O POVO FAZENDO O SEU CARNAVAL
Um sinal eloqüente da capacidade
criativa e da resistência do povo brasileiro é a espontaneidade como se faz o
carnaval, como se injeta o tempero popular na grande festa brasileira. Se falha
o apoio do poder público nem por isso a
festa acaba.Aqui em Aracaju a grande novidade é a multiplicação de blocos , e
houve até um padre que canalizou a disposição festeira dos seus paroquianos
para a formação de um bloco, exemplo de paz, da alegria imensa que é sempre
possível sem excessos. Uma nota destoante foi a proibição emanada do Tribunal
de Contas para vedar a festa em muitos municípios, tendo a decisão decorrido de
um relatório elaborado pelo SINTESE, o bunker político - eleitoral da deputada Ana Lúcia. O que o TC poderia
fazer seria simplesmente recomendar comedimento com gastos num período de
escassez, e, sobretudo, fiscalizar os contratos com bandas e cantores, para
identificar possíveis superfaturamentos. Prefeito é eleito pelo povo para
exercer a capacidade de decidir, de fazer avaliações de ordem financeira e
também política sobre o instante em que se pode proporcionar o pão e o circo,
ou, se escasseando o pão, mesmo assim, evitando-se que o circo acabe de vez, e os
maus humores ainda mais se ampliem. A legitimidade do voto vem sendo
ultimamente invadida com uma resiliência que cresce na proporção em que se dissolve
a imagem da política e dos que a fazem.
O “panem et circencis” dos
romanos tem algo de sabedoria implícita no que parece ser apenas cinismo. Burocratas, nem sempre
entendem dessas coisas, embora nelas adorem imiscuir-se.
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