NEM A DITADURA PRENDEU ADVOGADOS
Não há plena cidadania onde o
poder publico foge da
transparência. E a questão da necessidade de transparência motiva, quase
sempre, indispensáveis ações do Ministério Público, das policias, com destaque para a
sempre presente Polícia Federal, também, das Controladorias, dos Tribunais de Contas.Todo esse sistema
gira em torno da Justiça, que, por sua
vez, determina as conseqüências: a pena,
ou a absolvição. No meio de tudo isso está o papel fundamental do
advogado. Ele tem a particularidade exclusiva de ser o operador de Justiça que tanto poderá estar do lado do
lícito, como do ilícito. A função do advogado é preservar direitos, é defender
em quaisquer circunstancias o acusado, o detento, o apenado. A manutenção das
prerrogativas do advogado é premissa básica para que sobrevivam as garantias do
Estado Democrático de Direito.
Mesmo durante as
ditaduras, não se tem noticia de prisões
de advogados no exercício das suas funções. Em Sergipe, defenderam subversivos
advogados que, por isso, nunca foram parar na prisão.
Jaime Araújo, Tertuliano Azevedo, Zelita Correia, foram
presos, mas, como advogados,
defenderam ¨subversivos ¨ sem que nada lhes acontecesse. João Augusto
Gama era estudante de Direito, e se viu na iminência de ser preso pela Policia
Federal. Jaime Araújo foi à superintendência
da PF. Lá, tratou do caso com um
delegado. As duvidas foram esclarecidas.
Gama, daquela vez, escapou.
Gilton Garcia, cassado pela ditadura, era presidente da OAB
quando houve a criminosa Operação
Cajueiro.
Foi ao quartel do 28 º
BC visitar os presos. Usualmente a
ditadura impedia o contato do advogado com o preso, mas não prendia o causídico
.
O autor dessas linhas, em 65, foi a Salvador depor na Sexta
Região Militar acompanhado pelo
compadre, o advogado Guido Azevedo, que era suspeito ao regime, mas, não sofreu
constrangimentos. Detalhe: Guido nada cobrava , viajava no seu seu
fusca, pagava a gasolina, e a hospedagem em Salvador do cliente, então
desempregado, demitido de dois cargos que ocupava, por concurso.
Essas lembranças vêm a propósito da prisão do advogado Aimar Alves Costa . Salvo interpretações divergentes, vivemos num Estado Democrático de
Direito. Aimar é filho do grande
sertanejo Alcino Alves Costa, que nesse
dia 2 de novembro completou três anos de morto. Aimar, que tem escritório em Poço Redondo
, é advogado dessa OCIP, posta agora sob pesadas, e, pelo
que se observa, fundadas suspeitas de irregularidades, entre elas, sonegação
fiscal. Mas a prisão do advogado? O que a
justificaria ? A soltura dele foi
solicitada à Justiça pela própria PF,
após ouvi-lo em depoimento. O gravíssimo episódio , não mereceu, até agora, uma atitude da
OAB-Se, em defesa das prerrogativas do
seu integrante.
Quanto ao caso de Canindé,
que na mídia foi confundido com o que ocorreu em outros municípios, o
prefeito Heleno Silva esclareceu que
toda a documentação referente tanto à licitação como aos pagamentos efetuados à
OCIP, foi entregue ao Tribunal de Contas em tempo hábil, e depois, quando
solicitada, à Controladoria Geral da União .
Em dezembro do ano passado, informou Heleno, o contrato foi rescindido diante de observações feitas pelo Ministério
Publico e o Tribunal de Contas a respeito de questionamentos sobre a atividade
fim terceirizada.
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