A PESQUISA DO IBOPE E A ARTE DO CAMALEÃO
Números revelados pela primeira pesquisa do IBOPE na TV Sergipe
foram, para o PSB, muito mais do que uma surpresa. Foram, na realidade, um
acachapante susto. Teria soado o alarme no partido, antes mesmo de iniciada a
campanha.
Valadares Filho tinha em mãos pesquisas internas que lhe
davam uma certa vantagem sobre os seus principais oponentes, o ex-prefeito
Edvaldo Nogueira e o prefeito João Alves.
Ou seja, teria números superiores a vinte por cento da preferência popular, o que,
naquelas pesquisas realizadas na segunda quinzena do mês de julho, lhe
colocariam na dianteira, seguido de perto por Edvaldo Nogueira e João Alves
Filho. Aconteceu depois a inusitada aliança do PSB com aqueles 10 ou 11
partidos, quase todos arrebanhados pelo dublê de homem de negócios e político
Edivan Amorim. Depois disso, a pesquisa
do IBOPE mostra que Valadares Filho ficou em terceiro lugar, próximo da quarta
colocada, a professora Sonia Meire, abaixo 3 pontos de João Alves, e com
Edvaldo Nogueira em primeiro, marcando 13 pontos à sua frente.
Convictamente, esperava-se no PSB que a aliança feita com o
grupo de Edivan Amorim resultasse imediatamente num acréscimo de votos, que
seria observado logo, ampliando-se, dessa forma, a dianteira do candidato
Valadares Filho.
Aconteceu o imprevisto. Todavia, não era o imponderável.
Abalizados observadores da cena política aracajuana, já prevendo uma reação
forte do eleitorado, teriam advertido ao senador Valadares sobre as consequências
negativas da adesão ao grupo de Edivan, um mimetismo
político que não seria bem avaliado pelos aracajuanos.
No mundo animal o mimetismo é uma característica incomum, observada,
mais amiúde, naquelas espécies frágeis, com pouca capacidade de locomoção ou
inadaptadas para resistir, enfrentando predadores ou deles escapando, graças à
rapidez como fogem.
Na nossa fauna o mais comum entre os que conseguem
mimetizar-se, é o camaleão.
Por isso, o bicho, vez e meia, deixa de ser substantivo, e se
torna um adjetivo pouco lisonjeiro: “Fulano é um camaleão”. Isso, para
classificar aqueles que, vai não vai ,
mudam de cor, trocam de roupagem, alteram as suas características, reorientam
os seus discursos, preferem outras amizades, substituem
idéias e grupos.
O camaleão mesmo, não aquele que é adjetivo, mas o simples, prosaicamente
substantivo, muda, troca de cor para camuflar-se, assumindo as tonalidades, os
matizes preponderantes no ambiente. E faz isso para sobreviver, jamais por
oportunismo. Mimetiza-se para escapar vivo.
Charles Darwin, o sábio inglês que elaborou a teoria da
evolução das espécies, viu, na capacidade de mudar de cor inerente a certos
bichos mais frágeis, como no caso do pachorrento camaleão, a arma que a
natureza lhes dotou para que garantam a sobrevivência na áspera e implacável luta pela vida.
O camaleão mesmo, o substantivo, nem sabe o que é
conveniência, muito menos o oportunismo.
Já o camaleão adjetivo...
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