HÁ GANHADORES E ELES NEM SABEM
Existe, ocultada pela Secretaria da Fazenda, uma coisa que se
chama Nota da Gente. Mas, onde estaria mesmo essa nota que seria da gente? Em
algum escaninho de alguma sala da Pasta fazendária?
Onde está mesmo aquela nota que serviria, se fosse solicitada
pelos consumidores, para reduzir a sonegação que sempre se soube que existia, e
existe. A Nota não seria útil para retirar leite de pedra, com a pedra seca
pela crise, mas, poderia servir para equalizar o sistema tributário, que é pesado,
e se torna ainda mais duro de suportar quando os que pagam correta e pontualmente,
inclusive durante a crise, sabem que outros não têm o mesmo comportamento. A
campanha, caso fosse elaborada com um mínimo de inteligência, oferecendo
prêmios atraentes, sendo intensamente divulgada, motivaria as pessoas a
solicitarem a nota fiscal todas as vezes em que fizessem compras, ou se utilizassem
de serviços, como os de saúde, por exemplo. Já houve outras iniciativas semelhantes,
e foram bem sucedidas. Campanhas assim sempre revelam um custo benefício que as
justificariam.
O secretário Jefferson
parece não acreditar nos efeitos da comunicação. Tanto assim, que nunca ocupou
um espaço, seja da mídia eletrônica, seja da mídia impressa, para dar, de forma
pedagógica e convincente, explicações para
a crise financeira que atravessamos, e que provoca surpreendentes quedas
repetidas nos recursos repassados pelo governo federal aos estados e
municípios Com a autoridade de gestor
dos cofres públicos, Jeferson, melhor do que ninguém, estaria habilitado a dar essas explicações, e a dizer,
também, porque os outros secretários enfrentam dificuldades para saldar
compromissos, tapar buracos das estradas, comprar comida, remédios, atender às
demandas da sociedade.
A posição que Jeferson Passos ocupa, exige, impõe, que ele
ofereça as explicações públicas devidas à sociedade, e que o faça com clareza,
veracidade e espírito público. Se necessário, convocando uma cadeia de rádio e
televisão, para mostrar ao povo, o que o povo talvez não saiba: a dimensão
exata da crise. E, resolvendo falar, não
adote um tom catastrofista. Pessimismo e lamentações em nada ajudam.
Os efeitos dessa
gangorra nacional de incertezas, recaem sempre sobre os governadores ou
prefeitos. Num desses dias, como em
todos os outros em que tanto se esforça para fazer as pessoas entenderem as agruras
financeiras que enfrenta, o governador Jackson Barreto perguntou a uma seleta
platéia que o ouvia, denotando alguma descrença: “Os senhores acham que eu,
filho de uma professora da rede pública estadual, filho de um pai que tinha uma
bodega, que trabalhei cedo para ajudar em casa e poder concluir o curso de
Direito, que sempre fui político ligado às reivindicações populares, agora,
chegando ao governo, e com esmagadora maioria de votos, se tivesse dinheiro em
caixa para pagar pontualmente, iria, de propósito, só por maldade, atrasar o pagamento
dos servidores?
A Nota da Gente, que emperrou, não andou, caducou,
insolveu-se, pode ser uma metáfora do clima lá pela Secretaria da Fazenda.
Semana passada as emissoras de rádio e TV revelavam que
existem prêmios não pagos a ganhadores dos sorteios da Nota da Gente. Os prêmios
estão disponíveis, e ninguém vai recebê-los.
As pessoas perguntam:
E ainda existe a Nota da Gente?
E ainda existem sorteios? E há pessoas que foram premiadas?
Estaria, essa Nota da Gente no exato lugar onde senta o
secretário, escondida por baixo dele?
Se a campanha não deu certo, por que não lhe dão outro rumo,
ou a encerram de vez?
Será que na Secretaria da Fazenda existe o hábito de conviver
com o fracasso?
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