domingo, 22 de maio de 2016

EDUARDO CUNHA O VICE-REI DO BRASIL



EDUARDO CUNHA O VICE-REI DO BRASIL
A República do Impeachment mal completou uma semana, e o presidente Temer já foi devidamente emparedado pelo seu aliado-algoz, o deputado Eduardo Cunha. Apesar de afastado da presidência e do exercício do mandato, Cunha é, de fato, o principal artífice do pandemônio político que vive o país. Derrubou a inepta Dilma, e agora, coloca sem pedir licença uma humilhante coleira no pescoço constrangido, todavia vulnerável, do presidente em exercício Michel Temer. Fato inédito na nossa tão vilipendiada República, o líder do governo foi escolhido pelos deputados integrantes de mais de dez partidos, entre os quais, uma parte do PMDB. O nome que empurraram goela abaixo de Temer foi o do deputado André Moura. Não tiveram sequer a elegância de apresentar uma lista tríplice, para dela o presidente retirar o seu preferido. Não lhe deram o direito de escolha num ato que é prerrogativa exclusiva do presidente da República: a de indicar um parlamentar para ser líder do Governo na Câmara. Recaindo a escolha em André, Eduardo Cunha faz uma atrevida demonstração de força. Mostra quem de fato dá as cartas na República do Impeachment, reduz Temer a uma situação subalterna, e dá sequência a um projeto de poder que se consolida através das manobras políticas, associadas a um amplo esquema de corrupção. É um esquema atraente, que seduz deputados ansiosos por dinheiro, pelo fortalecimento da capacidade de exibir poder pessoal, e de fazer chantagens. Cunha trabalhou intensamente na formação desse projeto.
Soube construir a imagem de um competente líder, que retirou a Câmara dos Deputados da situação de fragilidade diante do Executivo, e ali criou o núcleo de uma resistência conservadora e reacionária, ao mesmo tempo, hipócrita e cínica, ao pretender propugnar por certos “valores morais”, entre os quais não se incluí a recomendação bíblica: Não roubarás. Com isso, e mais o enfrentamento que fez a uma presidente impopular e desastrada, e ainda, cuidando de garantir vantagens materiais aos seus aliados, Cunha formou um núcleo de poder que é a própria imagem da nossa degenerada política.
Tendo em menos de dez dias do novo governo colocado de cócoras o presidente, Eduardo Cunha inicia agora a segunda etapa do seu plano, que será um claro e ostensivo desafio ao Supremo Tribunal Federal. Ele pretende instalar-se numa sala da Câmara dos Deputados que será cedida pela liderança, para que ele possa, bem de perto, exercer o comando dos seus aliados. Ou sicários.
Como se sabe, Cunha foi preventivamente afastado pelo STF das suas funções de Presidente da Câmara e do exercício do mandato.
Mas, na decisão, o STF não deixou claro se Cunha estaria também proibido de frequentar as instalações da Câmara, como o fez aqui em Sergipe a Justiça em relação aos deputados Augusto Bezerra e Paulinho da Varzinha. Os dois, sequer podem pisar na calçada da Assembléia.
Se não for levado rapidamente à cadeia pelo STF, Eduardo Cunha acabará desmontando as Instituições e demolindo a República, da qual, de fato, tornou-se uma espécie de imperioso Vice-Rei.
Já pensaram até aonde poderia ir um vice-rei demolidor, numa destroçada República?

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