UM PÉ DE MACONHA NO JARDIM ( 3 )
A simples decisão de descriminalizar o usuário da maconha, é, entre
nós, algo que gera muitas controvérsias
e posições radicalizadas. Muitos vêm na medida uma capitulação do Estado diante
de um pernicioso vício, quase uma aberração satânica. Enquanto defendem mais e
mais repressão, as estatísticas que os organismos policiais não divulgam,
demonstram que as apreensões de maconha e cocaína constantemente feitas e
divulgadas nem chegam a 5% da droga consumida.
O STF arrasta-se num julgamento onde até agora três ministros
votaram a favor da descriminalização. Faltam ainda os votos de oito
ministros. Os uruguaios, convivendo com
a liberação da maconha, têm boas cifras a comemorar, como a redução da criminalidade, e a apreensão cada
vez maior de outras drogas proibidas como
o crack, por exemplo. Por outro lado, não cresceu exponencialmente o
consumo da maconha, como apregoavam os que se opunham à liberação.
Nessas questões polêmicas que envolvem idéias
pré-estabelecidas e muitas vezes radicalizadas, sustentadas por argumentos de
natureza moral, ética ou religiosa, é comum que se registrem exageros. Quando,
depois de um longo parto, foi aprovado o
divórcio no Brasil, os antidivorcistas anunciaram o fim próximo da família, com
o sumiço da instituição do matrimônio indissolúvel. Isso, como constatamos agora, quase 40 anos depois, não
aconteceu, até porque, os argumentos eram hipócritas. Quem tinha dinheiro e se separava, se quisesse casar de novo, ostentando uma
certidão legal, era só viajar ao Uruguai, país onde há muito tempo já existia o
divórcio. Havia agências de turismo especializadas em levar brasileiros
desquitados que aqui eram impedidos de legalizar novas uniões.
Hoje, quem quiser fumar tranquilamente o seu baseado, tendo
até por perto a polícia para lhe dar segurança, basta viajar ao Uruguai, se
tiver dinheiro para isso.
O pequeno país que
antes se chamava Província Cisplatina, pertencendo ao Império brasileiro,
sempre foi mais ousado do que o vizinho
enorme no trato com questões que despertam acirradas polemicas.
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