
Foi
exatamente por não terem sido atendidas as suas ilimitadas pretensões na
Prefeitura de Aracaju, que Edivan Amorim rompeu com o prefeito e ex- sogro João Alves, e agora quer, vingativamente,
sufocá-lo. Edivan não tem votos, mas
sabe, como ninguém em Sergipe, manipular com maestria interesses
ululantemente patrimonialistas.
O
retrato dessas manipulações ficou, publica e escandalosamente exibido nas
atribulações por que passa o Poder Legislativo, nas agruras que estão agora
vivendo os deputados, que, em ultima análise, foram quase todos vítimas das maquinações complicadas de quem controlava
11 partidos, e até a própria Assembléia.
Voltando
ao parágrafo inicial dessas linhas, onde houve a comparação do político
candidato com a prostituta fingidora, nos vem à memória o caso de uma sensual e
bela moradora de um lupanar freqüentado
pela elite aracajuana. Ela tornou-se a preferida de um poderoso , trôpego
e exibicionista deputado, com o qual se esmerava mais ainda na farsa de um orgasmo intenso e ruidoso, todavia
inexistente. Depois, como a demonstrar que existe uma dignidade ferida naquelas
que comerciam o corpo, a jovem, que fingia prazer escondendo a náusea, corria à
uma janela e vomitava muito, até lhe
escorrer a bílis. Existem, na realidade,
como na ficção de Jean Paul Sartre, as Prostitutas Respeitosas. É preciso que a
política lhes imite o exemplo.
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