sábado, 12 de setembro de 2015

UM PÉ DE MACONHA NO JARDIM ( 3 )



UM PÉ DE MACONHA NO JARDIM ( 3 )
A simples decisão de  descriminalizar o usuário da maconha, é, entre nós,  algo que gera muitas controvérsias e posições radicalizadas. Muitos vêm na medida uma capitulação do Estado diante de um pernicioso vício, quase uma aberração satânica. Enquanto defendem mais e mais repressão, as estatísticas que os organismos policiais não divulgam, demonstram que as apreensões de maconha e cocaína constantemente feitas e divulgadas nem chegam a 5% da droga consumida.
O STF arrasta-se num julgamento onde até agora três ministros votaram a favor da descriminalização. Faltam ainda os votos de oito ministros.   Os uruguaios, convivendo com a liberação da maconha, têm boas cifras a comemorar, como a  redução da criminalidade, e a apreensão cada vez maior de outras drogas proibidas como  o crack, por exemplo. Por outro lado, não cresceu exponencialmente o consumo da maconha, como apregoavam os que se opunham à liberação.
Nessas questões polêmicas que envolvem idéias pré-estabelecidas e muitas vezes radicalizadas, sustentadas por argumentos de natureza moral, ética ou religiosa, é comum que se registrem exageros. Quando, depois de um longo parto,  foi aprovado o divórcio no Brasil, os antidivorcistas anunciaram o fim próximo da família, com o sumiço da instituição do matrimônio indissolúvel. Isso, como  constatamos agora, quase 40 anos depois, não aconteceu, até porque, os argumentos eram hipócritas.  Quem tinha dinheiro e se separava, se  quisesse casar de novo, ostentando uma certidão legal, era só viajar ao Uruguai,  país onde há muito tempo já existia o divórcio. Havia agências de turismo especializadas em levar brasileiros desquitados que aqui eram impedidos de legalizar novas uniões.
Hoje, quem quiser fumar tranquilamente o seu baseado, tendo até por perto a polícia para lhe dar segurança, basta viajar ao Uruguai, se tiver dinheiro para isso.
O  pequeno país que antes se chamava Província Cisplatina, pertencendo ao Império brasileiro, sempre foi mais ousado  do que o vizinho enorme no trato com questões que despertam acirradas polemicas.

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