MILTON COELHO E AS SOFRIDAS MEMORIAS
Milton Coelho, trabalhador da PETROBRAS, foi em Sergipe a vítima maior das
truculências e desatinos de um desatinado período do absolutamente desarvorado
regime autoritário que vivemos, e do qual alguns têm saudade, e desejam
repeti-lo, talvez por não terem conhecido as entranhas do monstro. Todas as
ditaduras, sejam de qualquer natureza, de direita ou de esquerda, carregam a
deformação de origem, que fazem sair delas as monstruosidades.
Milton Coelho resultou cego após torturas continuadas e meticulosamente
infligidas . Não viu a face dos filhos que depois nasceram. Cego há 40 anos,
ele é um dínamo em permanente atividade intelectual. Sabe, melhor do que tantos
que enxergam, o que se passa no mundo, e o que se passou antes, nos tempos malignos
da repressão. Ele interpreta melhor os fatos com a dimensão que o tempo
transcorrido permite avaliar, e quer agora contá-los, ou denunciá-los, em
textos que enviará à Apreciação da Comissão da Verdade.
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