A SECA POR SEIS ANOS REPETIDA
Houve prenúncios de um bom inverno. Diziam as previsões: haverá
chuva, E ela chegou ainda em abril, e veio forte, numa abertura de inverno com cara verão tendo tempestade forte, com trovões e muita ventania, que até ensopou as terras
do semiárido, meiando barragens, num chão quase desacostumado com a água caindo
farta, escorrendo rápido, saindo pelos riachos, arrastando paus e pedras. E
logo sumiu. No semiárido é assim. A água
se perde, o chão logo resseca. Mas isso foi o bastante para que começasse logo
o plantio. De milho principalmente, que faz de Sergipe, tão exíguo, o segundo
produtor do nordeste. Mas a chuva foi
escassa e irregular. Este ano, a colheita de milho será em escala bem menor do
que nos anos anteriores, e assim mesmo só em Simão Dias, Pinhão, Carira, menos
ainda, em Poço Verde. Na parte mais ressequida do semiárido não se colherá uma
só espiga.
Vão aumentar as desditas do sertanejo. As vidas dependerão do
Bolsa Família, dos aposentados pelo Funrural, que sustentam famílias inteiras.
Depois, virá em seguida o seguro safra. Não se sabe mesmo porque se continua
tentando plantar milho ou feijão naqueles locais mais ressequidos: Canindé,
Poço Redondo, Monte Alegre, Porto da Folha. Na verdade fingem que plantam, e se
semeiam, o fazem sem esperança de colheita, pensando apenas no seguro safra.
Mas infelizmente esse é quase o único modelo de produção adotado,
principalmente na agricultura familiar.
Todos os anos o governo distribui sementes de milho, de
feijão, e paga horas de trator para o preparo da terra. A chuva não chega, e
tudo se perde. São agora seis anos repetidos.
A Secretária da Inclusão Social Marta Barreto, fez uma
análise sobre os resultados obtidos com o milho e feijão, e constatou: o que se
gasta com as sementes, é dinheiro perdido. Marta vai entender-se com outros
secretários, como Esmeraldo Leal, da Agricultura, para que se tente abandonar o
milho e feijão, e se pense na sobrevivência por outros meios, como por exemplo,
a pecuária leiteira, a criação de pequenos animais.
As mudanças climáticas no nosso semiárido se processam com
uma surpreendente rapidez. Tudo muda no espaço de uma geração. É preciso a elas
se adaptar com a mesma rapidez. O que agora se faz em relação aos recursos
hídricos, já é uma excelente forma de adaptação.
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