sábado, 27 de agosto de 2016

CODEVASF, O MODELO DE ESTATAL DESASTROSA



CODEVASF, O MODELO DE ESTATAL DESASTROSA
Nos idos dos anos 70, quando a CODEVASF começou a instalar o apressado Projeto Betume, um deputado, integrante da diminuta bancada do PMDB, que na Assembléia fazia oposição ao regime militar, esteve, com outros, visitando as obras. Depois falou na Assembléia dizendo, simplesmente, que aquilo não ia dar certo, que as áreas do perímetro seriam inundadas na primeira grande enchente do rio. O deputado era “seu” Oviedo Teixeira, homem que não teve tempo para muitos estudos, mas tinha inteligência e lucidez para formar um claro e progressista discernimento sobre a política, a condução da coisa pública, a exitosa direção dos negócios e foi referência na vida empresarial e política de Sergipe. O engenheiro José Leite da ARENA, era o governador, e o seu líder, o jovem deputado Antônio Carlos Valadares, que não quis deixar sem resposta aquela crítica a uma obra do então presidente Geisel.  No seu discurso,  lembrou que Oviedo não tinha a formação de engenheiro, o conhecimento técnico para desqualificar projeto tão importante. Logo houve uma enchente, e tudo foi levado pelas águas.  Oviedo não tinha diploma de engenheiro, mas não era cego, nem suficientemente acomodatício, para enxergar o erro e ficar omisso.
Como se nota, os desastres da CODEVASF vêm de longe. As obras recomeçaram, o perímetro foi instalado, mas ainda hoje ali não se consegue produzir nem a metade do arroz que antes se plantava e colhia, às margens agora ainda mais empobrecidas do rio em processo de extinção.
Mas implantaram uma enorme fábrica para beneficiar arroz inexistente, que talvez alcance desenxabido recorde em capacidade ociosa. A CODEVASF é um sumidouro de dinheiro calamitosamente aplicado, dinheiro que, se bem utilizado, poderia dar sequência e concluir o projeto de Apolônio Sales, iniciado em 1942, e depois interrompido, para instalação de núcleos produtivos ao longo do rio.
Não há um só sistema de esgotos instalado pela descuidada estatal nas cidades do baixo São Francisco operando adequadamente. Todos estão lançando efluentes sem tratamento no rio, ou estourando em vários pontos, e emporcalhando as cidades. Outras obras de esgotos estão paralisadas.
Em Canindé, uma adutora sem planejamento nem racionalidade, foi construída para levar água tratada da cidade até o assentamento Gualter, distante uns 30 km.  Detalhe: O Gualter já tinha um sistema de abastecimento próprio, com água extraída do subsolo por um equipamento pioneiro movido a energia solar, instalado quando a professora Ruth Cardoso, esposa do então presidente FHC, criou o Instituto Xingó,  preciosa reunião de conhecimentos acadêmicos para aplicação no semiárido. O Instituto, depois invadido pela politicagem, degenerou e morreu. A adutora da CODEVASF nunca funcionou. Ao ser inaugurada, bastou a pressão da água percorrer os canos para eles estourarem em múltiplos pontos. No Gualter, a COHIDRO está agora perfurando com sucesso, vários poços.  É o aquífero Tucano, raro manancial de água doce no sertão, que a CODEVASF preferiu desconhecer, para torrar milhões na desventurada adutora.
O Projeto Jacaré-Curituba, primeiro assentamento irrigado no sertão sergipano, é idéia surgida  quando Albano era governador, e foi solicitá-lo ao presidente FHC. Entregue a CODEVASF, o projeto arrastou-se por 16 anos, até ser inaugurado, mas, sem gestão eficiente, faz uma irrigação predatória, e a terra, o fértil bruno-não-cálcico se saliniza.   
O advogado Said Schoucair, nos meses em que esteve à frente da CODEVASF, esforçava-se em tratativas insistentes em Brasília e obteve alguns resultados.  Saiu com o gosto azedo da burocracia e da pasmaceira em uma estrutura emperrada e dilapidadora.
Pois é, para essa empresa, modelo deletério de estatal capenga, é que os senadores Eduardo Amorim e Valadares exigiram do Governo Federal e conseguiram (eles vão votar a favor do impeachment), que sejam direcionados os 10 milhões de reais destinados emergencialmente às ações para reduzir os efeitos da seca.
Tem mais: Querem que as obras sejam realizadas pelo DNOCS, que nem existe mais em Sergipe, virou sucata.
Que eles fiquem com raiva de Jackson,        que os chamou de “patetas”, numa frase infeliz, até se compreende, mas não tenham raiva de Sergipe, principalmente agora, quando estão pedindo votos aos sergipanos.
Pode ser também que não seja má fé. Apenas, desconhecimento.

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