CODEVASF, O MODELO DE ESTATAL DESASTROSA
Nos idos dos anos 70, quando a CODEVASF começou a instalar o
apressado Projeto Betume, um deputado, integrante da diminuta bancada do PMDB, que
na Assembléia fazia oposição ao regime militar, esteve, com outros, visitando
as obras. Depois falou na Assembléia dizendo, simplesmente, que aquilo não ia
dar certo, que as áreas do perímetro seriam inundadas na primeira grande
enchente do rio. O deputado era “seu” Oviedo Teixeira, homem que não teve tempo
para muitos estudos, mas tinha inteligência e lucidez para formar um claro e
progressista discernimento sobre a política, a condução da coisa pública, a
exitosa direção dos negócios e foi referência na vida empresarial e política de
Sergipe. O engenheiro José Leite da ARENA, era o governador, e o seu líder, o
jovem deputado Antônio Carlos Valadares, que não quis deixar sem resposta
aquela crítica a uma obra do então presidente Geisel. No seu discurso, lembrou que Oviedo não tinha a formação de
engenheiro, o conhecimento técnico para desqualificar projeto tão importante. Logo
houve uma enchente, e tudo foi levado pelas águas. Oviedo não tinha diploma de engenheiro, mas
não era cego, nem suficientemente acomodatício, para enxergar o erro e ficar
omisso.
Como se nota, os desastres da CODEVASF vêm de longe. As obras
recomeçaram, o perímetro foi instalado, mas ainda hoje ali não se consegue
produzir nem a metade do arroz que antes se plantava e colhia, às margens agora
ainda mais empobrecidas do rio em processo de extinção.
Mas implantaram uma enorme fábrica para beneficiar arroz
inexistente, que talvez alcance desenxabido recorde em capacidade ociosa. A
CODEVASF é um sumidouro de dinheiro calamitosamente aplicado, dinheiro que, se
bem utilizado, poderia dar sequência e concluir o projeto de Apolônio Sales, iniciado
em 1942, e depois interrompido, para instalação de núcleos produtivos ao longo
do rio.
Não há um só sistema de esgotos instalado pela descuidada
estatal nas cidades do baixo São Francisco operando adequadamente. Todos estão
lançando efluentes sem tratamento no rio, ou estourando em vários pontos, e
emporcalhando as cidades. Outras obras de esgotos estão paralisadas.
Em Canindé, uma adutora sem planejamento nem racionalidade,
foi construída para levar água tratada da cidade até o assentamento Gualter,
distante uns 30 km. Detalhe: O Gualter já
tinha um sistema de abastecimento próprio, com água extraída do subsolo por um
equipamento pioneiro movido a energia solar, instalado quando a professora Ruth
Cardoso, esposa do então presidente FHC, criou o Instituto Xingó, preciosa reunião de conhecimentos acadêmicos
para aplicação no semiárido. O Instituto, depois invadido pela politicagem,
degenerou e morreu. A adutora da CODEVASF nunca funcionou. Ao ser inaugurada, bastou
a pressão da água percorrer os canos para eles estourarem em múltiplos pontos. No
Gualter, a COHIDRO está agora perfurando com sucesso, vários poços. É o aquífero Tucano, raro manancial de água
doce no sertão, que a CODEVASF preferiu desconhecer, para torrar milhões na
desventurada adutora.
O Projeto Jacaré-Curituba, primeiro assentamento irrigado no
sertão sergipano, é idéia surgida quando
Albano era governador, e foi solicitá-lo ao presidente FHC. Entregue a
CODEVASF, o projeto arrastou-se por 16 anos, até ser inaugurado, mas, sem
gestão eficiente, faz uma irrigação predatória, e a terra, o fértil bruno-não-cálcico
se saliniza.
O advogado Said Schoucair, nos meses em que esteve à frente
da CODEVASF, esforçava-se em tratativas insistentes em Brasília e obteve alguns
resultados. Saiu com o gosto azedo da
burocracia e da pasmaceira em uma estrutura emperrada e dilapidadora.
Pois é, para essa empresa, modelo deletério de estatal capenga,
é que os senadores Eduardo Amorim e Valadares exigiram do Governo Federal e
conseguiram (eles vão votar a favor do impeachment), que sejam direcionados os
10 milhões de reais destinados emergencialmente às ações para reduzir os
efeitos da seca.
Tem mais: Querem que as obras sejam realizadas pelo DNOCS,
que nem existe mais em Sergipe, virou sucata.
Que eles fiquem com raiva de Jackson, que os chamou de “patetas”,
numa frase infeliz, até se compreende, mas não tenham raiva de Sergipe,
principalmente agora, quando estão pedindo votos aos sergipanos.
Pode ser também que não seja má fé. Apenas, desconhecimento.
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