sábado, 28 de maio de 2016

DO BRASIL DESCOBERTO AO BRASIL POR FAZER



DO BRASIL DESCOBERTO AO BRASIL POR FAZER
Não há uma data para a fundação do Brasil. Existe, todavia aquela, agora esquecida do 22 de abril, em que a terra foi descoberta pelo navegador-almirante de “mar largo” Pedrálvares Cabral. Mais do que o registro nos esquecidos compêndios, ou no ecoar distante dos discursos empavonados naqueles idos em que ainda se registrava a “data magna da nacionalidade”, restou-nos a facécia solta  do “Samba do Crioulo Doido”.
Temos percorrido a História naquele andar despreocupado com a “terra descoberta” e ainda não fundada. 
Na terra descoberta por acaso, temos construído uma História pontilhada de acasos. É preciso que nos livremos deles.
Um País, uma Nação, não se constroem com ou por acasos. Da descoberta por acaso, sucederam-se os acasos. Um deles, a vinda da família Imperial em 1812, tangida pela evidencia nada casual das tropas napoleônicas que avançavam esfarrapadas e famintas. O Brasil avançou em consequência da circunstancia fortuita do acaso.
Veio a Independência, o grito ocasional de uma indignação não reprimida do Príncipe regente português. E assim deixamos de ser Reino Unido a Portugal e Algarves, nome bonito para uma situação subalterna de colônia.
Nos deram a República, e ela veio também num acaso que juntou as elites escravocratas com raiva da abolição aos militares insatisfeitos com os baixos salários. Daí por diante seguem-se os episódios ocasionais. E eles continuam até hoje.
Não há, todavia, acasos. O erro consiste em admiti-los como fatos geradores da trajetória de um povo. Da mesma forma que não houve acaso na “descoberta” do Brasil, que foi o resultado de um projeto do qual a Escola de Sagres do Infante Dom Henrique se tornou símbolo, não há acasos no evoluir da nossa História, desde Colônia a Império e República. Quando enxergamos acasos, é tão somente porque nos descuramos de traçar um projeto para o Brasil. Somente em raros instantes da nossa História, a idéia do acaso foi substituída por uma determinação, uma meta, e a política transformou-se no instrumento para alcançar o objetivo. Nesses momentos tratou-se da Fundação do Brasil. Essa Fundação está deploravelmente incompleta, e este momento de crise e de vergonhas expostas, poderia ser o instante exato para trocarmos o acaso que nos avilta como Nação, pela solidez de um projeto nacional, isento das marcas sórdidas de tudo o que estamos vivendo, e de tudo o que nos levou a essa realidade decepcionante.

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