A CRISE PERVERSA E A BUROCRACIA IMENSA
As crises econômicas não fe cham as janelas para
os que sabem descortinar o futuro. Essa frase assim tão piegas, tão ao gosto
desse modismo da autoajuda, farto besteirol que encontra adeptos e leitores,
até poderia ter algum efeito real, prático, se o ponto final fosse substituído
por uma vírgula, e viesse depois o complemento: ¨e descobrem, no presente, as
oportunidades para contorná-la, apesar do governo¨.
O fato evidente é que crises, por mais
desesperanças e pessimismos que nelas se injetem, sempre geram alguma situação
favorável para quem é criativo e deseja tocar projetos. Mas as crises
brasileiras são mais complexas porque aqui, o empreendedor, além da barreira
das circunstâncias adversas, tem ainda de bater de frente contra os até agora
irremovíveis obstáculos que os governos sempre colocaram diante de quem produz
ou quer produzir, especialmente, se for pequeno ou microempresário. As
dificuldades são amedrontadoras. Além da escorchante carga fiscal há os juros
indecentes, e ainda uma Receita Federal que, apesar de nela existirem tantos
servidores esforçados e solícitos, com a modernidade da informática tornou-se
distante, inacessível, quando surgem problemas que ultrapassam a ¨inteligência¨
cibernética, e nisso vai se transformando em algoz até implacável dos que
tentam negociar dívidas, e ficam meses a esperar uma informação exata sobre
quanto devem. Assim, sem a indispensável certidão, acabam as empresas
inviabilizadas. Isso, em tempo de crise, parece ser uma conspiração para que
perdure a agonia e cresça o desemprego.
Em relação às empresas maiores há aqueles
problemas invariavelmente causados pelos órgãos controladores. A pretexto de
combaterem erros ou crimes, parece que se esmeram, todos, em criar
inviabilidades. No caso de obras públicas, com ou sem propina, cada vez mais
diminuem os empresários da construção que por elas se interessem. A qualquer
momento pode chegar um ¨engravatadinho¨ vindo de Brasília, e paralisa a obra,
até por motivos claramente irrelevantes. Os contribuintes que pagam o salário
do ¨engravatadinho¨ terão de assistir seus impostos sendo consumidos em uma
obra parada e recomeçada, às vezes, pelo dobro do preço anterior. Agora mesmo,
após a farra monumental entre políticos, empresários e gestores, as maiores
empresas de construção do país, com seus executivos na cadeia, estão ameaçadas.
Se fez um acordo de leniência, que não perdoa os executivos, todavia, garante a
sobrevivência das empresas, mas o Tribunal de Contas da União, onde pululam os
¨engravatadinhos¨, os ministros nomeados por conveniências políticas, raramente
por competência, aquele tribunal, reduto de vaidades imensas, se insurge contra
a medida provisória, entende que foi excluído, e aí começa uma novela alongada,
deixando em risco milhares de empregos.
O engenheiro Luciano Barreto que bem conhece o
trajeto de sacrifícios do micro empresário até chegar a ser grande, tornou-se
líder da construção civil em Sergipe, e também de iniciativas sociais. Com
experiência e conhecimento acumulados, tem procurado dar uma contribuição para
destravar os obstáculos da burocracia, da desconfiança e da má vontade. Já
conversou com presidentes e presidenta, com ministros, congressistas, tem feito
palestras, já percorreu todos os caminhos possíveis, e imagináveis. Todos o
escutam com muita atenção, com ele concordam, mas nada de concreto até agora se
fez.
Apesar de tudo, como dizíamos, nas crises a vida
não para, e coisas acontecem, porém, se as iniciativas não forem sufocadas
pelos obstáculos do próprio governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário