TEMER COM MAESTRIA
LIVROU-SE DE CUNHA
Michel Temer não é um tolo, muito menos uma atrapalhada
Dilma. Ele age e manobra politicamente. Sem dúvidas, a presença, a influência,
as chantagens de Cunha o incomodavam. Mas ele não o repeliu. Quando a desdita de Cunha já era fato consumado, Temer,
bem ao estilo recomendado pelo Cardeal Mazarin, o recebeu para um jantar
reservado no Jaburu, o Palácio do vice que ele ainda ocupa. O vinho deve ter
sido ácido ou até azedo, e certamente não houve brindes. Brindar a que ? Intimamente, Temer estaria erguendo sua taça
ao novo tempo de governo que teria com a anunciada morte política de quem se passava
por amigo, mas era, de fato, um personagem viperino com a desfaçatez astuta dos ladrões enluvados.
Temer não engoliu a manobra de Cunha que lhe impôs um líder
na Câmara, o deputado Andre Moura, que ele quase não conhecia, e de repente
teve de aceitá-lo como seu líder, ou seja, o homem de confiança para em seu nome agir
entre os deputados. Por outro lado o clima belicoso que Cunha estimulava, a
odiosidade que espalhou, e a radicalização levada ao extremo, eram ingredientes
não palatáveis pelo acurado senso político de quem acostumou-se à convivência civilizada, ao diálogo com todas as correntes
de pensamento.
O professor de Direito Constitucional arrepiava-se diante dos
hábitos truculentos, da maneira sectária como Cunha se comportava, criando, em torno dele, um coro de
desajustados com a evolução social.
A Centrão que Cunha liderou é o eufemismo criado para
classificar a posição propositalmente ambígua quanto à decisões ou compromissos
assumidos, inclusive em face da moralidade pública.
No aglomerado do Centrão estão quase todos os deputados
investigados pelo Supremo Tribunal Federal, estão os suspeitos de ligações com
quadrilhas organizadas, traficantes e malfeitores em geral.
A candidatura de Rodrigo Maia para ocupar a presidência da
Câmara , foi avaliada pelo Planalto como a única que, sendo bem sucedida, teria condições para
iniciar o distencionamento, a convivência
democrática no conturbado parlamento. Temer acoplou-se com toda a discreção possível
à candidatura do deputado carioca. Nos
seus ouvidos soprava o sogro do jovem Maia, o ex-governador do Rio Moreira
Franco, amigo íntimo , e seu Ministro. E ele soprava as condições que teria o seu genro para bater
Cunha e inaugurar um novo e produtivo processo político na Câmara. Isso ficou
bem claro quando Maia pediu o voto ao PT, ao PC do B, sinalizando para aqueles
partidos com uma promessa de diálogo e de negociação republicana, um objetivo
que deve ter sido traçado pelo próprio Temer, que quer fazer voltar aos trilhos
da normalidade a política brasileira, e isso não seria possível com a presença
de Cunha.
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